Remédios para emagrecer: quais são os melhores?

Nos últimos anos, novos medicamentos para o tratamento do sobrepeso e da obesidade têm surgido, com maior eficácia na perda de peso e melhor perfil de efeitos colaterais.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Remédios para emagrecer

Tempo de leitura estimado do artigo: 9 minutos

Introdução

O tratamento da obesidade com medicamentos pode ser uma boa opção quando associado a modificações da dieta, do padrão de atividade física e de hábitos de vida.

No entanto, historicamente, o papel dos remédios para perda de peso sempre foi questionado devido a preocupações com a eficácia, segurança e pela observação de que a maioria dos pacientes acabava por recuperar o seu peso quando os fármacos eram interrompidos.

Nos últimos anos, porém, o número de fármacos aprovados para o tratamento da obesidade e do sobrepeso aumentou de forma considerável, vários deles com resultados bastante animadores.

Neste artigo explicaremos quais são as principais opções de remédios para perder peso e quando o seu uso está indicado.

Objetivos do tratamento medicamentoso para a perda de peso

Todo paciente submetido a tratamentos para perda de peso deve ser orientado pelo médico a ter um objetivo factível. O desfecho ideal do tratamento da obesidade é um retorno ao peso corporal normal, mas isso não é realista em muitos casos sem ajuda de medicamentos ou da cirurgia bariátrica. Pelo menos a curto prazo.

Quando pacientes obesos são questionados antes do início do tratamento sobre quantos quilos eles gostariam de perder, e esse valor é comparado com o peso real perdido ao longo do primeiro ano, na maioria dos casos, o peso perdido fica bem aquém daquele desejado.

Portanto, o médico e o paciente precisam chegar a um entendimento mútuo sobre as reais possibilidades de perda de peso para não haver frustrações ao final de alguns meses. O tratamento precisa ser visto como uma maratona e não como uma corrida de 100 metros rasos.

No tratamento medicamentoso da obesidade, perdas de 10 a 25% do peso corporal são consideradas excelentes resultados, mesmo que o paciente ainda se encontre longe do peso sonhado. Na verdade, perdas acima de 5% do peso corporal já são suficientes para reduzir substancialmente o risco de diabetes, hipertensão arterial e outras doenças cardiovasculares.

É sempre importante pontuar que existe uma diferença grande entre a perda de peso ideal para melhorar a saúde e a perda de peso necessária para se atingir o atual padrão de beleza imposta pela mídia.

Isso não significa que a longo prazo o paciente não possa continuar perdendo peso e, eventualmente, alcançar o peso ideal para sua altura (veja: Calculadora online de peso ideal). Significa apenas que o objetivo inicial não deve ser demasiadamente otimista para não gerar frustrações com um resultado bom.

O que o paciente precisa saber antes do início do tratamento?

Ao iniciar a medicação anti-obesidade, várias mensagens importantes devem ser passadas aos pacientes.

Primeiro, nem todos os medicamentos funcionam para todos os pacientes; as respostas individuais variam muito.

Em segundo lugar, quando o efeito terapêutico máximo é alcançado, um platô é atingido e a perda de peso cessa. Isso não significa que o medicamento deixou de funcionar. Significa simplesmente que serão necessárias estratégias adicionais para induzir uma perda de peso adicional. Essa informação é importante porque uma perda de peso sustentada a longo prazo raramente ocorre com apenas um tipo de tratamento.

Finalmente, quando a terapia medicamentosa é descontinuada, pode-se esperar um reganho de peso, principalmente se não houve uma reeducação alimentar e mudanças nos hábitos de vida relacionadas à atividade física.

Indicações para o uso de remédios para emagrecer

Todos os pacientes com excesso de peso devem, antes de iniciarem remédios, estabelecer uma dieta adequada, uma programação de exercícios físicos e mudanças nos hábitos de vida.

No final das contas, perder peso é uma simples conta aritmética: calorias gastas menos calorias consumidas. Se você ingere mais calorias do que gasta, não existe tratamento que o faça emagrecer. Não existe remédio milagroso e não existe perda de peso sem esforço.

Não é boa prática médica indicar fármacos para emagrecer para pacientes que não fazem dietas e/ou exercícios físicos. Medicação anti-obesidade não pode ser vista como um simples atalho até o objetivo.

Atualmente, indica-se o uso de medicamentos para emagrecer em todos os pacientes que já estejam sob dieta, exercícios físicos e se encaixem nos seguintes critérios:

Para saber qual é o seu índice de massa corporal (IMC), acesse: Calculadora online IMC (índice de massa corporal).

Remédios para perder peso

Liraglutida

A liraglutida (vendida sob os nomes comerciais Victoza® ou Saxenda®) é um medicamento antidiabético da classe dos agonistas dos receptores do GLP-1 que deve ser administrado como uma injeção subcutânea de 3 mg, uma vez por dia.

Suas ações incluem:

  • Bloqueio da liberação de glicose do fígado.
  • Redução da absorção de glicose pelo trato gastrointestinal.
  • Estimulo à liberação de insulina.
  • Diminuição do apetite.

A liraglutida costuma ser indicada para o tratamento da obesidade em adultos com índice de massa corporal (IMC) maior que 27 kg/m² que tenham pelo menos uma comorbidade relacionada ao peso, como, por exemplo, hipertensão, diabetes tipo 2 ou dislipidemia.

A principal indicação do fármaco são os pacientes com obesidade e diabetes tipo 2. Pacientes obesos sem diabetes também podem utilizar o medicamento, mas eles não costumam tolerar doses muito altas por conta de efeitos colaterais, principalmente náuseas e vômitos.

Para reduzir a incidência de efeitos adversos, a dose inicial do medicamento deve ser 0,6 mg na primeira semana, com incrementos de 0,6 mg a cada nova semana até atingir a dose alvo de 3 mg por dia.

A média de perda de peso com a liraglutida é de 4 a 8 kg após 16 semanas de tratamento e de 10 a 13 kg após 6 meses, quando associado a dieta e exercício físico. Mesmo naqueles que não toleram a dose máxima do medicamento, a perda de peso ainda ocorre.

Semaglutida

A semaglutida (vendida sob os nomes comerciais Ozempic®, Rybelsus® ou Wegovy®) é um medicamento da mesma classe da liraglutida. Sua grande vantagem em relação à liraglutida é a posologia de uma administração subcutânea de 2,4 mg por semana.

Para reduzir a incidência de efeitos colaterais, a semaglutida deve ser iniciada com o seguinte esquema:

  • Semana 1 a semana 4: 0,25 mg uma vez por semana.
  • Semana 5 até a semana 8: 0,5 mg uma vez por semana.
  • Semana 9 até a semana 12: 1 mg uma vez por semana.
  • Semana 13 até a semana 16: 1,7 mg uma vez por semana.
  • Semana 17 em diante: 2,4 mg uma vez por semana.

Se a dose alvo de 2,4 mg por semana não for tolerada, pode-se diminuir temporariamente a dosagem para 1,7 mg uma vez por semana por até 4 semanas adicionais, para só então aumentar novamente para 2,4 mg uma vez por semana.

Quando utilizada com mudanças de estilo de vida, a semaglutida 2,4 mg subcutânea semanalmente pode resultar em perda de peso de até 10 a 15 kg após 60 semanas. Cerca de 75% referem efeitos colaterais gastrointestinais, mas poucos precisam interromper o tratamento.

Atualmente, a semaglutida é o fármaco de escolha para perda de peso, por ter posologia mais confortável que a liraglutida (uma vez por semana contra uma vez por dia) e por apresentar nos estudos maior eficácia no tratamento a longo prazo.

Temos um texto exclusivo sobre a semaglutida, que pode ser acessado pelo link: Informações sobre Semaglutida (Ozempic, Wegovy e Rybelsus).

Dulaglutida

A dulaglutida (comercializada sob a marca Trulicity®) é um medicamento antidiabético também pertencente à classe dos agonistas dos receptores do GLP-1, usado para o controle do diabetes tipo 2. Assim como a semaglutida, a dulaglutida também tem uma posologia conveniente de uma injeção subcutânea, geralmente de 0,75 mg ou 1,5 mg, uma vez por semana, o que pode melhorar a adesão ao tratamento em alguns pacientes.

As ações da dulaglutida são semelhantes às da liraglutida e da semaglutida.

A administração da dulaglutida inicia-se geralmente com uma dose de 0,75 mg uma vez por semana. Dependendo da resposta e da tolerância do paciente ao medicamento, a dose pode ser aumentada para 1,5 mg uma vez por semana para alcançar um controle glicêmico mais efetivo. Em alguns casos, doses mais altas, como 3 mg ou 4,5 mg, podem ser utilizadas.

No contexto de perda de peso, os pacientes podem esperar uma redução modesta, mas significativa, no peso corporal, especialmente quando combinada com mudanças de estilo de vida, como dieta e exercícios físicos. A perda de peso média observada com a dulaglutida é geralmente de 2 a 5 kg após 26 semanas de tratamento, embora a variação possa ser maior dependendo do indivíduo e da adesão às mudanças de estilo de vida.

Como com outros agonistas do GLP-1, os efeitos colaterais da dulaglutida podem incluir náuseas, vômitos e diarreia. Estes são mais comuns no início do tratamento e tendem a diminuir com o tempo. Para minimizar o risco de efeitos colaterais, é importante seguir a posologia recomendada e consultar o médico regularmente para monitoramento e ajustes de dose.

Tirzepatida

A tirzepatida, vendida sob o nome comercial Mounjaro®, é um medicamento agonista do receptor GLP-1 e do Peptídeo inibidor gástrico (GIP) administrado por injeção subcutânea uma vez por semana.

Esse novo fármaco é eficaz no tratamento da obesidade em pacientes com e sem diabetes mellitus e apresenta um grande potencial de redução do peso, chegando a 22 kg em um estudo publicado em junho de 2022. As doses mais utilizadas nos estudos foram de 5 mg, 10 mg ou 15 mg. 

Os efeitos adversos mais frequentemente relatados da tirzepatida foram náuseas, diarreia e constipação intestinal. Estes efeitos indesejados foram mais comuns nas doses mais altas do medicamento.

Por ser um fármaco novo, o seu uso exclusivamente para o tratamento da obesidade ainda não foi aprovado pelas principais agências reguladoras de medicamentos do mundo (só para o tratamento do diabetes mellitus). No entanto, devido aos excelentes resultados dos estudos mais recentes, é possível que muito em breve esse medicamento torne-se primeira linha no tratamento da obesidade.

Explicamos a tirzepatida no artigo: Tirzepatida (Mounjaro): o que é, para que serve e como tomar.

Fentermina-Topiramato

A combinação de fentermina-topiramato em comprimidos de liberação prolongada, vendida sob o nome comercial Qsymia®, é uma opção de tratamento do sobrepeso para homens ou mulheres pós-menopausa que não têm acesso ou que toleram a terapia agonista do receptor GLP-1 (semaglutida ou liraglutida).

A dose inicial recomendada é de fentermina 3,75 mg/topiramato 23 mg uma vez ao dia durante 14 dias. Após as primeiras 2 semanas, aumentar a dose para 7,5 mg de fentermina e 46 mg de topiramato uma vez ao dia por 12 semanas.

Se após 12 semanas uma perda de 3% no peso corporal básico não for alcançada, a dose pode ser aumentada para 11,25/69 mg por 14 dias e depois para 15/92 mg uma vez por dia.

Se o paciente não perder 5% do peso corporal após 12 semanas na dose mais alta, a fentermina-topiramato deve ser descontinuada gradualmente, já que a retirada abrupta do topiramato pode causar convulsões.

A combinação fentermina-topiramato resulta em perda média de 8 a 12 kg após 1 ano de uso.

Os efeitos adversos mais comuns do Qsymia® são aumento da frequência cardíaca, aumento da incidência de eventos adversos psiquiátricos, como depressão ou ansiedade e distúrbio na atenção.

Algumas considerações importantes:

  • Porque o topiramato é eficaz no tratamento de enxaquecas, o Qsymia® deve ser usado preferencialmente em pacientes obesos e com histórico de enxaqueca.
  • A fentermina-topiramato deve ser evitada em pacientes com histórico de hipertensão mal controlada ou doenças cardiovasculares.
  • O topiramato é teratogênico e deve ser evitado em mulheres em idade fértil.
  • A pressão arterial e a frequência cardíaca devem ser monitoradas periodicamente durante o tratamento.
  • Fentermina-topiramato também é contraindicada durante a gravidez e em pacientes com hipertireoidismo, glaucoma ou tomando inibidores da MAO.

Bupropiona-naltrexona

A combinação de bupropiona-naltrexona, vendida sob os nomes comerciais Mysimba® ou Contrave®, foi aprovada para o tratamento do sobrepeso e da obesidade em 2014.

A bupropiona é um inibidor da dopamina utilizado para o tratamento da depressão e para cessação do tabagismo. Já a naltrexona é um antagonista do opiáceo receptor usado para tratar a dependência do álcool e de opiáceos.

A combinação bupropiona-naltrexona não é geralmente usada como terapia farmacológica de primeira linha para o tratamento da obesidade devido à incerteza sobre a sua segurança cardiovascular, mas pode ser considerada para pacientes nos quais a terapia agonista GLP-1 não é apropriada, acessível ou tolerada.

A associação bupropiona-naltrexona pode, entretanto, ser uma opção razoável para um indivíduo que fuma, tem obesidade e deseja terapia farmacológica para o tratamento de ambos.

Além disso, a combinação pode ter um benefício para pessoas com excesso de consumo calórico por beber álcool, dada a indicação da naltrexona para o tratamento do transtorno do uso de álcool.

A dose inicial recomendada é de um comprimido (8 mg de naltrexona e 90 mg de bupropiona) diariamente. Após uma semana, a dose deve ser aumentada para um comprimido duas vezes ao dia e, na quarta semana, para dois comprimidos duas vezes ao dia.

A combinação de bupropiona-naltrexona demonstrou reduzir o peso em aproximadamente 4 a 5%.

Entre os efeitos adversos mais comuns, podemos citar náuseas, dor de cabeça e prisão de ventre. Outros efeitos adversos incluem insônia, vômitos, tonturas e boca seca.

A segurança cardiovascular da bupropiona-naltrexona ainda não foi estabelecida.

Considerações importantes:

  • A associação bupropiona-naltrexona pode ser considerada para o tratamento do excesso de peso ou obesidade em pacientes que estão tentando parar de fumar ou em pacientes com depressão.
  • Como a bupropiona reduz o limiar para as crises convulsivas, a associação bupropiona-naltrexona deve ser evitada em pacientes com distúrbios convulsivos e usada com cautela nos pacientes em risco de convulsões.
  • A associação bupropiona-naltrexona não deve ser usada concomitantemente com medicamentos opiáceos.
  • A pressão arterial e a frequência cardíaca devem ser monitoradas periodicamente enquanto se toma bupropiona-naltrexona, especialmente nas primeiras 12 semanas de tratamento.

Contraindicações incluem gravidez, hipertensão descontrolada, distúrbios convulsivos, distúrbios alimentares, uso de outros produtos contendo bupropiona, uso de opioides, disfunção hepática grave e uso dentro de 14 dias após a ingestão de inibidores da MAO.

Orlistat

O Orlistat é um medicamento que age inibindo a absorção de gordura pelo intestino. O uso contínuo de Orlistat faz com que pelo 1/3 das gorduras ingeridas não sejam absorvidas, sendo assim eliminadas pelas fezes.

Estudos mostram que o Orlistat ajuda a perder em média 3 a 9% do peso após um ano de tratamento. Esse efeito é um pouco menor que os dos fármacos citados anteriormente, motivo pelo qual a última guideline sobre o tratamento farmacológico da American Gastroenterological Association não recomenda o seu uso como fármaco de primeira linha.

O Orlistat apresenta a vantagem de agir nos níveis de colesterol, podendo haver uma redução de até 10% nos valores do LDL, o colesterol ruim.

Entre os efeitos colaterais mais comuns estão excesso de gases, cólicas abdominais, gotas de gordura nas fezes e incontinência fecal. Geralmente, esses efeitos são piores se o paciente não estiver controlando a ingestão de gorduras. Uma dieta com no máximo 30% de gorduras não costuma causar esses efeitos adversos.

Outros efeitos colaterais são a diminuição na absorção de algumas vitaminas, como as vitaminas A, D, E e K (leia: Vitaminas: mitos, carência e superdosagem) e um maior risco de desenvolver cálculos renais.

O Orlistat não altera a absorção da maioria dos medicamentos, incluindo anticoncepcionais, anti-hipertensivos, anticoagulantes, antiepiléticos e digoxina, por exemplo.

Para saber mais detalhes sobre o Orlistat, leia: Orlistat (Xenical): como tomar e como funciona.

Outros remédios que podem ajudar na perda de peso

Os medicamentos de primeira e segunda linha mais indicados pelos guidelines internacionais para o tratamento da obesidade são os 6 abordados anteriormente. Todavia, existem ainda alguns medicamentos, indicados para outras doenças, que podem causar perda de peso como efeito secundário.

Os medicamentos listados abaixo não devem ser prescritos unicamente para emagrecimento e não apresentam resultados tão satisfatórios como as drogas descritas anteriormente:

Medicamentos não indicados para o tratamento da obesidade

Sibutramina

A sibutramina é um moderador de apetite e auxilia na perda de peso por agir diretamente sobre neurotransmissores cerebrais responsáveis pela sensação de saciedade, entre eles, serotonina, dopamina e noradrenalina. A sibutramina faz com que esses neurotransmissores permaneçam mais tempo circulando no cérebro, fazendo com que o paciente consiga permanecer mais tempo sem ter vontade de comer.

Estudos mostram que, se associados a dieta e a exercícios físicos, a sibutramina ajuda a perder em média 10 kg após um ano de tratamento.

No entanto, a venda da sibutramina foi proibida em vários países, incluindo EUA, União europeia, Austrália, Canadá, China, Reino Unido, México, Índia, Filipinas e Tailândia, por estar associada a um aumento de eventos cardiovasculares.

Nos últimos guidelines internacionais sobre o tratamento da obesidade, a sibutramina nem mais é citada como opção de tratamento.

Para saber mais detalhes sobre a sibutramina, leia: Sibutramina (Reductil®): efeitos e contraindicações

Femproporex

O Femproporex é um derivado da anfetamina que age no sistema nervoso central, nomeadamente no hipotálamo, diminuindo a fome. É, portanto, uma droga inibidora do apetite.

Muito utilizado no passado, o femproporex é proibido na maioria dos países (no Brasil desde 2011). O medicamento é muito efetivo, entretanto, o fato de ter propriedades estimulantes, reduzindo o sono e aumentando a sensação de bem-estar, faz com que a mesma seja irresponsavelmente usada como droga recreativa (a famosa bolinha).

Entre os efeitos colaterais mais comuns estão: boca seca, insonia, tremores e irritabilidade. Os derivados da anfetamina também causam aumento da pressão arterial e aceleração dos batimentos cardíacos.

Anfepramona (dietilpropiona)

A Anfepramona age de modo semelhante ao Femproporex, porém é um inibidor do apetite menos potente. Ao contrário do Femproporex, a Anfepramona é comercializada legalmente em outros países, como EUA, Canadá, Austrália e Suíça.

A Anfepramona apresenta efeitos colaterais muito parecidos com o Femproporex e também é usada inapropriadamente como droga recreativa.

Mazindol

O Mazindol é mais um medicamento anorexígeno com ação semelhante às anfetaminas (apesar de não ser derivado da anfetamina), estimulando o sistema nervoso central e agindo sobre a saciedade. Possui efeitos colaterais semelhantes às duas drogas descritas acima.

Lorcaserin

Em fevereiro de 2020, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA solicitou ao fabricante da lorcaserin que retirasse voluntariamente o medicamento do mercado americano devido a dados de ensaios clínicos que mostravam um aumento na ocorrência de câncer.

Em um estudo randomizado incluindo 12.000 pacientes acompanhados por cinco anos, mais pacientes que tomaram lorcaserin desenvolveram doenças malignas (incluindo câncer colorretal, pancreático e de pulmão).

Suplementos dietéticos

Suplementos dietéticos de venda livre são amplamente usados ​​por indivíduos que tentam perder peso, mas as evidências para apoiar sua eficácia e segurança são limitadas.

Os médicos devem alertar os pacientes contra o uso de suplementos dietéticos de venda livre específicos para perda de peso e devem monitorar aqueles que optam por usá-los.

Testes de laboratório da FDA em 2017 revelaram a presença de sibutramina, femproporex, fluoxetina, bumetanida, furosemida, fenitoína, rimonabanto, cetilistato e fenolftaleína em produtos para perda de peso vendidos sem receita. Dois suplementos dietéticos compostos importados do Brasil, Emagrece Sim e suplemento dietético Herbathin, mostraram conter na sua fórmula medicamentos prescritos, incluindo anfetaminas, benzodiazepínicos e fluoxetina.

Além disso, um estudo de duas preparações para perda de peso contendo laranja-amarga (Citrus aurantium), uma fonte botânica de sinefrina, mostrou um aumento da frequência cardíaca e na pressão arterial. Esses efeitos cardiovasculares foram postulados como relacionados à cafeína e outros estimulantes nas formulações multicomponentes. O uso de Garcinia cambogia foi associado à insuficiência hepática.

A efedra e os alcalóides da efedra (Ma huang) são um grupo de moléculas semelhantes à efedrina encontradas nas plantas. A efedrina estimula a perda de peso, pelo menos em parte, aumentando a termogênese e reduzindo a ingestão de alimentos. Por questões de segurança, a efedrina com ou sem cafeína e os alcaloides da efedrina não foram aprovados para o tratamento da obesidade e foram removidos do mercado.

Gonadotrofina coriônica humana (hCG) para perda de peso

Embora injeções de gonadotrofina coriônica humana (hCG) tenham sido anunciadas para auxiliar na perda de peso, os ensaios clínicos não sustentam essa afirmação. Também estão disponíveis gotas dietéticas de hCG por via oral ou sublingual.

Vários estudos randomizados mostraram que a hCG não é mais eficaz do que o placebo no tratamento da obesidade.

Cálcio

Embora os dados epidemiológicos sugiram que a suplementação de cálcio pode estar associada à perda de peso, uma meta-análise de ensaios randomizados avaliando o efeito do cálcio (por meio de suplementação ou ingestão de alimentos lácteos) no peso corporal não relatou nenhum efeito significativo do cálcio na perda de peso.

Remédios naturais ou caseiros para emagrecer

Não existem evidências científicas que comprovem a eficácia ou segurança dos inúmeros produtos vendidos como “opções naturais” para perda de peso.

As substâncias listadas a seguir são frequentemente vendidas como “remédios naturais para perder peso”, porém não apresentam comprovação científica:

  • Pholia magra.
  • Pholia negra.
  • Gymnema silvestre.
  • Ephedra.
  • Guar gum.
  • Chitosan.
  • Ginseng.
  • Erva-de-são-joão.
  • Chá-verde.
  • Hoodia gordonii.
  • Psyllium.
  • Ácido Hidroxicítrico.
  • Glucomannan.
  • L-carnitina.
  • Maca peruana.

É preciso ter muito cuidado com produtos vendidos como milagrosos emagrecedores. Muitos deles contêm escondidos em suas fórmulas medicamentos como anfetamina, diuréticos, hormônios tireoidianos, fluoxetina, ansiolíticos e efedrina.

Suplementos termogênicos

Suplementos termogênicos são substâncias que ajudam a acelerar o metabolismo e a aumentar a temperatura corporal, auxiliando na queima de gorduras e na perda de peso. Historicamente, os termogênicos eram produtos à base de anfetaminas e cafeína, porém, nos últimos anos, as substâncias derivadas da anfetamina foram banidas do mercado.

Temos um artigo específico sobre os termogênicos, que pode ser acessado através do seguinte link: Termogênicos – Riscos e efeitos colaterais.

Conclusão

Não existe droga milagrosa, assim como não existe perda de peso sem esforço. Qualquer tratamento que prometa redução do peso de modo rápido e fácil deve ser encarado como fraude. Além de gastar seu dinheiro, você ainda pode estar consumindo substâncias que façam mal.

O tratamento com remédios para perda de peso deve ser realizado somente com orientação médica e nunca sem um programa nutricional e de exercícios físicos associados. Se o paciente não estiver disposto a controlar seu consumo de calorias e a aumentar seu gasto calórico através de atividades físicas, a chance de sucesso é muito reduzida.

Nos últimos anos, novos medicamentos têm surgido, com maior eficácia na perda de peso e melhor perfil de efeitos colaterais. Fármacos como liraglutida (Saxenda®), dulaglutida (Trulicity®), semaglutida (Ozempic®, Wegovy® e Rybelsus®) e tirzepatida (Mounjaro®) têm se tornado a primeira opção de tratamento farmacológico para a maioria dos pacientes que precisam emagrecer.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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