O que são as vitaminas?
Chamamos de vitaminas o grupo de compostos químicos orgânicos que são essenciais à vida, mas que o nosso organismo não consegue sintetizar em quantidades suficientes, sendo necessária a sua obtenção através de alimentos, de origem animal ou vegetal.
As vitaminas são necessárias em pequenas quantidades para o metabolismo normal do corpo. Tanto a carência de vitaminas quanto o seu excesso costumam ser prejudicais à nossa saúde.
O que é considerado vitamina para algumas espécies, pode não ser para outras. Por exemplo, répteis e algumas aves conseguem produzir todo o ácido ascórbico (vitamina C) que precisam a partir dos rins, não sendo esse composto, portanto, considerado uma vitamina para essas espécies.
Nos mamíferos, o gene responsável pela produção de ácido ascórbico sofreu mutações ao longo do processo evolutivo e perdeu essa capacidade. Porque nós não produzimos a vitamina C, mas precisamos ir buscá-la nos alimentos para sobreviver, ela é considerada uma vitamina.
Como os seres humanos não sintetizam vitaminas (exceto alguma quantidade de vitamina D e vitamina B7), nós dependemos exclusivamente da alimentação para conseguir os níveis necessários.
Quais são as vitaminas?
Cada vitamina tem estrutura e função diferente no organismo. São 13 as vitaminas:
- A – Retinol.
- B1 – Tiamina.
- B2 – Riboflavina.
- B3 – Niacina.
- B5 – Ácido pantotênico.
- B6 – Piridoxina.
- B7 – Biotina.
- B9 – Ácido fólico.
- B12 – Cianocobalamina.
- C – Ácido ascórbico.
- D – Calciferol.
- E – Tocoferol.
- K – Filoquinona.
Vitaminas hidrossolúveis e lipossolúveis
As vitaminas são divididas em dois grupos: hidrossolúveis e lipossolúveis.
As lipossolúveis são armazenadas no tecido gorduroso (adiposo) para que o organismo possa usá-las quando necessitar. Praticamente não há excreção dessas vitaminas, tudo que é ingerido e não aproveitado no momento, é estocado para momentos de escassez.
São vitaminas lipossolúveis as A, D, E e K.
As hidrossolúveis como o próprio nome indica, diluem-se na água e são facilmente excretadas na urina. Praticamente não há armazenamento destas no organismo e todo o excesso é eliminado.
São vitaminas hidrossolúveis a família da vitamina B e a vitamina C.
Se por um lado as vitaminas lipossolúveis têm a vantagem de poderem ser armazenadas, por outro, como não são eliminadas pela urina, uma ingestão em excesso pode levar a um quadro de hipervitaminose, que é um tipo de intoxicação que pode até levar à morte.
A deficiência de vitaminas pode ocorrer por falta de ingestão adequada ou por algum distúrbio que impeça a sua absorção e utilização, ocasionando sua eliminação nas fezes.
Vitamina A
Fontes: encontrada em cenouras, ovos, leite, peixes, frutas amarelas, brócolis, espinafre e fígado.
Deficiência: causa cegueira, lesões de pele e alterações no crescimento ósseo.
Intoxicação: provoca náuseas, vômitos, distúrbios neurológicos, hepatite, queda de cabelo.
Suplementação excessiva de vitamina A parece estar relacionada ao aumento da incidência de alguns cânceres, como o de pulmão em fumantes.
Recomendações: não há indicações para suplementação de vitamina A a não ser que haja evidências de sua deficiência ou doenças que predisponham a mesma como fibrose cística, doença de Crohn, insuficiência pancreática e doença celíaca.
Vitamina D
Fontes: Peixes, leite, ovos, fígado e através da exposição ao sol.
Deficiência: provoca osteomalácia (ossos fracos) nos adultos e raquitismo nas crianças.
Intoxicação: causa excesso de cálcio sanguíneo, lesão renal, lesão óssea.
Recomendações: Como a principal fonte de vitamina D é produção pela pele através do estímulo da luz solar, é comum que idosos e pessoas com pouca exposição solar apresentam deficiência de vitamina D.
Nos pacientes com deficiência de vitamina D indicam-se doses de até 800 UI dia. Através de análises de sangue é possível monitorar os níveis e acertar a dose e o tempo de correção.
A vitamina D é produzida na pele, mas é ativada pelos rins. Pacientes com insuficiência renal grave necessitam de suplementos da forma ativada. A forma vendida nos multivitamínicos é a inativa e só funciona em pessoas com rins saudáveis.
Para saber detalhes sobre a vitamina D, leia: Vitamina D | Deficiência e suplementos.
Vitamina E
Fontes: óleos vegetais, nozes, castanha, avelã, espinafre, leite, arroz, pão, massas.
Deficiência: provoca alterações musculares, neurológica e morte prematura dos glóbulos vermelho (hemácias).
Intoxicação: não existe nenhuma síndrome bem caracterizada pela excesso de vitamina E. Porém, alguns trabalhos demonstraram uma maior mortalidade em pacientes que faziam complementação com vitamina E. Não há nenhuma causa específica de morte, nos estudos, as pessoas simplesmente viviam menos tempo que o grupo sem suplementação.
Recomendações: a vitamina E é das vitaminas mais facilmente encontrada em alimentos, por isso sua deficiência é rara. Só se indica suplementação naqueles com doenças que impedem a absorção da vitamina ingerida, tais como fibrose cística, doença de Crohn, insuficiência pancreática ou doença celíaca.
A vitamina E parece estimular a produção de espermatozoides e pode ser indicada no tratamento de infertilidade masculina.
Vitamina K
Fontes: folhas verdes, queijos, chocolate, frutas
Deficiência: a vitamina K é um importante fator da cascata da coagulação e sua deficiência causa hematomas, equimoses e hemorragias. Excesso de vitamina A e E podem inativar a vitamina K.
Intoxicação: provoca lesão no fígado e anemia.
Recomendações: a deficiência de vitamina K em adultos é rara e está relacionado a longos cursos de antibióticos e às doenças que impedem a absorção das vitaminas lipossolúveis já descritas acima.
Pacientes anticoagulados com varfarina que apresentam sangramentos podem ser tratados com doses de vitamina K.
Vitamina C
A família das vitaminas B e a vitamina C são hidrossolúveis e não acumulam no organismo. Por isso, é muito raro quadros de intoxicação.
Como não são estocadas no corpo, precisamos sempre estar consumido esses tipos de vitamina. Porém, por estarem presentes em vários alimentos, sua deficiência é rara e ocorre principalmente em pessoas desnutridas, alcoólatras ou toxicodependentes.
A doença provocada pela carência de vitamina C chama-se escorbuto e foi muito comum na época dos descobrimentos, quando os viajantes passavam vários meses no mar.
O escorbuto manifesta-se com hemorragias gengivais, alterações na cicatrização, lesões de pele e dores articulares.
Nos pacientes com alimentação normal, não há risco de carência. A sua suplementação não está indicada e consumo em excesso está associado a uma maior incidência de cálculos renais.
Não há comprovação científica de que a vitamina C previna gripes ou resfriados.
Falamos especificamente sobre a vitamina C em um artigo à parte: Vitamina C – Importância, efeitos e alimentos ricos.
Vitamina B
Antigamente, achávamos que a vitamina B fosse uma única substância. Porém, hoje sabemos que se trata de uma família de vitaminas, que podem estar presentes em vários alimentos.
As vitaminas do complexo B são:
- B1 – Tiamina.
- B2 – Riboflavina.
- B3 – Niacina.
- B5 – Ácido pantotênico.
- B6 – Piridoxina.
- B7 – Biotina.
- B9 – Ácido fólico.
- B12 – Cobalamina.
Doenças provocadas por carência de vitamina B
- Vitamina B1: Beriberi.
- Vitamina B3: Pelagra.
- Vitamina B9: Anemia megaloblástica e má formações fetais (defeitos na formação do tubo neural) – leia: Por que o ácido fólico é importante na gravidez?
- Vitamina B12: Anemia megaloblástica.
Mitos
Os benefícios das vitaminas são muito superestimados. Elas são necessárias para se ter saúde, mas doses acima do recomendado não trazem nenhum benefício, pelo contrário.
Os multi vitamínicos costumam ter doses baixas de cada vitamina. No final, não fazem mal, mas também não trazem nenhum benefício. São praticamente placebos.
Uma dieta normal provém quantidades suficientes de vitaminas, com a vantagem de também proporcionar outros nutrientes como proteínas, carboidratos, fibras, etc.
Muitas pessoas confundem os benefícios das vitaminas com os das proteínas, e acham que podem engordar ou ficarem mais fortes aumentando o consumo das mesmas.
Na verdade, as vitaminas não funcionam para nenhuma das indicações abaixo:
- Não dão “energia” ou “força”.
- Não combatem o estresse.
- Não previnem gripe.
- Não estimulam o apetite sexual.
- Não estimulam o cérebro.
- Não combatem o colesterol.
- Não melhoram cansaço físico ou mental.
- Não previnem doenças além daquelas causadas pela sua carência.
- Não melhoram o apetite.
- Não substituem exercícios físicos.
- Não engordam ou emagrecem.
- Não substituem uma refeição.
- Não melhoram a visão (a não ser que o problema visual seja provocado carência vitamínica).
Referências
- Vitamin supplementation in disease prevention – UpToDate.
- Overview of water-soluble vitamins – UpToDate.
- NIH State-of-the-Science Conference Statement on Multivitamin/Mineral Supplements and Chronic Disease Prevention – National Institutes of Health (NIH).
- 2015–2020 Dietary Guidelines for Americans – U.S. Department of Health and Human Services.
- Vitamins – common misconceptions – Department of Health & Human Services, State Government of Victoria, Australia.
Autor(es)
Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.