Candidíase em homens (balanopostite por Candida)

A balanopostite por Candida é um tipo de candidíase em homens que afeta a região genital. Os sintomas incluem coceira, vermelhidão e inchaço no pênis, além de corrimento branco.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Candidíase no homem

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O que é candidíase?

A Candida é um gênero de fungos que pode ser naturalmente encontrado na pele, boca, órgãos genitais ou trato gastrointestinal em até 80% da população. A espécie mais comum de Candida é a Candida albicans.

Em situações normais, a simples presença da Candida no nosso organismo não representa nenhum perigo. O nosso sistema imunológico é bastante eficaz em controlar a população desse fungo, fazendo com que ele exista apenas em pequena quantidade.

O problema com o fungo Candida surge quando o nosso sistema imunológico se encontra enfraquecido ou quando há uma súbita alteração na flora natural de bactérias da nossa pele, como nos casos de uso prolongado de antibióticos.

Essas alterações tornam o nosso organismo um ambiente mais propício para a proliferação da Candida, que passa a se reproduzir sem limitações, podendo infestar a pele e invadir tecidos mais profundos, provocando intensa reação inflamatória.

Candidíase é o termo que usamos para designar a infecção provocada pela invasão do fungo Candida. Ter Candida na pele de forma assintomática é, portanto, diferente de ter a doença candidíase. Colonização não é sinônimo de infecção.

A candidíase pode acometer diversos órgãos diferentes, sendo a pele, os órgãos genitais e a boca os sítios mais comuns. Em casos mais graves, que ocorre habitualmente em pacientes com imunossupressão severa, a Candida pode acometer órgãos internos, como esôfago, laringe, rins, coração e até o sistema nervoso central.

Nesse artigo falaremos somente sobre candidíase peniana ou candidíase masculina, que se manifesta como uma infecção da glande ou do prepúcio, chamadas, respectivamente, de balanite ou balanopostite por cândida.

Se você quiser mais informações sobre outras formas de candidíase, leia: Candidíase: o que é, sintomas e tipos.

O que é a balanite ou balanopostite por Candida?

Balanite e balanopostite são termos frequentemente tratados como sinônimos. No entanto, há uma pequena diferença.

Balanite é o nome dado a qualquer tipo de inflamação da glande, conhecida popularmente como cabeça do pênis. Quando o prepúcio, pele que recobre a glande, também se encontra inflamado, o quadro é conhecido como balanopostite.

Em homens incircuncidados (que nunca fizeram circuncisão), a inflamação da glande é quase sempre acompanhada de inflamação do prepúcio. Já em homens circuncidados, a não existência do prepúcio faz com que só seja possível haver balanite.

A partir deste ponto, para facilitar a explicação, utilizarei apenas o termo balanite, pois ele engloba homens circuncidados e incircuncidados.

A balanite por Candida é a infecção mais comum do pênis, sendo responsável por 25 a 50% dos casos de balanite. Ainda assim, mesmo sendo a causa mais comum de infecção peniana, a balanite por Candida é cerca de 10 vezes menos comum que a infecção vaginal por Candida.

A condição primordial para surgir a balanite por Candida é a colonização do pênis por esse fungo. Cerca de 20 a 25% dos homens apresentam o pênis colonizado por Candida. Obviamente, nem todos irão desenvolver infecção, cerca de 2/3 permanecem a vida toda como colonizados assintomáticos.

Como se pega a candidíase peniana?

Nos homens adultos, a principal origem da colonização pelo fungo Candida é atividade sexual desprotegida. Se a vagina da mulher estiver colonizada com grandes populações de Candida, durante o ato sexual, uma quantidade relevante do fungo pode ser transferida para o pênis, aumentando o risco de balanite.

No entanto, nem todos os casos de candidíase urogenital masculina tem origem sexual. Bebês e crianças também podem ter balanite fúngica. No paciente pediátrico, a aquisição de Candida albicans está relacionada com as condições de limpeza da pele e é frequentemente associada à dermatite das fraldas. Além disso, a infecção por Candida também está muitas vezes relacionada com o uso de antibióticos (antibióticos reduzem a população de bactérias da pele, que são germes que competem por alimentos com os fungos).

Fatores de risco para balanite por Candida

O desenvolvimento ou não da candidíase peniana no paciente colonizado dependerá da capacidade do sistema imunológico em lidar com essa grande população de fungo vivendo na pele. Portanto, não basta ter a Candida na genitália, é preciso que o fungo se sinta livre para se multiplicar.

A balanite tem uma grande variedade de causas, mas a maioria dos casos está relacionada com uma higiene inadequada em homens incircuncidados. Quando o prepúcio não é rotineiramente retraído e a glande não é limpa de maneira apropriada, pode ocorrer acúmulo de suor, detritos e restos de pele morta, criando um ambiente extremamente propício para proliferação de fungos e desenvolvimento de inflamação.

Não surpreende, portanto, o fato do risco de balanite por Candida ser menor em homens circuncidados (leia: Circuncisão: riscos e benefícios).

Além da má higiene do pênis, alguns outros fatores aumentam o risco do surgimento da candidíase peniana, são eles:

Sintomas

Como já referido, a infecção peniana pela Candida se manifesta habitualmente como uma balanite ou balanopostite.

Os sintomas mais comuns da candidíase no homem são a vermelhidão, inchaço, coceira e dor na glande.

Placas brancas, semelhantes às que ocorrem na língua na candidíase oral, também são comuns no pênis. As lesões podem causar coceira e frequentemente há ardência após o ato sexual. Também é comum o surgimento de pequenas bolhas, úlceras, feridas, descamação da pele ou corrimento purulento pela uretra.

Fotos de Candidíase em homem
Balanite por candida

Nos pacientes incircuncidados, pode haver também uma secreção espessa e com odor desagradável sob o prepúcio.

Em resumo, os sintomas da candidíase masculina são:

  • Queimação e coceira ao redor da cabeça do pênis, que pioram após o ato sexual.
  • Vermelhidão e inchaço na glande.
  • Pequenas pápulas avermelhadas na glande.
  • Dor durante a micção.
  • Placas brancas ao redor da glande.
  • Secreção espessa e irregular sob o prepúcio.
  • Odor desagradável no prepúcio.
  • Dificuldade em retrair o prepúcio.

A fimose ou a parafimose são complicações possíveis, pois a balanite por Candida não tratada pode levar à formação de cicatrizes no pênis, tornando o prepúcio mais apertado e menos retrátil.

O diagnóstico da candidíase pode ser confirmado através da raspagem de uma pequena amostra da lesão, que levada ao microscópio permite a identificação das leveduras da Candida.

Tratamento

O tratamento da candidíase em homens pode ser feito com antifúngicos em creme ou pomada.

As melhores opções de tratamento da candidíase peniana são:

  • Clotrimazol creme 1%, duas vezes ao dia, por 1 a 3 semanas.
  • Miconazol creme 2%, duas vezes ao dia, por 1 a 3 semanas.
  • Miconazol e hidrocortisona creme 1%, duas vezes ao dia, por 2 a 5 semanas.
  • Nistatina creme 100.000 UI/g, uma ou duas vezes ao dia por 1 a 3 semanas.

Uma opção mais simples consiste no fluconazol, comprimido de 150 mg, tomado em dose única.

Nos casos mais graves, as melhores opções são o miconazol + hidrocortisona em creme 1% ou o fluconazol em comprimido.

Em alguns casos, a candidíase peniana pode ser o primeiro sintoma de um diabetes mellitus se instalando. Se o paciente não apresenta nenhum fator de risco óbvio para a candidíase, uma avaliação da sua glicose sanguínea deve ser solicitada.

As parceiras sexuais femininas de homens com balanite por cândida devem fazer testes para candidíase, ou podem optar por tratamento empírico para reduzir a probabilidade de reinfecção.

Se o paciente apresenta balanite recorrente, uma opção para reduzir os episódios é a realização da circuncisão.

Os pacientes podem tomar iogurte contendo lactobacillus como uma tentativa de diminuir a colonização por Candida. Embora não existam estudos com lactobacillus especificamente para tratamento ou prevenção da balanite por Candida, dado que existem estudos mostrando diminuição da colonização por Candida no reto e na vagina, existe uma base teórica para sua utilidade. Pode não funcionar, mas mal não faz.

Terapias alternativas com agentes fitogênicos, incluindo alho, calêndula, banho de assento com vinagre de maça ou camomila, chá de poejo, óleo de orégano ou goldenseal (Hydrastis canadensis), não apresentam dados confiáveis mostrando eficácia.

Dúvidas comuns

Quanto tempo demora a passar candidíase masculina?

Em geral, com tratamento adequado, o paciente apresenta melhora significativa dos sintomas com cerca de 7 dias.

A candidíase peniana pode melhorar sozinha, mesmo sem tratamento?

Nos casos mais leves, sim. Mas a recorrência é bastante comum.

Depois do tratamento, é possível a candidíase voltar?

Sim, cerca de 10% dos pacientes apresentam candidíase peniana recorrente, mesmo com tratamento adequado.

Qual remédio caseiro é bom para candidíase no homem?

Não há nenhum tratamento caseiro cuja eficácia tenha sido comprovada em estudos clínicos controlados.

A balanite por Candida pode ser transmitia para as mulheres?

A Candida pode ser transmitida sexualmente. Se a mulher depois irá desenvolver vaginite por Candida depende de fatores específicos de cada paciente, explicados no artigo: Candidíase vaginal: como se pega, sintomas e tratamento.

Quando o homem desenvolve balanite por Candida, sua parceira sexual deve ser tratada também?

Não é obrigatório, mas o tratamento da parceira costuma ajudar a prevenir infecção na mulher e recorrências no homem.

Iogurte natural trata candidíase no homem?

Iogurte com lactobacillus pode ajudar a reduzir a colonização de Candida, mas sozinho é pouco provável que seja suficiente para curar uma infecção.

Qual é a melhor pomada para candidíase peniana?

Clotrimazol a 1% ou miconazol 2% são as pomadas mais indicadas. Outra opção é Nistatina 100.000 UI/g.

O que fazer se a pomada não resolver?

Casos que não respondem ao tratamento com pomadas devem ser tratados com fluconazol, comprimido de 150 mg, tomado em dose única.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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