O que é o metronidazol?
O metronidazol, também conhecido pelo nome comercial Flagyl, é um antibiótico muito utilizado no tratamento de infecções causadas por bactérias anaeróbicas e por alguns protozoários.
O metronidazol pode ser usado para tratar desde infecções gastrointestinais graves em pacientes hospitalizados até infecções vaginais relativamente simples em mulheres saudáveis.
O metronidazol pode ser encontrado sob a forma de comprimidos, creme ou gel vaginal. O benzoilmetronidazol é um derivado do metronidazol, com as mesmas funções e efeitos, que também pode ser encontrado sob as formas de comprimidos, creme ou gel.
A grande diferença entre o metronidazol e o benzoilmetronidazol é o fato deste último ser insolúvel em água, podendo, portanto, ser comercializado sob a forma de suspensão oral (xarope).
Este artigo se propõe a ser uma bula do metronidazol voltada para o público leigo. Explicaremos de forma acessível os seguintes pontos sobre o metronidazol: para que serve, nomes comerciais, apresentações disponíveis no mercado, como usar, efeitos colaterais, contraindicações e principais interações medicamentosas.
Nomes comerciais
O metronidazol e o benzoilmetronidazol são medicamentos já comercializados sob a forma genérica. Entre os nomes comerciais disponíveis no mercado, podemos citar alguns:
- Flagyl.
- Helmizol.
- Meflagin.
- Neo Metrodazol.
- Terconazol.
- Rozex.
O metronidazol sob a forma de creme vaginal pode ser comercializado em associação com a nistatina, um antifúngico com ação contra a candidíase vaginal. Algumas marcas disponíveis no mercado são:
- Colpistatin.
- Colpistar.
- Flagyl Nistatina.
- Kolpitrat.
Apresentações
O metronidazol em comprimidos é habitualmente comercializado nas dosagens de 250 mg, 400 mg ou 500 mg.
Para aplicação vaginal, o metronidazol pode ser encontrado em gel de 0,75% ou de 100 mg/g. Também existe a forma em creme com a mesma concentração. A eficácia do creme e do gel é igual.
Além do uso vaginal, existe também o metronidazol em creme ou gel tópicos para aplicação na pele, indicado para o tratamento da rosácea.
Na população pediátrica, o metronidazol em xarope 40 mg/ml é geralmente a forma escolhida.
Também existe o metronidazol para administração intravenosa, mas esta forma é restrita ao uso hospitalar.
Para que serve
O metronidazol tem ação contra bactérias anaeróbias, contra ameba e alguns protozoários. Entre as doenças que podem ser tratadas com metronidazol podemos citar:
- Tricomoníase.
- Vaginose bacteriana.
- Rosácea.
- Amebíase.
- Giardíase.
- Doença inflamatória pélvica.
- Pneumonia por aspiração.
- Infecções intra-abdominais provocada pelas bactérias Bacteroides spp, Clostridium spp, Prevotella spp, Porphyromonas spp, Fusobacterium spp ou Bilophila wadsworthia
- Infecções pela bactéria Helicobacter pylori.
- Colite pseudomembranosa.
- Infecção odontológica.
Como tomar
A posologia do metronidazol depende da doença que se pretende tratar.
Comprimidos por via oral:
- Amebíase: 500 a 750 mg por via oral de 8/8 horas por 7 a 10 dias.
- Gardnerella: 500 mg por via oral de 12/12 horas por 7 dias ou 1 aplicação diária intravaginal de creme, ou gel a 0,75% por 5 dias.
- Tricomoníase: 2000 mg (4 comprimidos de 500 mg) por via oral em dose única. Tratamento alternativo: 500 mg de 12/12 horas por 7 dias.
- Giardíase: 250 a 500 mg por via oral de 8/8 horas por 5 a 10 dias.
- Diarreia por Clostridium difficile: 500 mg por via oral de 8/8 horas por 10 a 14 dias (casos graves devem ser tratados em ambiente hospitalar).
Uso intravaginal:
- Vaginose bacteriana: gel intravaginal (0,75%) 1 vez por dia por 5 dias.
- Tricomoníase: Creme intravaginal (10%), 1 a 2 aplicações por dia por 10 a 20 dias.
Uso tópico:
- Rosácea: 2 aplicações diárias na pele do creme ou gel a 0,75% ou 1 aplicação diária do creme a 1%.
Efeitos colaterais
Os principais efeitos colaterais do metronidazol administrados por via oral costumam estar relacionados ao trato gastrointestinal. Náuseas, anorexia, vômitos, diarreia, cólicas abdominais e constipação têm sido associados ao uso deste antibiótico. Um gosto metálico desagradável também é frequentemente relatado por aqueles que tomam metronidazol.
Os pacientes que usam doses mais elevadas de metronidazol podem apresentar efeitos neurológicos, como tontura, dor de cabeça, irritabilidade e insônia.
Outros sintomas colaterais possíveis são: escurecimento transitório da urina (cor marrom ou avermelhada), dor nas articulações, dor de garganta, rinite, prurido genital, olhos secos e vaginite.
Em relação ao metronidazol usado por via intravaginal, a taxa de efeitos colaterais é mais baixa e costuma ficar restrita à região genital, sendo o corrimento vaginal o efeito adverso mais comum. Sintomas gastrointestinais costumam surgir em menos de 5% dos pacientes, uma taxa 50% mais baixa que nos comprimidos.
Contraindicações
Exceto pelos casos de alergia prévia ao metronidazol, não existem outras contraindicações absolutas ao seu uso. Existem algumas associações contraindicadas, como, por exemplo, as bebidas alcoólicas e o dissulfiram, que serão explicadas no próximo tópico.
O metronidazol pode ser usado na gravidez em determinadas situações. Ele só está proibido no primeiro trimestre de gestação (leia: Antibióticos na gravidez).
Como é uma droga que pode passar para o leite materno, sugere-se que o metronidazol seja evitado durante o aleitamento materno. Se não for possível evitá-lo, o ideal é que a amamentação seja interrompida por pelo menos até 3 dias depois da tomada do último comprimido.
Interações medicamentosas
O principal cuidado que os pacientes que estão tomando metronidazol devem ter é em relação ao consumo de álcool. Antibiótico não devem ser misturado com bebidas alcoólicas, mas no caso do metronidazol esse cuidado deve ser redobrado (leia: Misturar antibióticos com álcool: qual é o risco?).
A associação entre metronidazol e álcool pode provocar uma reação tipo dissulfiram*, que consiste na ocorrência de sintomas como palpitações, calores, vermelhidão na face, falta de ar, mal-estar intenso, náuseas e vômitos.
* O dissulfiram é uma droga usada no tratamento do alcoolismo. Os pacientes que tomam dissulfiram não conseguem beber, pois as reações que surgem são muito fortes.
A reação tipo dissulfiram é mais comum quando se toma o metronidazol por via oral, mas ela pode ocorrer também no caso da aplicação vaginal. Sugere-se que o paciente evite bebidas alcoólicas ou qualquer outro alimento que contenha álcool por pelo menos 72 horas após o fim do tratamento.
A associação do próprio medicamento dissulfiram com o metronidazol também deve ser evitada.
A associação do metronidazol com o mebendazol também costuma ser desencorajada, pois parece haver uma maior risco de aparecimento da síndrome de Stevens-Johnson.
O metronidazol pode causar elevação dos níveis sanguíneos de ciclosporina, lítio e varfarina.
Referências
- FLAGYL® (metronidazol) Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda. Comprimidos Revestidos 250 mg e 400 mg – Bula do fabricante.
- METRONIDAZOL Brainfarma Indústria Química e Farmacêutica S.A. Geleia 100 mg/g – Bula do fabricante.
- Metronidazole – National Institutes of Health – U.S. National Library of Medicine.
- Flagyl® metronidazole tablets – FDA.
- Metronidazole (topical): Drug information – UpToDate.
- Metronidazole: An overview – UpToDate.
Autor(es)
Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.
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