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Giardia Lamblia (giardíase): sintomas e tratamento

Dr. Pedro Pinheiro
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Giardia Lamblia

Tempo de leitura estimado do artigo: 2 minutos

O que é giardíase?

A Giardia lamblia, também chamada de Giardia intestinalis ou Giardia duodenale, é um protozoário que pode parasitar os intestinos dos seres humanos e causar diarreia e dor abdominal.

A doença causada pela Giardia lamblia recebe o nome de giardíase ou giardiose, e sua transmissão se dá pelo contato com fezes de pessoas contaminadas.

Ciclo de vida da Giardia lamblia

A Giardia possui duas formas morfológicas: cistos e trofozoítas.

Os cistos são as formas do parasita liberadas pelas fezes dos pacientes infectados, podendo sobreviver por muito tempo no ambiente se houver umidade.

A transmissão da Giárdia é fecal-oral, ou seja, ocorre pela ingestão dos cistos de Giardia que saem nas fezes de humanos ou outros mamíferos. Quanto piores forem as condições de saneamento de um local, maior o risco de epidemias de giardíase. Falarei especificamente dos meios de transmissão mais abaixo.

Após a ingestão do cisto, a Giardia, no intestino delgado, se transforma na forma trofozoíta, tornando-se organismos flagelados que medem apenas 15 micrômetros (0,015 milímetros).

Para um melhor entendimento, podemos dizer que os cistos funcionam como ovos e os trofozoítas são os filhotes que saem do mesmo. Os trofozoítas são a forma capaz de se reproduzir, multiplicando-se dentro do intestino delgado do paciente contaminado, aderindo a sua parede e alimentando-se da comida que passa.

Quando o parasita chega ao intestino grosso, ele volta a forma de cisto, pois este é o único meio de sobreviver no meio ambiente após a sua eliminação nas fezes.

Formas de transmissão

Como já dito, a giardíase é transmitida pela via fecal-oral. Qualquer situação na qual os cistos de Giárdia liberados nas fezes alcancem a boca de outras pessoas, causará a contaminação. Alguns exemplos:

  • Beber ou banhar-se em águas contaminadas (leia: Doenças transmitidas pela água).
  • Contaminação de alimentos por mãos mal lavadas. O processo de cozimento mata os cistos da Giárdia, portanto, este modo de transmissão é mais comum com alimentos crus ou contaminados somente após estarem prontos.
  • Creches e instituições de idosos onde há pouca preocupação com higiene.
  • Sexo anal.
  • Contato com fezes de cães e gatos contaminados.
  • Manuseio de solo contaminado sem a devida limpeza posterior das mãos.

Sintomas

A maioria das pessoas contaminadas pela Giardia lamblia não apresentarão sintomas. Naqueles que terão sintomas, os mais comuns são:

  • Diarreia, normalmente bem líquida, mas por vezes gordurosa, chamada de esteatorreia.
  • Cólicas abdominais.
  • Mal-estar.
  • Flatulência.
  • Náuseas e vômitos.
  • Emagrecimento.

Febre é um sintoma menos comum e ocorre em menos de 15% dos casos.

Os sintomas descritos acima costumam surgir em aproximadamente 1 a 2 semanas após a contaminação com os cistos de Giárdia, durando em média por 2 a 4 semanas.

Após uma fase aguda, cerca de 2/3 dos pacientes que tiveram sintomas apresentam melhora espontânea. 1/3, porém, desenvolvem a infecção crônica pela Giárdia, mantendo-se infectados e sintomáticos por longos períodos. Na giardíase crônica, os sintomas mais comuns são:

  • Fezes pastosas.
  • Esteatorreia (fezes gordurosas e com forte odor).
  • Perda de peso importante.
  • Cansaço.
  • Depressão.

Um dos principais problemas da infecção pela Giárdia é a síndrome de má absorção, caracterizada clinicamente pela perda de peso e esteatorreia. O paciente com giardíase apresenta dificuldade em digerir gorduras, carboidratos e vitaminas. Até 40% dos pacientes desenvolvem intolerância à lactose.

Diagnóstico

A infecção pela Giárdia é normalmente diagnosticada através do exame parasitológico de fezes. Como o parasita é eliminado de modo intermitente, a coleta de pelo menos três amostras de fezes aumenta a chance de encontrarmos cistos.

Tratamento

O tratamento da infecção pela Giardia tem dois objetivos: eliminar os sintomas nos pacientes sintomáticos e interromper a eliminação dos cistos pelas fezes, quebrando a cadeia de transmissão.

Os esquemas terapêuticos mais indicados são os seguintes (doses para adultos):

  • Tinidazol (Pletil) 2000 mg em dose única.
  • Secnidazol (Secnidal) 2000 mg em única.
  • Metronidazol (Flagyl) 500 mg – 2 vezes por dia por 5 dias.

Outras opções também eficazes são:

Tratamento nas grávidas

Como a Giardia lamblia em si não faz mal para o bebê, nas grávidas com giardíase leve, que são capazes de se manter hidratadas e bem nutridas, é razoável adiar o tratamento até pelo menos o segundo trimestre para minimizar o risco de efeitos adversos dos fármacos para o feto.

Porém, se o obstetra entender que o tratamento é necessário durante o primeiro trimestre, o medicamento mais seguro é a paromomicina (10 mg/kg por via oral, 3 vezes por dia, por 5 a 10 dias), por apresentar absorção sistêmica limitada.

Durante o segundo e terceiro trimestres de gravidez, agentes antimicrobianos aceitáveis incluem paromomicina, tinidazol, nitazoxanida ou metronidazol.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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