Albendazol (bula): para que serve e como tomar

Dr. Pedro Pinheiro

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Para que serve o medicamento albendazol?

O Albendazol é um medicamento anti-helmíntico e antiparasitário que pertence à classe dos benzimidazóis, a mesma dos também antiparasitários tiabendazol, mebendazol e cambendazol. Ou seja, de forma bem simples: o albendazol é um remédio para vermes.

Considerado um dos medicamentos essenciais pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o albendazol é um fármaco com amplo espectro de ação contra vermes intestinais, sendo eficaz para o tratamento de diversas parasitoses, tais como: ascaridíase, ancilostomose, estrongiloidíase, giardíase e várias outras que serão listadas mais adiante.

Neste artigo faremos uma revisão sobre o albendazol, incluindo suas indicações, nomes comerciais, posologia, contraindicações, efeitos colaterais e interações medicamentosas.

Atenção: esse texto não pretende ser uma bula completa do albendazol. Nosso objetivo é ser menos técnico que uma bula e mais útil aos pacientes que procuram informações práticas sobre este medicamento. O que segue é um resumo das principais informações contidas em várias bulas de albendazol publicadas por diferentes laboratórios farmacêuticos.

Nomes comerciais

O albendazol é um medicamento que já pode ser encontrado como medicação genérica. Entre os marcas comerciais disponíveis nas farmácias, podemos citar:

  • Albel.
  • Albendy.
  • Alin.
  • Benzol.
  • Mebenix.
  • Monozen.
  • Monozol.
  • Neo Bendazol.
  • Parasin.
  • Verdazol.
  • Vermital.
  • Zentel (medicamento de referência).
  • Zolben (medicamento de referência).

Apresentações

O albendazol pode ser encontrado em compridos, que podem ser tomados com água ou mastigados, nas doses de 200 mg e 400 mg.

Também existem as formas em suspensão oral 40 mg/ml.

Preços

No Brasil, os preços do albendazol em comprimidos ou solução oral costumam variar de 1 a 10 reais. Em Portugal, o preço médio é de 4 euros.

Como tomar – Posologia

A toma do albendazol junto com alimentos gordurosos aumenta a sua biodisponibilidade em até cinco vezes, motivo pelo qual essa associação é estimulada.

A posologia varia consoante a parasitose a ser tratada:

Tratamento do Ascaris lumbricoides

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para adultos e crianças acima de 2 anos.
  • 200 mg ou 5 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para crianças entre 1 e 2 anos.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 100%.

Para mais informações, leia: Ascaridíase – Transmissão, Sintomas e Tratamento.

Ancylostoma duodenale ou Necator americanus

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para adultos e crianças acima de 2 anos.
  • 200 mg ou 5 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para crianças entre 1 e 2 anos.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 92%.

Para mais informações, leia: Ancilostomose – Transmissão, Sintomas e Tratamento.

Larva migrans cutânea

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) 1 vez por dia por 3 dias para adultos e crianças acima de 2 anos.

Para mais informações, leia: Larva migrans cutânea – Transmissão, Sintomas e Tratamento.

Enterobius vermicularis

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para adultos e crianças acima de 2 anos. A dose pode ser repetida após 2 semanas.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 100%.

Para mais informações, leia: Oxiúrus – Enterobius vermicularis – Contágio, Sintomas e Tratamento.

Trichuris trichiura

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para adultos e crianças acima de 2 anos.
  • 200 mg ou 5 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para crianças entre 1 e 2 anos.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 90%.

Para mais informações, leia: Tricuríase – Trichuris Trichiura -Transmissão, Sintomas e Tratamento.

Strongyloides stercoralis

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) 1 vez por dia por 3 dias para adultos e crianças acima de 2 anos.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 62%.

Para mais informações, leia: Estrongiloidíase – Strongyloides stercoralis.

Giardia lamblia

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) 1 vez por dia por 5 dias para adultos e crianças acima de 2 anos.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 97%.

Para mais informações, leia: Giardia lamblia – Sintomas, Transmissão e Tratamento.

Hymenolepis nana

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) 1 vez por dia por 3 dias para adultos e crianças acima de 2 anos.

Se o paciente não apresentar melhora após três semanas, um segundo ciclo de tratamento pode ser necessário.

Taenia spp.

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) 1 vez por dia por 3 dias para adultos e crianças acima de 2 anos.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 86%.

Neurocisticercose

O albendazol também pode ser usado no tratamento da neurocisticercose junto com corticoides e anticonvulsivantes. Nesta doença, as doses preconizadas são:

  • Paciente com menos de 60 kg: 15 mg/kg/dia, divididos em duas doses (dose máxima diária de 800 mg) por 8 a 30 dias, de acordo com orientação médica.
  • Paciente com 60 kg ou mais: 400 mg 2 vezes por dia por 8 a 30 dias, de acordo com orientação médica.

Para mais informações, leia: Teníase e cisticercose – Ciclo, Sintomas e Tratamento.

A tabela abaixo resume a posologia do albendazol para adultos e crianças acima de 2 anos:

ParasitosDoseTempo de tratamento
Ascaris lumbricoides, Necator americanus, Ancylostoma duodenale, Trichuris trichiura1 comprimido de 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml)Dose única
Enterobius vermicularis1 comprimido de 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml)Dose única. Repete após 14 dias
Strongyloides stercoralis, Taenia sp., Hymenolepis nana, Larva migrans cutânea1 comprimido de 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml)1 dose por dia durante 3 dias
Giardíase (Giardia lamblia, G. duodenalis, G. intestinalis)1 comprimido de 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml)1 dose por dia durante 5 dias

Efeitos colaterais

O albendazol é um medicamento que apresenta baixa incidência de efeitos colaterais. Os mais comuns são:

  • Dor abdominal: 1 a 6% dos pacientes.
  • Náuseas e/ou vômitos: 1 a 6% dos pacientes.
  • Dor de cabeça: 1% na população em geral e 10% nos pacientes com neurocisticercose.
  • Queda de cabelo: 1 a 2% dos pacientes.
  • Tonturas: menos de 1% dos pacientes.
  • Diarreia: menos de 1% dos pacientes.

Contraindicações

O albendazol não deve ser administrado em pacientes com história de alergia a qualquer anti-helmíntico do grupo do benzimidazóis.

A administração do albendazol na gravidez e durante o aleitamento materno é desaconselhada. Mulheres que estão sob tratamento devem esperar pelo menos um mês para engravidar.

Ajuste da dose

Insuficiência renal

Como o albendazol e seus metabólitos são eliminados predominantemente pelo fígado, sendo a eliminação pela via renal muito pequena, não é necessário nenhum ajuste da dose para pacientes com insuficiência renal crônica.

Doença hepática

Não há ajustes de dosagem sugerido pelos fabricantes. Porém, uma vez que o albendazol é essencialmente metabolizado pelo fígado, espera-se que a disfunção hepática provoque efeitos significativos na farmacocinética do medicamento. Os pacientes que antes do tratamento já apresentem anormalidades nos exames da função hepática (elevação de TGO e TGP) deverão ser cuidadosamente monitorizados.

Idosos

Não é necessário nenhum ajuste da dose para pacientes idosos.

Interações medicamentosas

Medicamentos que podem causar redução da eficácia do albendazol:

  • Carbamazepina.
  • Fenobarbital.
  • Fenitoína.
  • Ritonavir.

Medicamentos que podem aumentar os níveis sanguíneos de albendazol, elevando o risco de efeitos colaterais:

  • Dexametasona.
  • Praziquantel.
  • Cimetidina.

O albendazol não interfere com a eficácia da pílula anticoncepcional.


Referências


Autor(es)

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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Comentários e perguntas

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39 respostas para “Albendazol (bula): para que serve e como tomar”

  1. ANA

    Albendazol altera a glicemia?

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      Dr. Pedro Pinheiro

      Não é habitual.

  2. Sheila cavalcante

    Albendazol elimina giardia?

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      Dr. Pedro Pinheiro

      Sim.

  3. Ana aparecida Almeida

    Pessoa gorda com sobrepeso deve tomar qual mg de albedazol 400mg mesmo ou mais

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      Dr. Pedro Pinheiro

      Mesma dose.

  4. Glória

    Albendazol tbm e bom pra ameba?

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      Dr. Pedro Pinheiro

      Não. Dê uma lida nesse artigo, veja se ajuda: Amebíase (infecção por Entamoeba histolytica).

  5. Francys

    Tem que repetir a dose após 07 dias ou é muito?

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      Dr. Pedro Pinheiro

      Depende da infecção. O texto diz quando é necessário repetir a dose.

  6. Joici Aparecida Chaves

    Albendazol pomada ou creme existe também?

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      Dr. Pedro Pinheiro

      Não.

  7. Maria imaculada de Oliveira flausino

    Quem tem diabetes, problemas cardíacos e insuficiência renal pode tomar Albendazol? obrigado

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      Dr. Pedro Pinheiro

      Se houver indicação para o uso de albendazol, sim.

  8. Ana Cristina da Silva

    Boa Noite, faz mal tomar albendazol ao deitar? Obrigado.

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      Dr. Pedro Pinheiro

      Não.

  9. Daniel Salomão

    Boa noite Dr.

    Existe alguma interação ou contra indicação do albendazol relacionada com bebidas alcoólicas?

    Grato desde já.

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      Dr. Pedro Pinheiro

      Não diretamente. Mas sugiro que você leia esse artigo: https://www.mdsaude.com/dependencia/bebidas-alcoolicas-e-antibioticos/

  10. Luiz Roberto Salvatori Meira

    Olá Pedro Pinheiro,

    Felicito pelo esmerado conteúdo, com apresentação acolhedora, bem organizado, conciso e preciso.

    Faço votos que colha os frutos desta postura didática nos mais diversos aspectos profissionais.

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      Dr. Pedro Pinheiro

      Obrigado, Luiz.

  11. Edna Silva

    Ouvi na Internet que o mebendazol deve ser administrado durante 5 dias, 1 colher de sopa por dia iniciando na lua nova. Essa informação é validada pela medicina?

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      Dr. Pedro Pinheiro

      Não, não existe nenhum medicamento, doença ou tratamento que seja influenciado pelas fases da lua. Isso não tem comprovação científica nenhuma.

  12. Solange

    Estou com albendazol 40mg/ml qual a medida para uma criança de 2 anos

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      Dr. Pedro Pinheiro

      Solange, veja na bula do fabricante. Eles indicam a dose correta consoante o peso da criança.

  13. Gildete

    Dr, os vermes se desmancham ou saem inteiros? Tenho fobia de verme e morro de medo de ver algum.

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      Dr. Pedro Pinheiro

      Eles não se desmancham. Mas se forem poucos, podem sair misturados nas fezes sem que você perceba.

  14. Ruth Gomes Gonçalves

    Qual o melhor exame pra saber se tenho vermes

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      Exame parasitológico de fezes.

  15. Jessica

    Depois que toma o albendazol a verme ja sai morta? Ou viva

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      Geralmente sai morto.

  16. Gisele

    Minha bebê tem 7 meses e estou amamentanto,o médico me possou Albendazol.Sera que vai prejudicar a bebê?

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      A prescrição do albendazol é desencorajada durante a amamentação, pois o medicamento passa para o bebê. Eu não sei o motivo do medicamento estar sendo sendo prescrito, mas eu sugiro que você converse com a(o) pediatra da sua bebê sobre essa sua situação para ver a opinião dela(e).

  17. Raquel

    Boa tarde Dr. Pedro
    a 6 meses tomei albendazol, e a uns 3 dias estou com os mesmos sintomas, há contra inidicação repetir a dose antes de 1 ano da última dose.
    Obrigada.

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      O ideal é fazer um parasitológico de fezes antes de repetir o medicamento.

  18. Marcio

    Prezado Dr. Pedro eu tomei Anitta e albendazol e durante este período a minha esposa engravidou. Há algum risco para o feto? Desde já obrigado.

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      Não.

  19. Rubens Amaral

    Parabéns! Sou médico nefrologista e gostei muito. Escrita adequada para sites que se disponham ajudar as pessoas e profissionais da saúde. Excelente revisão do ALBENDAZOL.

  20. André

    Olá, dr, parabéns pelo site. É o melhor sobre saúde que eu conheço.
    Tenho uma dúvida, o meu médico prescreveu albendazol pra mim baseado apenas nos meus sintomas, sem pedir o parasitológico de fezes. Isso está correto?

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      Se ele acha que os sintomas são muito sugestivos, não está de todo errado, até porque o albendazol cobre uma grande espectro de parasitos. O único problema dessa conduta é que o tempo de tratamento pode mudar de acordo com o parasito. Se ele prescreveu albendazol em dose única, pode ser pouco para tratar estrongiloidíase ou giardíase, por exemplo. Por isso, o ideal é sempre pesquisar pelo verme.