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Albendazol (bula): para que serve e como tomar

Albendazol é um medicamento antiparasitário usado para tratar infecções causadas por vermes, como lombrigas, tênias e giárdia. Ele age inibindo a absorção de glicose dos parasitas, levando à sua morte e eliminação.
Dr. Pedro Pinheiro
Atualizado:

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Albendazol

Tempo de leitura estimado do artigo: 4 minutos

Para que serve o medicamento albendazol?

O Albendazol é um medicamento anti-helmíntico e antiparasitário que pertence à classe dos benzimidazóis, a mesma dos também antiparasitários tiabendazol, mebendazol e cambendazol. Ou seja, de forma bem simples: o albendazol é um remédio para vermes.

Considerado um dos medicamentos essenciais pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o albendazol é um fármaco com amplo espectro de ação contra vermes intestinais, sendo eficaz para o tratamento de diversas parasitoses, tais como: ascaridíase, ancilostomose, estrongiloidíase, giardíase e várias outras que serão listadas mais adiante.

Neste artigo faremos uma revisão sobre o albendazol, incluindo suas indicações, nomes comerciais, posologia, contraindicações, efeitos colaterais e interações medicamentosas.

Nota: esse texto não aspira ser uma bula completa do albendazol. Nosso objetivo é ser menos técnico que uma bula e mais útil aos pacientes que procuram informações práticas sobre este medicamento. O que segue é um resumo das principais informações contidas em várias bulas de albendazol publicadas por diferentes laboratórios farmacêuticos.

Mecanismo de ação

O albendazol atua inibindo a polimerização da tubulina, uma proteína essencial para a formação do citoesqueleto dos parasitas. Isso impede que os vermes absorvam a glicose (açúcar), que é a principal fonte de energia deles. Sem essa energia, os vermes ficam fracos, param de crescer e acabam morrendo. Depois disso, o corpo se encarrega de eliminá-los naturalmente pelas fezes.

O albendazol começa a agir logo após a administração, mas o tempo para observar seus efeitos pode variar dependendo do tipo de infecção e do verme que está sendo tratado. Geralmente, o medicamento começa a eliminar os vermes em alguns dias, e os sintomas costumam melhorar em uma a três semanas após o início do tratamento.

No entanto, em infecções mais graves ou quando há muitos parasitas, o tempo de resposta pode ser um pouco mais longo. Em certos casos, uma segunda dose pode ser necessária.

Nomes comerciais

O albendazol é um medicamento que já pode ser encontrado como medicação genérica. Entre os marcas comerciais disponíveis nas farmácias, podemos citar:

  • Albel.
  • Albendy.
  • Alin.
  • Benzol.
  • Mebenix.
  • Monozen.
  • Monozol.
  • Neo Bendazol.
  • Parasin.
  • Verdazol.
  • Vermital.
  • Zentel (medicamento de referência).
  • Zolben (medicamento de referência).

Apresentações

O albendazol pode ser encontrado em compridos, que podem ser tomados com água ou mastigados, nas doses de 200 mg e 400 mg.

Também existem as formas em suspensão oral 40 mg/ml.

Preços

No Brasil, os preços do albendazol em comprimidos ou solução oral costumam variar de 1 a 10 reais. Em Portugal, o preço médio é de 4 euros.

Como tomar – Posologia

A toma do albendazol junto com alimentos gordurosos aumenta a sua biodisponibilidade em até cinco vezes, motivo pelo qual essa associação é estimulada.

A posologia varia consoante a parasitose a ser tratada:

Tratamento do Ascaris lumbricoides

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para adultos e crianças acima de 2 anos.
  • 200 mg ou 5 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para crianças entre 1 e 2 anos.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 100%.

Para mais informações, leia: Ascaridíase – Transmissão, Sintomas e Tratamento.

Ancylostoma duodenale ou Necator americanus

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para adultos e crianças acima de 2 anos.
  • 200 mg ou 5 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para crianças entre 1 e 2 anos.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 92%.

Para mais informações, leia: Ancilostomose – Transmissão, Sintomas e Tratamento.

Larva migrans cutânea

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) 1 vez por dia por 3 dias para adultos e crianças acima de 2 anos.

Para mais informações, leia: Larva migrans cutânea – Transmissão, Sintomas e Tratamento.

Enterobius vermicularis

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para adultos e crianças acima de 2 anos. A dose pode ser repetida após 2 semanas.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 100%.

Para mais informações, leia: Oxiúrus – Enterobius vermicularis – Contágio, Sintomas e Tratamento.

Trichuris trichiura

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para adultos e crianças acima de 2 anos.
  • 200 mg ou 5 ml da suspensão oral (40 mg/ml) em dose única para crianças entre 1 e 2 anos.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 90%.

Para mais informações, leia: Tricuríase – Trichuris Trichiura -Transmissão, Sintomas e Tratamento.

Strongyloides stercoralis

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) 1 vez por dia por 3 dias para adultos e crianças acima de 2 anos.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 62%.

Para mais informações, leia: Estrongiloidíase – Strongyloides stercoralis.

Giardia lamblia

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) 1 vez por dia por 5 dias para adultos e crianças acima de 2 anos.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 97%.

Para mais informações, leia: Giardia lamblia – Sintomas, Transmissão e Tratamento.

Hymenolepis nana

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) 1 vez por dia por 3 dias para adultos e crianças acima de 2 anos.

Se o paciente não apresentar melhora após três semanas, um segundo ciclo de tratamento pode ser necessário.

Taenia spp.

  • 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml) 1 vez por dia por 3 dias para adultos e crianças acima de 2 anos.

A taxa de sucesso do tratamento com essa dose é de 86%.

Neurocisticercose

O albendazol também pode ser usado no tratamento da neurocisticercose junto com corticoides e anticonvulsivantes. Nesta doença, as doses preconizadas são:

  • Paciente com menos de 60 kg: 15 mg/kg/dia, divididos em duas doses (dose máxima diária de 800 mg) por 8 a 30 dias, de acordo com orientação médica.
  • Paciente com 60 kg ou mais: 400 mg 2 vezes por dia por 8 a 30 dias, de acordo com orientação médica.

Para mais informações, leia: Teníase e cisticercose – Ciclo, Sintomas e Tratamento.

A tabela abaixo resume a posologia do albendazol para adultos e crianças acima de 2 anos:

ParasitosDoseTempo de tratamento
Ascaris lumbricoides, Necator americanus, Ancylostoma duodenale, Trichuris trichiura.1 comprimido de 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml).Dose única.
Enterobius vermicularis.1 comprimido de 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml).Dose única. Repete após 14 dias.
Strongyloides stercoralis, Taenia sp., Hymenolepis nana, Larva migrans cutânea.1 comprimido de 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml).1 dose por dia durante 3 dias.
Giardíase (Giardia lamblia, G. duodenalis, G. intestinalis).1 comprimido de 400 mg ou 10 ml da suspensão oral (40 mg/ml).1 dose por dia durante 5 dias.

Efeitos colaterais

O albendazol é um medicamento que apresenta baixa incidência de efeitos colaterais. Os mais comuns são:

  • Dor abdominal: 1 a 6% dos pacientes.
  • Náuseas e/ou vômitos: 1 a 6% dos pacientes.
  • Dor de cabeça: 1% na população em geral e 10% nos pacientes com neurocisticercose.
  • Queda de cabelo: 1 a 2% dos pacientes.
  • Tonturas: menos de 1% dos pacientes.
  • Diarreia: menos de 1% dos pacientes.

Contraindicações

O albendazol não deve ser administrado em pacientes com história de alergia a qualquer anti-helmíntico do grupo do benzimidazóis.

A administração do albendazol na gravidez e durante o aleitamento materno é desaconselhada. Mulheres que estão sob tratamento devem esperar pelo menos um mês para engravidar.

Ajuste da dose

Insuficiência renal

Como o albendazol e seus metabólitos são eliminados predominantemente pelo fígado, sendo a eliminação pela via renal muito pequena, não é necessário nenhum ajuste da dose para pacientes com insuficiência renal crônica.

Doença hepática

Não há ajustes de dosagem sugerido pelos fabricantes. Porém, uma vez que o albendazol é essencialmente metabolizado pelo fígado, espera-se que a disfunção hepática provoque efeitos significativos na farmacocinética do medicamento. Os pacientes que antes do tratamento já apresentem anormalidades nos exames da função hepática (elevação de TGO e TGP) deverão ser cuidadosamente monitorizados.

Idosos

Não é necessário nenhum ajuste da dose para pacientes idosos.

Interações medicamentosas

Medicamentos que podem causar redução da eficácia do albendazol:

  • Carbamazepina.
  • Fenobarbital.
  • Fenitoína.
  • Ritonavir.

Medicamentos que podem aumentar os níveis sanguíneos de albendazol, elevando o risco de efeitos colaterais:

  • Dexametasona.
  • Praziquantel.
  • Cimetidina.

O albendazol não interfere com a eficácia da pílula anticoncepcional.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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