Dexclorfeniramina: o que é, posologia e efeitos adversos

Dr. Pedro Pinheiro

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Tempo de leitura estimado do artigo: 3 minutos

O que é a dexclorfeniramina?

O maleato de dexclorfeniramina, mais conhecido pelo nome comercial Polaramine, é um medicamento anti-histamínico de primeira geração utilizado habitualmente no tratamento das alergias leves, incluindo rinite alérgica, conjuntivite alérgica e quadros de urticária.

A dexclorfeniramina tem ação anti-alérgica e anticolinérgica, o que a torna útil no tratamento de sintomas, como espirros, coriza e coceiras.

Como todo anti-histamínico de primeira geração, o efeito colateral mais comum do maleato de dexclorfeniramina é a sonolência.

Atenção: este texto não pretende ser uma bula completa do Polaramine (maleato de dexclorfeniramina). Nosso objetivo é ser menos técnico que uma bula e mais útil aos pacientes que procuram informações objetivas e em linguagem adequada ao público leigo.

Obs.: A dexclorfeniramina é um isômero dextrogiro da clorfeniramina, o que significa que ambos apresentam a mesma composição química, mas têm diferente arranjo estrutural dos átomos. Neste artigo vamos falar somente da dexclorfeniramina, apesar das informações aqui contidas serem quase sempre válidas também para a clorfeniramina.

Para que serve

Como referido na introdução do texto, o maleato de dexclorfeniramina é um medicamento anti-histamínico, ou seja, é um fármaco com propriedades anti-alérgicas.

A dexclorfeniramina pode ser utilizada no tratamento das seguintes condições:

Nomes comerciais

O maleato de dexclorfeniramina pode ser encontrado nas farmácias sob a sua forma genérica ou através dos seus vários nomes comerciais.

O nome comercial mais famoso do maleato de dexclorfeniramina é o Polaramine, medicamento produzido no Brasil pelo laboratório Mantecorp, considerado o fármaco de referência para a substância dexclorfeniramina.

Além do Polaramine, outros nomes comerciais do maleato de dexclorfeniramina são:

  • Alergomine.
  • Alergonil.
  • Alergovalle.
  • Alergyo.
  • Alermine.
  • Dexlerg.
  • EMS Expector.
  • Fenirax.
  • Histamin.
  • Hystin.
  • Lasamine.
  • Polaradex.
  • Polarax.
  • Polaren.
  • Polaryn.
  • Softez.

O maleato de dexclorfeniramina também costuma ser encontrado em associação com a betametasona (um corticoide que potencializa a ação antialérgica) ou a pseudoefedrina (um descongestionante nasal).

Apresentações

O maleato de dexclorfeniramina costuma ser comercializado sob as seguintes apresentações:

  • Comprimidos de 2 mg ou 6 mg.
  • Creme dermatológico de 10 mg/g.
  • Xarope de 0,4 mg/ml (2 mg/ 5 ml).
  • Gotas 2,8 mg/ml.

Como tomar

Comprimidos de 2 mg

  • Adultos e crianças maiores de 12 anos: 1 comprimido 3 a 4 vezes por dia (8/8 horas ou 6/6 horas). Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg por dia (6 comprimidos por dia).
  • Crianças de 6 a 12 anos: 1/2 comprimido três vezes por dia (8/8 horas). Não ultrapassar a dose máxima de 6 mg por dia (3 comprimidos por dia).

Drágea de 6 mg

  • Adultos e crianças maiores de 12 anos: 1 comprimido 2 vezes por dia (12/12 horas). Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg por dia (2 comprimidos por dia).

Creme dermatológico de 10 mg/g

Aplicar o creme dermatológico sobre a área da pele afetada duas vezes ao dia (12/12 horas).

Xarope de 0,4 mg/ml (2 mg/ 5 ml)

  • Adultos e crianças maiores de 12 anos: 5 ml do xarope 3 a 4 vezes por dia (8/8 horas ou 6/6 horas). Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/dia (30 ml por dia).
  • Crianças de 6 a 12 anos: 2,5 ml do xarope 3 vezes por dia (8/8 horas). Não ultrapassar a dose máxima de 6 mg/dia (15 ml por dia).
  • Crianças de 2 a 6 anos: 1,25 ml do xarope 3 vezes por dia (8/8 horas). Não ultrapassar a dose máxima de 3 mg/dia (7,5 ml por dia).

Solução em gotas 2,8 mg/ml

  • Adultos e crianças maiores de 12 anos: 20 gotas 3 a 4 vezes por dia (8/8 horas ou 6/6 horas). Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/dia (120 gotas/dia).
  • Crianças de 6 a 12 anos: 10 gotas três vezes por dia (8/8 horas). Não ultrapassar a dose máxima de 6 mg diários (60 gotas/dia).
  • Crianças de 2 a 6 anos: 5 gotas, três vezes por dia (8/8 horas). Não ultrapassar a dose máxima de 3 mg diários (30 gotas/dia).

Em caso de esquecimento de alguma dose, o paciente deve tomar a dose em falta assim que possível, reajustando, a partir desse momento, os horários das próximas tomadas. Por exemplo, se o paciente está tomando o medicamento de 8/8 horas e deveria ter tomado um comprimido às 12h, mas só o tomou às 15h, a próxima dose deverá ser às 23 horas (8 horas depois da última tomada).

Não é recomendado ingerir duas doses de uma só vez, mesmo que o atraso da última dose esteja próximo de 8 horas.

Efeitos colaterais

O efeito colateral mais comum da dexclorfeniramina (e de todos os anti-histamínicos de primeira geração) é a sonolência. Esse efeito adverso até pode ajudar quando o paciente sente-se mal e deseja dormir, mas, de modo geral, ele é mais deletério do que benéfico, pois atrapalha o desempenho nas atividades normais do dia-a-dia.

Além da sonolência, o paciente também pode apresentar déficit de atenção e redução das habilidades motoras, motivo pelo qual ele deve evitar conduzir veículos ou operar máquinas enquanto estiver sob efeito da medicação.

Nas crianças, esse efeito colateral pode atrapalhar o desempenho escolar, mesmo quando o medicamento é tomado somente à noite, já que uma sedação residual ainda pode estar presente no início do dia.

O maleato de dexclorfeniramina também possui ação anticolinérgica, que ajuda a “secar” a coriza no caso da rinite alérgica, mas também pode provocar outros efeitos indesejáveis, principalmente nos pacientes idosos, como boca seca, olhos secos e dificuldade para urinar.

Efeitos colaterais mais raros incluem: pressão baixa, dor de cabeça, palpitações, agitação (mais comum em crianças), falta de ar e tonturas.

Atualmente, os anti-histamínicos de segunda geração são a melhor escolha para o tratamento das alergias, pois eles apresentam um perfil de efeitos colateiras mais leve, principalmente em relação à sedação.

Contraindicações

O maleato de dexclorfeniramina é contra-indicado em crianças menores de 2 anos, durante o aleitamento materno, em pacientes com crise de asma ou em pacientes em tratamento com antidepressivos da classe dos inibidores da monoamina oxidase (IMAO), tais como: Fenelzina, Iproniazida, Isocarboxazida, Harmalina, Nialamida, Pargilina, Selegilina, Toloxatona ou Tranilcipromina.

O uso de anti-histamínicos durante a gravidez não costuma provocar um maior risco de defeitos congênitos; contudo, não há estudos específicos sobre a dexclorfeniramina na gravidez, motivo pelo qual o seu uso deve ser evitado sempre que possível. Em geral, quando é necessário utilizar um anti-histamínico durante a gravidez, os de segunda geração são os mais indicados.

Interações medicamentosas

Como referido no tópico anterior, a dexclorfeniramina não deve ser tomada concomitantemente com os antidepressivos da classe dos inibidores da monoamina oxidase (IMAO), pois estes provocam uma potencialização do efeito anti-histamínico, o que pode levar a hipotensão arterial grave.

Medicamentos que causam inibição do sistema nervoso central também não devem ser misturados com o maleato de dexclorfeniramina, incluindo neste grupo o consumo de bebidas alcoólicas.

Outros fármacos que devem ser evitados são: talidomida, tiotrópio, ipratrópio, nitroglicerina, levossulpirida e oxicodona.

A varfarina pode ter seu efeito anticoagulante reduzido pelo maleato de dexclorfeniramina.

O maleato de dexclorfeniramina não interfere com a eficácia da pílula anticoncepcional.


Referências


Autor(es)

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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Comentários e perguntas

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14 respostas para “Dexclorfeniramina: o que é, posologia e efeitos adversos”

  1. Ana Maria Quintilhiano

    Posso tomar antialérgico mesmo estando em tratamento oncologico mama?

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      Geralmente, sim, mas depende de quais medicamentos você está tomando. O ideal é consultar seu oncologista.

  2. Luciana da Silva clemente

    Tomei este remédio e hj terminei só que as reações ainda permanecem tortura ,sonolência, durmo acordo bem longo começa das reações, quantos dias ainda o remédio fica fazendo efeito no organismo

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      Apenas algumas horas.

  3. Thiago

    dexclorfeniramina pode ser administrado junto com loratadina xarope ou comprimido??

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      São dois medicamentos anti-alérgicos antagonistas dos receptadores H₁ da histamina. Por que usar dois medicamentos semelhantes juntos?

  4. Kayque

    Esse remedio maleato de dexclorfeniramina tem corticoide?

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      Não.

  5. Marta

    Ele pode ser utilizado como cicatrizante no caso da pomada?

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      Desconheço essa indicação.

  6. Karine

    Olha meu filho esta tomando esse maleato estava com alergia na pele conçando bastante ai o medico receitou por 7 dias. Ai começou soltar catarro é normal?

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      O medicamento pode deixar as secreções respiratórias mais espessas.

  7. Igor

    Por quanto tempo tomar?

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      Não há um limite estabelecido, mas se depois de 5 a 7 dias os sintomas não desaparecerem, o ideal é consultar um médico.