Picada de mosquito: riscos e tratamento

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

35 Comentários

Picada de mosquito

Tempo de leitura estimado do artigo: 3 minutos

Introdução

O mosquito, também conhecido como pernilongo, muriçoca, carapanã ou melga, é um inseto voador que se alimenta de sangue de animais vertebrados, incluindo o ser humano.

Existem centenas de espécies de mosquitos, algumas delas capazes de transmitir doenças para o homem, como são os casos da dengue e da febre amarela.

Mesmo as espécies de mosquito que não são capazes de transmitir doenças podem ser extremamente incômodas, pois suas picadas geram uma intensa reação local, provocando lesões que podem coçar por vários dias.

Uma vez que o mosquito já tenha lhe picado, não há muitas medidas efetivas para aliviar a coceira, por isso, a prevenção das picadas é a melhor estratégia.

Neste artigo, além de listarmos as doenças que podem ser transmitidas por mosquitos, vamos falar um pouco sobre a picada em si, sugerindo formas de preveni-la e de tratar a coceira.

Doenças transmitidas por mosquitos

Existentes no Brasil:

Não existentes no Brasil:

  • Febre do Nilo Ocidental.
  • Febre de Rift Valley.
  • Febre de Ross River.
  • Encefalite japonesa.
  • Encefalite de St. Louis.
  • Encefalite La Crosse.

Picada de mosquito

Os mosquitos alimentam-se basicamente do néctar das plantas, mas as fêmeas da espécie podem também alimentar-se de sangue de animais. Os mosquitos não dependem de sangue para sobreviver, porém, o sangue é necessário na produção e desenvolvimento dos seus ovos. A maioria dos mosquitos é mais ativa nos períodos da manhã e no final da tarde, quando há menos calor, sendo estes horários os mais prováveis para se receber uma picada.

Picada de mosquito

Os mosquitos são capazes de reconhecer odores e apresentam predileção por alguns tipos de pessoas em relação a outras. Geralmente são substâncias presentes no suor e na pele que atraem os mosquitos. Uma substância já reconhecida é o dióxido de carbono. Não é impossível que duas pessoas permaneçam em um mesmo local povoado por mosquitos e apenas uma delas sofra picadas, ou ainda, uma sofra inúmeras picadas e a outra apenas uma ou duas.

Não se sabe bem por que, mas os mosquitos têm predileção por homens, pessoas obesas, grávidas e pessoas com sangue tipo O. O corpo quente e suado também parece atrair mais os mosquitos.

Antes de sugar, os mosquitos injetam sua própria saliva, que apresenta propriedades anticoagulantes, impedindo a coagulação do sangue que será ingerido. É essa saliva que costuma causar as reações alérgicas típicas das picadas de mosquito. Na maioria dos casos, a reação à picada é pequena e localizada, sendo os sintomas da picada de mosquito apenas uma pequena elevação avermelhada na pele com intenso prurido (coceira).

Os sintomas da picada costumam surgir dentro de 20 minutos e podem ficar causando coceira por até dois dias. Quanto mais sensível a pessoa é à saliva do mosquito, mais extensa e mais intensa costuma ser a reação à picada.

Ao longa da vida vamos ganhando resistência às picadas, fazendo com as reações tornem-se menos intensas. É nas crianças que as picadas de mosquito costumam causar mais sintomas.

Raramente uma picada de mosquito pode levar a quadros alérgicos mais graves como anafilaxia (leia: Choque anafilático – Causas e sintomas).

Além das reações alérgicas e da possível transmissão de doenças por algumas espécies de mosquito, outra complicação possível da picada é a infecção secundária causada pelo ato de cocar as lesões. Se o indivíduo coçar a pele com muita força, pode causar lesões, abrindo portas de entrada para as bactérias da pele em direção ao interior do organismo. Diabéticos, por exemplo, são um grupo de risco para desenvolverem infecções de pele secundárias a picadas de mosquitos, como impetigo, celulite ou erisipela.

Prurigo estrófulo (alergia à picada de mosquito)

O prurigo estrófulo, também chamado de prurigo agudo simplex ou prurigo agudo infantil, é um processo alérgico da pele que surge geralmente após picadas de mosquitos em pessoas alérgicas. Comum em crianças, o estrófulo pode eventualmente surgir também em adultos.

O quadro clínico é de várias lesões semelhantes às picadas comuns de mosquito, muito pruriginosas (coçam muito) e com o desenvolvimento de uma minúscula bolha em seu centro.

Uma única picada é capaz de desencadear várias lesões, como se a criança tivesse recebido várias picadas. As lesões podem durar por até 1 mês.

Como evitar

É essencial reduzir a população e mosquitos ao seu redor. Jogue fora qualquer tipo de água parada que possa servir como reservatório para os ovos de mosquitos.

Evite deixar as janelas abertas no início da manhã e no final da tarde. Se o calor for grande, use telas para evitar a entrada de mosquitos. Se a temperatura do ambiente permitir, evite andar com pouca roupa no final da tarde.

Os repelentes servem para diminuir a atração do mosquito pela sua pele. Dê preferência aos que possuem DEET em sua fórmula. O DEET já é usado há mais de 40 anos como repelente e ainda é o mais efetivo de todos.

As fórmulas com DEET 10% podem ser usadas em crianças acima de 2 anos. Os repelentes podem ser aplicados na pele e na roupas. O DEET 10% confere proteção por cerca de 2 horas, enquanto o DEET 30% o faz por até 5 horas. Este repelente não deve ser administrado mais do que três vezes por dia e deve-se evitar uso diário e prolongado do mesmo.

Uma opção para quem prefere produtos naturais é o óleo de eucalipto-limão, que apresenta eficácia semelhante ao DEET 10%.

Durante a década de 1960, um trabalho mostrou que o consumo de vitamina B1 poderia produzir odores na pele que manteriam as fêmeas do mosquito afastadas. Até hoje, entretanto, não foi publicado mais nenhum outro trabalho científico que confirmasse tal resultado, o que significa que não há evidências claras de que a vitamina B1 seja efetiva contra as picadas de mosquitos.

Procutos eletrônicos e por ultrassom vendidos como repelentes não apresentam comprovação científica da sua eficácia. Apenas os aparelhos de tomada que liberam inseticida (líquido ou pastilha) são eficazes em ambientes fechados, mas devem ser evitados em quartos com bebês, devido ao risco de intoxicação.

Aparelhos elétricos que emitem luz ultravioleta e eletrocutam os insetos atraídos também não funcionam, pois atraem muito mais insetos inofensivos do que propriamente os mosquitos, podendo causar desequilíbrios no ecossistema se usados em massa.

Como tratar

A picada de mosquito na imensa maioria dos casos não acarreta maiores complicações, porém, pode ser muito incômoda, principalmente se forem múltiplas. O mais importante é evitar ficar coçando frequentemente, pois as unhas podem causar feridas na pele, facilitando a infecção secundária por bactérias.

Se a coceira estiver muito forte, tente colocar uma compressa de gelo no local. Se não for suficiente, é possível usar algumas substâncias tópicas que aliviam a coceira. Uma simples é a mistura de bicarbonato de sódio com água, de forma a criar uma pasta. Algumas alternativas incluem a solução de calamina ou o creme Caladril®. Pomadas com corticoides também podem ser usadas. Se as picadas forem múltiplas ou houver estrófulo, o uso de anti-histamínicos orais é uma solução.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

Ficou com alguma dúvida?

Comentários e perguntas