Vitiligo: causas, sintomas e tratamento

O vitiligo é uma doença de origem imunológica que acomete cerca de 1% da população mundial e causa progressiva despigmentação da pele.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Vitiligo

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O que é vitiligo?

O vitiligo é uma doença de origem imunológica que acomete cerca de 1% da população mundial e causa progressiva despigmentação da pele.

A doença atinge todas as etnias, mas ela é clinicamente mais evidente nas pessoas de pele mais escura, pois o contraste entre as áreas pigmentadas e não pigmentadas é maior.

O vitiligo surge por disfunção dos melanócitos, que são as células responsáveis pela produção da melanina.

O que é a melanina?

Os melanócitos são as células que produzem melanina, pigmento que dá cor à nossa pele e nos protege da radiação solar.

Quando pegamos sol ficamos com a pele mais escura devido a um aumento da produção de melanina estimulado pelos raios UV-A e UV-B. Quanto mais escura é a pele, maior é a proteção quanto aos efeitos nocivos da radiação solar.

A melanina também é responsável pela cor dos cabelos e olhos. Afrodescendentes apresentam a pele e os cabelos mais escuros porque produzem muita melanina; caucasianos têm pele e cabelos mais claros pois produzem menos melanina. Albinos têm pele e cabelos muito claros, pois não produzem melanina alguma.

Quando os melanócitos sofrem mutação e se transformam em células malignas surge o melanoma, um dos tipos mais agressivos de câncer de pele (leia: Melanoma | Câncer de pele).

Como surge

As causas do vitiligo ainda não estão bem esclarecidas. Fatores genéticos parecem ser importantes, já que 20 a 30% dos pacientes com vitiligo têm história familiar positiva para a doença.

Como surge o vitiligo
Como surge o vitiligo

Atualmente acredita-se que a doença tenha uma origem autoimune na qual há uma produção inapropriada de anticorpos e linfócitos T (um tipo de glóbulo branco) contra os melanócitos.

Se você não entende bem o conceito de doença autoimune, sugerimos a leitura do nosso texto: Doença autoimune.

Corroborando com a teoria da doença autoimune, além da produção de autoanticorpos contra os melanócitos, os pacientes com vitiligo apresentam uma incidência maior de outras doenças autoimunes, tais como:

Entretanto, é importante destacar que alguns pacientes com vitiligo não apresentam história familiar positiva nem outras doenças autoimunes associadas.

Independente da causa, o fato é que a doença surge devido à destruição dos melanócitos. Quando se realiza biópsia em uma área afetada da pele é possível verificar uma ausência destas células responsáveis pela produção de melanina, pigmento natural da pele.

Sintomas

O vitiligo pode surgir em qualquer idade, porém o seu pico de incidência ocorre durante a segunda e terceira décadas de vida.

O vitiligo vulgar é subtipo mais comum e costuma causar placas de despigmentação difusas pelo corpo. Os locais mais acometidos incluem braços, mãos, pés, joelhos, umbigo, lábios e ao redor da boca, olho, nariz e genitálias.

As lesões do vitiligo são mais aparentes em pessoas com pele mais escura e se apresentam como manchas claras, em placas, onde é muito fácil delimitar a pele sadia da pele acometida. As lesões são geralmente simétricas acometendo o corpo bilateralmente. Em alguns casos, porém, o vitiligo pode ficar restrito a apenas uma metade do corpo.

O vitiligo também pode causar despigmentação de mucosas como gengivas e perda da cor de pelos e cabelos.

O vitiligo é uma doença progressiva que apresenta novas despigmentações ao longo do tempo. Todavia, alguns casos não evoluem e até 10% dos pacientes apresentam repigmentação espontânea das lesões.

Vitiligo nas mãos e braços
Vitiligo nas mãos e braços

É impossível saber de antemão como evoluirá o vitiligo em cada paciente individualmente. O quadro clínico é extremamente imprevisível, podendo variar desde poucas e pequenas lesões restritas a uma região até um vitiligo universal onde mais de 50% do corpo é acometido.

Tratamento

Em pacientes com vitiligo focal, restrito a pequenas áreas do corpo, ou naquelas que já possuem pele muito clara, o uso de maquiagem para camuflar as lesões e o protetor solar para impedir o bronzeamento das áreas sadias, evitando o aumento do contraste, costumam ser soluções satisfatórias.

Já nos pacientes com pele mais morena e com lesões disseminadas, principalmente na face, o tratamento com remédios visando a repigmentação é indicado. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, melhor; todavia, a resposta costuma variar muito de caso a caso.

O uso de pomadas de à base de corticoides costuma ser a primeira opção para pacientes com despigmentação em menos de 10% da superfície corporal. São precisos no mínimo três meses de tratamento para se notar algum resultado. Os corticoides tópicos apresentam como efeito colateral uma possível atrofia da pele, devendo o paciente ser avaliado por dermatologista a cada quatro semanas.

Uma opção aos corticoides é o tacrolimus ou o pimecrolimus tópico; porém, ainda está em investigação uma possível relação entre o uso destas duas drogas com um aumento da incidência de linfoma.

A fotoquimioterapia com componentes psoralênicos (substâncias capazes de aumentar a sensibilidade da pele aos raios ultravioletas) e subsequente exposição à radiação UV-A é comumente denominado “PUVA terapia”. Atualmente existe também a opção do uso de radiação com raios UV-B em vez de raios UV-A, não havendo necessidade de sensibilização da pele com psoralênicos. Este tratamento é feito geralmente duas a três vezes por semana por um período de 6 a 12 a meses. Os melhores resultados ocorrem naqueles com vitiligo em menos de 20% do corpo.

O uso de terapia a Laser é outra opção, porém cara e só pode ser usada em pequenas áreas.

O enxerto ou transplantes de melanócitos é uma opção nos paciente que apresentam doença estável por pelo menos dois anos. Este tratamento funciona melhor nos casos de vitiligo com acometimento unilateral.

A despigmentação total com hidroquinona é a última alternativa e costuma ser indicada nos casos mais graves, com acometimento de mais de 50% do corpo e ausência de resposta aos outros tratamentos. A despigmentação é permanente e deixa o paciente muito vulnerável aos efeitos maléficos dos raios solares.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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