Linfoma: o que é, tipos, sintomas e tratamento

Linfoma é um câncer do sistema linfático que se manifesta por gânglios inchados, fadiga e perda de peso. Pode ser classificado como linfoma de Hodgkin ou não-Hodgkin, com tratamentos que variam conforme o tipo e estágio da doença.

Dr. Pedro Pinheiro
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Linfoma

Tempo de leitura estimado do artigo: 8 minutos

Introdução

O linfoma é um tipo de câncer linfático que surge quando os linfócitos, células responsáveis pela defesa do organismo, sofrem alterações genéticas e passam a se multiplicar de forma descontrolada. Esse processo gera tumores nos linfonodos (gânglios linfáticos) e em outros órgãos do sistema linfático, como o baço e o timo.

Existem dois principais tipos de linfoma: o linfoma de Hodgkin e o linfoma não-Hodgkin. Ambos são cânceres do sistema linfático, mas apresentam diferenças importantes em relação à biologia das células, ao comportamento clínico e ao tratamento.

Os linfomas, junto com a leucemia, o mieloma múltiplo e a síndrome mielodisplásica, fazem parte dos chamados cânceres hematológicos, que se originam nas células do sangue, especialmente nos glóbulos brancos, também conhecidos como leucócitos.

Linfoma é um termo genérico que abrange dezenas de subtipos diferentes, com comportamentos que variam de formas muito agressivas, que progridem rapidamente, a formas indolentes, que podem evoluir lentamente ao longo de anos.

Nos últimos anos, o número de casos de linfoma tem aumentado em todo o mundo, e ele já se encontra entre os 10 tipos de câncer mais comuns. Pode afetar pessoas de qualquer idade, incluindo crianças, adultos jovens e idosos. Casos famosos, como os da ex-presidenta Dilma Rousseff e do ator Reynaldo Gianecchini, ajudaram a aumentar o conhecimento da população sobre a doença.

Se você chegou até aqui buscando entender melhor o que é linfoma, quais são seus sintomas, quais os tipos mais comuns, se tem cura ou como é o tratamento, a revisão do assunto feita aqui neste artigo com certeza será útil.

O que é o sistema linfático?

Para entender o que é o linfoma e como ele se diferencia de outras doenças como a leucemia, é fundamental compreender o funcionamento do sistema linfático — uma rede complexa de vasos, órgãos e estruturas que atua em paralelo à circulação sanguínea e desempenha papéis vitais no equilíbrio de fluidos corporais e na defesa imunológica.

O sistema linfático é composto por:

  • Vasos linfáticos: semelhantes aos vasos sanguíneos, mas responsáveis por transportar a linfa, um líquido claro e rico em glóbulos brancos, também chamados de leucócitos.
  • Linfonodos (ou gânglios linfáticos): estruturas que funcionam como centros de filtragem e combate a micro-organismos;
  • Órgãos linfáticos: como o baço, o timo e as amígdalas, que também produzem e amadurecem linfócitos (um tipo de leucócito).

As principais funções do sistema linfático são:

  1. Drenagem de líquidos: recolher o excesso de líquido que escapa dos vasos sanguíneos para os tecidos — evitando inchaços — e devolvê-lo à circulação.
  2. Transporte de gorduras: as gorduras absorvidas no intestino passam primeiro pelo sistema linfático antes de entrarem na corrente sanguínea.
  3. Circulação de linfócitos: os linfócitos, um tipo específico de glóbulo branco, circulam pelo sangue e pela linfa, atuando na vigilância e resposta imunológica.
  4. Defesa imunológica: os linfonodos funcionam como pequenas “delegacias” do sistema imunológico, onde os linfócitos patrulham e combatem vírus, bactérias e outras ameaças.

A linfa, líquido transportado pelos vasos linfáticos, é composta por plasma, proteínas, resíduos celulares e, principalmente, glóbulos brancos. Ao circular pelo corpo, ela passa pelos linfonodos, que estão repletos de células de defesa prontas para identificar e destruir agentes infecciosos ou células anormais.

Sistema linfático
Sistema linfático

Analogia útil: podemos pensar que os linfócitos são os “policiais” do sistema imunológico, e os linfonodos, suas “delegacias”. Se algo suspeito aparece, é lá que será analisado e combatido.

Após essa “filtragem”, a linfa é devolvida à corrente sanguínea. Órgãos como o baço e o timo, por sua vez, funcionam como grandes centros de comando e maturação dessas células de defesa. Grosseiramente, podemos imaginar esses órgãos funcionando como grandes linfonodos.

Esse sistema, embora muitas vezes pouco lembrado, é essencial para a proteção do corpo. É justamente nas suas estruturas — linfonodos, baço, timo, etc. — que podem surgir os linfomas, quando um linfócito sofre uma mutação e começa a se multiplicar de maneira descontrolada.

O que é um linfoma?

Como referido na introdução, o Linfoma é um tipo de câncer que se desenvolve nas células do sistema linfático, especialmente nos linfócitos, que são glóbulos brancos responsáveis por combater infecções. Como vimos, essas células circulam pelo sangue e pelos vasos linfáticos, além de se concentrarem em estruturas como os linfonodos (gânglios linfáticos), o baço, o timo e outros órgãos linfoides.

Quando um linfócito sofre uma mutação maligna, ele pode começar a se multiplicar de forma descontrolada, dando origem a um tumor. Se essa transformação ocorre em um linfonodo ou outro órgão do sistema linfático, o resultado é um linfoma. Se, por outro lado, a mutação ocorre na medula óssea — local onde essas células são produzidas — e as células cancerígenas são liberadas diretamente no sangue, temos uma leucemia.

Utilizando a analogia previamente mencionada, podemos dizer que:

  • A leucemia é um câncer dos “policiais” (linfócitos que circulam no sangue);
  • O linfoma é o câncer da “delegacia” (os locais onde esses linfócitos ficam estacionados e se organizam, como os linfonodos).

É importante destacar que o linfoma não é uma única doença, mas sim um grupo de doenças com características variadas, que incluem subtipos mais agressivos e outros de crescimento lento (indolentes).

Cada um desses grupos apresenta diferentes formas de apresentação, tratamento e prognóstico, e essa distinção só pode ser feita por meio da biópsia e análise das células afetadas.

Linfoma de Hodgkin e não-Hodgkin

O linfoma foi descrito pela primeira vez em 1832 por Thomas Hodgkin, um médico britânico que identificou alterações específicas nos linfonodos de pacientes com uma forma particular de câncer. Desde então, os estudos sobre os linfomas evoluíram enormemente, e hoje sabemos que existem mais de 40 subtipos diferentes de linfoma, que são divididos em duas grandes categorias:

  • Linfoma de Hodgkin.
  • Linfoma não-Hodgkin.

Apesar de ambos se originarem dos linfócitos, essas duas formas de linfoma apresentam diferenças importantes em termos de biologia, comportamento clínico, tratamento e prognóstico.

Linfoma de Hodgkin

O linfoma de Hodgkin é caracterizado pela presença de células cancerígenas específicas chamadas células de Reed-Sternberg, que são linfócitos B alterados de forma marcante. Essas células são visíveis ao microscópio e representam a principal forma de diagnóstico diferencial em relação ao linfoma não-Hodgkin.

Embora represente uma menor parcela dos casos (cerca de 10% de todos os linfomas), o linfoma de Hodgkin costuma ter ótima resposta ao tratamento, especialmente quando diagnosticado precocemente. Afeta com maior frequência adolescentes, adultos jovens e pessoas acima dos 60 anos.

Linfoma não-Hodgkin

O linfoma não-Hodgkin representa cerca de 90% dos casos e engloba uma grande variedade de subtipos, cada um com características próprias. Alguns são de crescimento rápido (linfomas agressivos), enquanto outros crescem lentamente ao longo de anos (chamados de indolentes). Entre os tipos mais comuns de linfoma não-Hodgkin estão:

  • Linfoma difuso de grandes células B (forma agressiva mais comum).
  • Linfoma folicular (forma indolente mais frequente).
  • Linfoma de Burkitt.
  • Linfoma de células do manto.
  • Linfoma linfoblástico.

O diagnóstico e a classificação do tipo de linfoma só podem ser feitos por meio da biópsia de um linfonodo acometido, seguida de análise histológica e imunofenotípica.

Diferenças principais

A distinção entre linfoma de Hodgkin e não-Hodgkin se baseia principalmente em:

  • Tipo celular: presença ou ausência das células de Reed-Sternberg;
  • Padrão de disseminação: o linfoma de Hodgkin tende a se espalhar de forma mais ordenada pelos linfonodos, enquanto o não-Hodgkin pode se disseminar de maneira mais imprevisível;
  • Resposta ao tratamento: o linfoma de Hodgkin costuma responder melhor à quimioterapia, especialmente em estágios iniciais.

Em termos de aparência celular, podemos dizer que as células malignas do linfoma de Hodgkin sofrem alterações tão marcantes que se tornam muito diferentes das células normais dos tecidos linfoides. Já no linfoma não-Hodgkin, apesar da transformação maligna, as células ainda preservam parte de suas características originais. Essa diferença só pode ser detectada por meio da análise microscópica do tecido afetado.

Importante: apesar das diferenças, ambos os tipos de linfoma podem ser tratados com sucesso, principalmente quando o diagnóstico é feito precocemente.

Se você quiser entender melhor como uma célula vira câncer, sugiro a leitura de: Câncer | Sintomas e tipos.

Causas do linfoma

As causas exatas do linfoma ainda não são completamente compreendidas. Como ocorre com muitos tipos de câncer, acredita-se que o surgimento da doença esteja relacionado a uma combinação de fatores genéticos, ambientais e imunológicos que levam à transformação maligna dos linfócitos. No entanto, ao contrário de outros cânceres, o linfoma geralmente não está associado a hábitos como tabagismo, alcoolismo ou alimentação.

Embora não se conheça um fator único causador da doença, diversos fatores de risco estão bem estabelecidos:

1. Infecções virais e bacterianas

  • Vírus Epstein-Barr (EBV): conhecido por causar a mononucleose infecciosa, está fortemente associado ao linfoma de Burkitt e a alguns casos de linfoma de Hodgkin.
  • HIV (vírus da imunodeficiência humana): pacientes com AIDS têm risco significativamente maior de desenvolver linfomas, especialmente tipos agressivos.
  • HTLV-1: vírus pouco comum no Brasil, mas relacionado a certos linfomas de células T.
  • Helicobacter pylori: a bactéria H.pylori associada a úlceras gástricas e ao linfoma MALT, um tipo de linfoma não-Hodgkin que afeta o estômago.

2. Imunossupressão

Pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, seja por doenças, como o HIV, ou por uso prolongado de medicamentos imunossupressores (comuns em pacientes transplantados ou com doenças imunológicas), têm risco aumentado de desenvolver linfoma.

3. Doenças autoimunes

Doenças de origem autoimune, como lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide e síndrome de Sjögren têm sido associadas a um risco maior de linfoma, especialmente do subtipo não-Hodgkin.

4. História familiar

Embora a maioria dos casos de linfoma ocorra esporadicamente, ter parentes de primeiro grau com linfoma pode aumentar discretamente o risco de desenvolvimento da doença.

5. Exposição a agentes ambientais

A exposição ocupacional a pesticidas, herbicidas, solventes orgânicos e radiação ionizante tem sido investigada como possível fator de risco, embora os dados ainda sejam inconclusivos.

Importante: a presença de um ou mais desses fatores de risco não significa que a pessoa necessariamente terá linfoma, assim como a ausência deles não garante imunidade. A maioria dos casos surge sem uma causa claramente identificável.

Sintomas do linfoma

Os sintomas do linfoma são, em sua maioria, inespecíficos e podem se confundir com os de diversas outras condições clínicas. Por isso, o diagnóstico muitas vezes demora a ser estabelecido. Em alguns casos, a doença é descoberta de forma incidental durante exames de imagem feitos por outros motivos.

Sintomas gerais (constitucionais)

Entre os sintomas mais comuns e precoces dos linfomas estão:

  • Aumento indolor dos linfonodos (ínguas), especialmente no pescoço, axilas ou virilha;
  • Febre de origem inexplicada, geralmente persistente;
  • Suores noturnos excessivos, que chegam a molhar roupas e lençóis;
  • Perda de peso não intencional, geralmente maior que 10% do peso corporal em poucos meses;
  • Fadiga intensa e persistente (astenia);
  • Coceira na pele (prurido), que pode ser localizada ou generalizada, sem lesões visíveis.

O sinal mais característico dos linfomas: linfonodos aumentados

Um dos achados mais típicos do linfoma é o surgimento de linfonodos aumentados (ínguas), que não doem, não regridem espontaneamente e continuam crescendo com o tempo. Diferentemente do aumento dos linfonodos causados por infecções comuns — como dor de garganta, aftas ou infecções de pele —, os linfonodos do linfoma são persistentes, indolores e muitas vezes localizados em regiões incomuns, como:

  • Acima da clavícula.
  • Axilas.
  • Pescoço (íngua no pescoço).
  • Região abdominal ou pélvica (não palpáveis, mas vistos em exames de imagem).

Em quadros infecciosos, os linfonodos aumentam como parte da resposta imunológica e desaparecem após a resolução da infecção. No linfoma, os linfonodos são o próprio tumor.

Outros sinais possíveis

  • Aumento do baço (esplenomegalia): pode causar sensação de plenitude abdominal, dor ou desconforto.
  • Dor abdominal: especialmente nos linfomas que afetam linfonodos mesentéricos.
  • Tosse persistente ou falta de ar: em casos de linfoma no mediastino (região entre os pulmões).
  • Compressão de órgãos adjacentes, levando a sintomas locais diversos.

Diferença entre os tipos de linfoma

Embora os sintomas sejam semelhantes nos dois grandes grupos de linfoma, há algumas tendências:

  • O linfoma de Hodgkin é mais frequentemente associado a suores noturnos, febre e perda de peso — os chamados sintomas B — e costuma afetar jovens adultos.
  • O linfoma não-Hodgkin pode se manifestar de forma muito variada, desde formas indolentes (com sintomas mínimos) até quadros agressivos de rápida progressão.

Quando suspeitar de linfoma?

É importante procurar avaliação médica quando houver:

  • Íngua persistente por mais de 2-4 semanas, sem dor e sem causa aparente;
  • Perda de peso inexplicada;
  • Suores noturnos intensos e febre sem foco infeccioso claro;
  • Fadiga anormal, especialmente se associada a outros sintomas citados.

O diagnóstico definitivo do linfoma é feito por meio de biópsia do linfonodo aumentado, seguida de análise anatomopatológica e imunohistoquímica.

Tratamento dos linfomas

O tratamento do linfoma depende de diversos fatores, como o tipo (Hodgkin ou não-Hodgkin), o subtipo celular, o estágio da doença, a idade e o estado geral de saúde do paciente. A decisão terapêutica é sempre individualizada, sendo definida por um hematologista com base em exames clínicos e laboratoriais detalhados.

De forma geral, os principais recursos terapêuticos incluem:

Quimioterapia

É a base do tratamento da maioria dos linfomas, tanto Hodgkin quanto não-Hodgkin. Existem esquemas padronizados e eficazes que combinam diferentes medicamentos para destruir as células malignas.

No linfoma de Hodgkin, o protocolo mais utilizado é o ABVD, cujas iniciais correspondem aos quatro quimioterápicos principais:

  • Adriamicina (doxorrubicina).
  • Bleomicina.
  • Vinblastina.
  • Dacarbazina.

Esse esquema é administrado em ciclos e apresenta altas taxas de sucesso, especialmente quando o diagnóstico é feito em estágios iniciais.

Para o linfoma não-Hodgkin, especialmente os subtipos agressivos como o linfoma difuso de grandes células B, é comum o uso do protocolo CHOP, que inclui:

  • Ciclofosfamida.
  • Hidroxi-daunorrubicina (outro nome para doxorrubicina).
  • Oncovin (nome comercial da vincristina).
  • Prednisona (corticosteroide).

Esse esquema geralmente é combinado com o rituximabe (R-CHOP), um anticorpo monoclonal que reconhece e destrói as células B tumorais, elevando ainda mais a taxa de resposta ao tratamento.

Radioterapia

A radioterapia pode ser indicada em casos selecionados, especialmente quando há doença localizada ou como complemento à quimioterapia. É mais comum no linfoma de Hodgkin, particularmente nos estágios iniciais.

Imunoterapia e terapias-alvo

Nos últimos anos, o tratamento do linfoma evoluiu significativamente com o desenvolvimento de medicamentos mais específicos, que atacam alvos moleculares presentes nas células tumorais, poupando em parte as células normais.

Esses tratamentos são chamados de terapias-alvo ou imunoterapias, e têm se mostrado especialmente úteis em casos de linfoma refratário (que não responde ao tratamento convencional) ou em recaída (quando a doença retorna após a remissão).

Essas terapias se dividem principalmente em duas categorias:

a) Anticorpos monoclonais

São proteínas produzidas em laboratório que reconhecem marcadores específicos na superfície das células malignas. O exemplo mais conhecido é o rituximabe, que se liga à proteína CD20 presente nas células B — tipo de linfócito frequentemente envolvido nos linfomas não-Hodgkin.

  • O rituximabe é frequentemente usado em combinação com quimioterapia (como no esquema R-CHOP).
  • Outros anticorpos mais modernos incluem o obinutuzumabe e o brentuximabe vedotina, este último usado principalmente em alguns casos de linfoma de Hodgkin e linfomas de células T.

b) Inibidores de vias celulares (terapias-alvo pequenas moléculas)

Esses medicamentos interferem diretamente em mecanismos bioquímicos internos das células tumorais, bloqueando sinais que promovem seu crescimento e sobrevivência.

Exemplos:

  • Ibrutinibe: inibidor da tirosina quinase de Bruton (BTK), usado em linfomas de células do manto e linfomas linfocíticos.
  • Idelalisibe: inibidor da PI3K, utilizado em alguns linfomas indolentes.
  • Venetoclax: inibe a proteína BCL-2, que impede a morte celular programada (apoptose).

c) Imunoterapia avançada (em uso mais restrito)

  • A terapia com células CAR-T (Chimeric Antigen Receptor T-Cells), em que linfócitos T do próprio paciente são modificados geneticamente para atacar as células do linfoma, é uma abordagem de ponta indicada para casos muito específicos, geralmente em pacientes com doença avançada e refratária a múltiplos tratamentos.


A quimioterapia destrói todas as células que se dividem rapidamente. Já as terapias-alvo e imunoterapias são como “mísseis guiados”, que reconhecem características específicas das células doentes, com menos efeitos colaterais e maior precisão.

Transplante de medula óssea

Indicado para casos que não respondem bem à quimioterapia convencional ou que apresentam recidiva da doença. O transplante pode ser autólogo (com as próprias células-tronco do paciente) ou alogênico (com células de um doador compatível).

Conduta expectante

Em alguns linfomas indolentes, de crescimento muito lento, o médico pode optar por não iniciar o tratamento imediatamente, especialmente se o paciente for idoso, assintomático ou apresentar doença estável. Esse acompanhamento é chamado de conduta expectante, com consultas periódicas e exames regulares. A quimioterapia só é iniciada se houver progressão da doença ou aparecimento de sintomas.

Importante: o tratamento do linfoma é altamente eficaz em muitos casos. Com os protocolos atuais, muitos pacientes conseguem atingir a remissão completa, especialmente nos casos de linfoma de Hodgkin ou linfomas agressivos identificados precocemente.

Prognóstico: o linfoma tem cura?

Uma das perguntas mais frequentes ao se receber um diagnóstico de câncer é: “Essa doença tem cura?” No caso dos linfomas, a resposta é: sim, muitos casos têm cura, especialmente quando o diagnóstico é feito precocemente e o tratamento é adequado ao tipo específico de linfoma.

No entanto, o prognóstico do linfoma é bastante variável, pois existem dezenas de subtipos com comportamentos muito diferentes. A taxa de cura, o tempo de sobrevida e a resposta ao tratamento dependem de fatores como:

  • O tipo de linfoma (Hodgkin ou não-Hodgkin);
  • O subtipo celular específico;
  • O estágio da doença no momento do diagnóstico;
  • A idade e o estado geral de saúde do paciente;
  • A resposta ao tratamento inicial.

Linfoma de Hodgkin

O linfoma de Hodgkin é, em geral, uma das neoplasias hematológicas com melhor prognóstico. Quando diagnosticado precocemente, as taxas de cura com quimioterapia (com ou sem radioterapia) ultrapassam 80%. Mesmo em fases mais avançadas, muitos pacientes conseguem obter remissão completa com os protocolos atuais.

Linfoma não-Hodgkin

Os linfomas não-Hodgkin são muito mais heterogêneos. Para fins didáticos, eles costumam ser divididos em duas grandes categorias:

1. Linfomas indolentes (baixo grau de agressividade)

São linfomas de crescimento lento, que podem evoluir por anos antes de provocarem sintomas mais evidentes. Exigem acompanhamento contínuo, mas nem sempre precisam de tratamento imediato. Quando tratados, geralmente respondem bem, mas as chances de cura definitiva são menores, especialmente em estágios avançados.

Exemplos:

  • Linfoma folicular.
  • Linfoma MALT.
  • Linfoma de pequenas células.
  • Macroglobulinemia de Waldenström.

Muitos pacientes com linfoma indolente vivem 10, 15 ou até 20 anos com a doença controlada, especialmente se forem idosos e sem comorbidades significativas.

2. Linfomas agressivos (alto grau de agressividade)

São tumores que evoluem rapidamente e, se não tratados, podem levar ao óbito em poucos meses. Por outro lado, tendem a responder muito bem à quimioterapia, e a taxa de cura pode ser elevada quando o tratamento é iniciado precocemente.

Exemplos:

  • Linfoma difuso de grandes células B.
  • Linfoma de Burkitt.
  • Linfoma linfoblástico.
  • Linfoma de células do manto.
  • Linfoma primário do mediastino de grandes células B.

Em casos mais avançados ou com recaídas, novas terapias como anticorpos monoclonais, inibidores moleculares e até CAR-T cell vêm oferecendo opções terapêuticas eficazes e inovadoras.


Referências


Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.


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