Incontinência Urinária : tipos e fatores de risco

Dr. Pedro Pinheiro

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Incontinência urinária

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O que é incontinência urinária?

Incontinência urinária é a perda da capacidade de controlar a bexiga, causando vazamentos involuntários de urina.

A incontinência urinária é uma situação extremamente comum, principalmente em mulheres acima dos 60 anos. O seu maior problema é o constrangimento, que em alguns casos pode ser tão grande que a paciente nem sequer relata-o ao seu médico. Apesar de ocorrer tipicamente em mulheres mais velhas, a incontinência urinária também pode acometer mulheres jovens e homens.

Como controlamos a urina?

Para entender por que surge a incontinência urinária é preciso antes conhecer o funcionamento normal da bexiga e da uretra.

Começando pelo básico. A urina é produzida pelos rins, escoada pelos ureteres, armazenada na bexiga e eliminada através da uretra.

A bexiga é órgão responsável por armazenar temporariamente a urina produzida pelos rins ao longo do dia. Quando o volume de urina se aproxima de 200-300 ml, o estiramento da parede da bexiga envia sinais ao cérebro, causando-nos a desconfortável sensação de precisar urinar. Quanto mais cheia a bexiga, mais forte é a vontade.

Os rins produzem urina de forma ininterrupta, drenando continuamente pequenos volumes em direção à bexiga. Isto significa que temos sempre algum volume de urina na bexiga durante todo o dia, mesmo quando não estamos com vontade de urinar. Em alguns momentos, podemos ter até 200 ml de urina armazenados na bexiga sem nos darmos conta disso.

Mas como é que impedimos que essa urina armazenada saia da bexiga, já que não passamos o dia fazendo força para não urinar?

Quando a bexiga está vazia ou com pequeno volume de urina, os nervos da bexiga enviam sinais ao cérebro comunicando esta situação. Neste momento, a musculatura da bexiga encontra-se relaxada, facilitando o armazenamento de urina proveniente dos rins. Ao mesmo tempo o cérebro comanda os músculos ao redor da uretra fazendo com que os mesmo fiquem contraídos. Essa contração é involuntária e imperceptível. O resultado final é uma baixa pressão na bexiga relaxada e uma alta pressão na uretra contraída, impedindo a saída de urina.

A uretra fica contraída graças a um grupo de músculos que compõe o esfíncter uretral ou esfíncter urinário. Além do esfíncter, outros músculos da região pélvica também agem controlando a pressão na uretra, mantendo-a fechada.

Quando a bexiga fica cheia, sua dilatação envia estímulos ao cérebro para urinar. Neste momento, o processo de fechamento da uretra começa a tornar cada vez menos involuntário e passa a depender de um esforço ativo dos esfíncteres e da musculatura pélvica. Ao mesmo tempo, a musculatura da bexiga, chamada de músculo detrusor, começa a reduzir seu relaxamento em um processo para iniciar o esvaziamento a bexiga. Quanto mais cheia a bexiga, maior a pressão dentro desta e maior a necessidade de fazermos força para segurar a urina.

Quando urinamos, o detrusor (músculo da bexiga) se contrai, espremendo a bexiga e expulsando o volume de urina do seu interior. Concomitantemente, o esfíncter urinário e os músculos da pelve relaxam, abrindo a uretra e permitindo o escoamento da urina.

Portanto, o ato de urinar e de prender a urina dependem do bom funcionamento e sincronia dos nervos e da musculatura da bexiga e da uretra.

Tipos de incontinência urinária

Incontinência urinária de esforço

A incontinência urinária de esforço é aquela em que ocorre perda involuntária de urina quando há um aumento na pressão intra-abdominal, ou seja, quando tossimos, espirramos, rimos, pulamos ou quando fazemos qualquer esforço que use a musculatura abdominal. Todo aumento da pressão abdominal também causa um aumento da pressão na bexiga. Em pessoas sem problemas, este aumento de pressão não é suficiente para vencer o esfíncter urinário, por isso, a maioria dos indivíduos não perde urina aos esforços.

A incontinência urinária de esforço é causada na maior parte dos casos por uma fraqueza nos músculo da região pélvica, fazendo com que haja um mau funcionamento do esfíncter urinário, permitindo a perda de urina toda vez que houver aumento súbito da pressão dentro da bexiga.

A incontinência urinária de esforço pode ser causada pela gravidez, por lesão da musculatura pélvica durante o parto vaginal, por uma cirurgia na região pélvica ou pelo enfraquecimento natural da musculatura ao longo dos anos.

Incontinência urinária de urgência

A incontinência urinária de urgência é aquela que ocorre por uma hiperatividade do detrusor, músculo que contrai a bexiga. A bexiga apresenta súbitas contrações, causando urgência para urinar, o que, em alguns casos, costuma fazer com que o paciente urine antes ter tempo de chegar ao banheiro. Esse tipo de incontinência urinária também é chamada de bexiga hiperativa.

A incontinência urinária de urgência pode ocorrer devido ao envelhecimento da bexiga, queda nos níveis de estrogênio (menopausa), doenças neurológicas como Parkinson (leia: DOENÇA DE PARKINSON | Sintomas e tratamento), infecção urinária (leia: INFECÇÃO URINÁRIA | Cistite) e outras causas que citaremos mais abaixo.

PaAra saber mais detalhes sobre a bexiga hiperativa, leia: BEXIGA HIPERATIVA- Causas, Sintomas e Tratamento.

Incontinência urinária mista

A Incontinência urinária mista é aquela que apresenta características dos dois tipos de incontinência citados anteriormente, ou seja, um esfíncter incompetente associado a uma bexiga que contrai involuntariamente. É, na verdade, a apresentação mais comum de incontinência urinária.

Incontinência urinária de sobrefluxo

A incontinência urinária de sobrefluxo é aquela que ocorre por obstruções à saída de urina, fazendo com que a bexiga permaneça constantemente cheia. Ao contrário dos outros tipos de incontinência, este caso é mais comum nos homens, principalmente naqueles com doença da próstata, seja hiperplasia benigna, seja câncer de próstata (leia: CÂNCER DE PRÓSTATA | Hiperplasia benigna da próstata). O crescimento da próstata comprime a uretra e faz com que a bexiga tenha que suportar grandes volumes de urina. Quando a bexiga fica muito, mas muito cheia, a pressão do líquido é tão grande que acaba vencendo a resistência causada pela próstata, fazendo com que o paciente não tenha controle da hora que vai urinar.

Pessoas com doenças que causem lesão dos nervos ou dos músculos da bexiga, também apresentam dificuldades em esvaziá-la, podendo apresentar incontinência urinária de sobrefluxo.

Independente da causa, o mecanismo inicial da incontinência é sempre o mesmo, hiperatividade da bexiga, hipoatividade da bexiga, obstrução à passagem da urina ou um esfíncter urinário incompetente. Deve-se destacar que é muito comum o paciente com incontinência urinária apresentar mais de um destes mecanismo ao mesmo tempo.

Existe também a incontinência urinária causada por incapacidade do paciente, como nos casos de demência ou lesão neurológica grave.

Abaixo, citaremos as doenças e condições que mais comumente levam a incontinência urinária.

Fatores de risco para incontinência urinária

Diagnóstico

A avaliação inicial da incontinência urinária inclui uma avaliação da história clínica do paciente e um exame simples de urina (leia:EXAME DE URINA | Entenda seus resultados). O médico também costuma fazer testes como pedir para o paciente tossir ou fazer força com abdômen para identificar visualmente o vazamento de urina.

O teste de urodinâmica também pode ser usado para avaliação da incontinência. O exame é feito com a inserção de um cateter pela uretra e a medição da pressão da bexiga com diferentes volumes de líquido. Deste modo é possível saber se a bexiga suporta volumes de normais de urina.

Uma ultrassonografia da bexiga também pode ser usada para avaliar se há sinais de obstrução e se a bexiga consegue esvaziar-se por completo.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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