Micose na virilha (tinea cruris)

A tinea cruris, também conhecida como micose da virilha ou coceira de jóquei, é uma infeção por fungo extremamente comum. Essa micose pertence a um grupo de infecções fúngicas da pele chamado tinea ou dermatofitoses, que são provocadas pelos fungos dos gêneros Trichophyton, Microsporum ou Epidermophyton.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Micose virilha

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O que é tinea cruris?

A tinea cruris, também conhecida como micose da virilha ou coceira de jóquei, é uma infeção por fungo extremamente comum. Essa micose pertence a um grupo de infecções fúngicas da pele chamado tínea, impinge ou dermatofitoses, que são provocadas pelos fungos dos gêneros Trichophyton, Microsporum ou Epidermophyton.

As dermatofitoses podem acometer diversas áreas do corpo, como couro cabeludo (tinea capitis), pés (tinea pedis), barba (tinea barbae), unhas (tinea unguium) ou tronco e membros (tinea corporis).

A infecção fúngica que acomete a região genital, coxa, nádegas e virilhas é chamada tinea cruris. A micose da virilha é a segunda dermatofitose mais comum, perdendo apenas para a tínea pedis, a micose dos pés, popularmente conhecida como frieira.

A tinea cruris é normalmente uma infecção leve e inofensiva, mas que pode ser espalhar rapidamente para as áreas ao redor se estiver em locais quentes e úmidos, como costumam ser as regiões de dobras das coxas e das nádegas.

A tinea cruris é mais comum em homens e meninos adolescentes e provoca lesões de pele avermelhadas que coçam bastante.

Causas

A imensa maioria dos casos de micose na virilha são causados pelo fungo Trichophyton rubrum. Esse fungo pode ser um habitante normal da pele, sem necessariamente provocar doenças, já que o nosso sistema imunológico consegue mantê-lo sob controle, desde que a pele mantenha-se limpa e seca. Em épocas de maior calor, porém, algumas áreas do corpo ficam constantemente úmidas e quentes, tal como a virilha e a região genital, favorecendo a proliferação de fungos, o que resulta nas micoses.

O fungo Trichophyton rubrum, que provoca a coceira de jóquei, é o mesmo que causa a frieira (pé de atleta). Por isso, em muitos casos, o paciente tem dermatofitose nos pés e na virilha ao mesmo tempo.

Como se pega tinea cruris

A tinea cruris é uma infecção contagiosa transmitida por fômites, como toalhas, lençóis ou roupas contaminadas com o fungo.

A micose na virilha também pode ocorrer como auto-contaminação pela micose dos pés (frieira). O paciente, após mexer nos pés, pode ter suas mãos contaminadas com o fungo, levando-os até a região da virilha. Ter relações sexuais com uma pessoa infectada também é uma forma de contágio.

Todavia, não basta ter contato com o fungo para desenvolver micose. Para o microrganismo vencer nosso sistema imunológico, ele precisa encontrar um meio propício para sua multiplicação. Calor, umidade e ausência de luz são as condições mais adequadas para a proliferação de fungos.

A virilha é muito propícia à ocorrência de infecções fúngicas, pois, além de passar grande parte do dia coberta, é uma região de dobras e com pelos que permanece frequentemente úmida e quente.

Épocas de calor, uso de roupas quentes e apertadas, excesso de suor, permanecer com roupas de banho molhadas por muito tempo, má higiene pessoal e não trocar com frequência as roupas interiores são fatores que favorecem o desenvolvimento da tina cruris.

Outros fatores de risco para o aparecimento da micose na virilha são:

As micoses de pele ocorrem com mais frequências nas pessoas com sistema imunológico fraco, todavia, também são muito comuns em indivíduos sadios, sem qualquer problema de saúde.

Sintomas

Os principais sintomas da micose na virilha são coceira e vermelhidão local, chamada de rash. A área inflamada pode apresentar alguma ardência, tornando incômodo o uso de certos tipos de roupa interior.

A tinea cruris começa geralmente com uma placa avermelhada na face interna de uma ou ambas as coxas, com bordas bem demarcadas. Quando causada pelo fungo Trichophyton rubrum, a doença costuma se estender para baixo, sobre as coxas e até na região pubiana e glúteos. As lesões costumam se expandir em forma de círculos.

Em metade dos casos o paciente também apresenta outro tipo de tinea, geralmente tinea pedis (frieira).

No sexo masculino, a bolsa escrotal e o pênis são habitualmente poupados. Este é um detalhe importante, pois ajuda na distinção entre a tinea cruris e a infecção por cândida, já que a candidíase na região inguinal em homens muitas vezes acomete a bolsa escrotal.

Tinea cruris
Tinea cruris

O diagnóstico pode ser confirmado com uma raspagem da lesão e avaliação microscópica do material à procura de fungos. Como a cândida e os dermatófitos são fungos com aspectos distintos, é possível distingui-los através do exame microscópico.

Para ver mais imagens das lesões típicas da tinea cruris, acesse o seguinte link: Fotos de micose na virilha (tinea cruris).

Tratamento (melhores pomadas)

O tratamento da micose na virilha pode ser feito com pomadas antifúngicas, muitas delas vendidas sem necessidade de receita médica. O tratamento deve ser feito por 2 a 4 semanas.

Existem diversas opções de tratamento tópico da micose de virilha com cremes ou pomadas. As mais indicadas para tinea cruris são as que contêm um dos seguintes antifúngicos:

  • Cetoconazol: creme a 2%, aplicar 1 vez ao dia.
  • Miconazol: creme a 2%, aplicar 2 vezes ao dia.
  • Tioconazol: creme a 1%, aplicar 2 vezes por dia.
  • Clotrimazol: creme a 1%, aplicar 2 vezes por dia.
  • Oxiconazol: creme a 1%, aplicar 1 a 2 vezes por dia.
  • Ciclopirox: creme a 0,77%, aplicar 2 vezes ao dia.
  • Butenafina: creme a 1%, aplicar 1 vez ao dia.
  • Naftifina: creme a 1 ou 2%, aplicar 1 vez ao dia.
  • Terbinafina: creme a 1%, aplicar 1 a 2 vezes por dia.
  • Tolnaftato: creme a 1%, aplicar 2 vezes por dia.

As seis primeiras substâncias da lista têm ação contra dermatófitos e Candida. As quatro últimas tratam as dermatofitoses, mas são menos eficazes contra Candida.

Cremes ou pomadas à base de nistatina servem para candidíase, mas não para dermatofitoses, não sendo indicadas para o tratamento da tinea cruris.

Deve-se evitar pomadas que contenham corticoides na sua fórmula, tais como betametasona ou triancinolona, pois estas substâncias podem atrapalhar o tratamento e mascarar os sintomas.

Em casos de pacientes imunossuprimidos, ou quando o tratamento com pomadas não dá resultado, medicamentos por via oral, como griseofulvina, fluconazol ou terbinafina podem ser prescritos.

Como a tinea pedis (frieira) e a onicomicose (micose de unha) são fatores de risco para a tinea cruris, é importante também tratar as duas condições para diminuir o risco de recorrência da micose na virilha.

Aplicação diária de talco na região inguinal para manter a área seca ajuda a prevenir recorrências.

Os pacientes devem ser aconselhados a evitar banhos quentes e roupas apertadas. Os homens devem usar cuecas largas, de preferência boxers (cueca samba-canção). Mulheres devem usar calcinha de algodão e evitar calças apertadas.

Após o banho, a área inguinal deve ficar bem seca. Sugere-se separar uma toalha para secar a área infectada e outra para o resto do corpo. Não use a mesma roupa interior após o banho.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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