Síndrome da fadiga crônica: o que é, sintomas e tratamento

Dr. Pedro Pinheiro

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Tempo de leitura estimado do artigo: 2 minutos

O que é a síndrome da fadiga crônica?

A síndrome da fadiga crônica (SFC), também chamada de encefalomielite miálgica ou doença sistêmica de intolerância ao esforço, é um quadro caracterizado por fadiga persistente, que não está relacionada com exercício físico e não melhora de forma relevante com repouso. A doença costuma vir acompanhada de outros sintomas e tem duração maior que seis meses.

A SFC é uma doença controversa e de difícil explicação, sendo muito frustrante de se lidar, não só para os pacientes como também para os médicos, pois ainda não se conseguiu estabelecer definitivamente suas causas, o diagnóstico é difícil de ser feito e o tratamento atual é pouco efetivo.

Apesar de não diminuir a expectativa de vida do paciente acometido, a síndrome da fadiga crônica pode ser considerada uma doença grave, devido à grande queda na qualidade de vida que a mesma pode causar.

É importante saber que existem diferenças entre possuir a síndrome da fadiga crônica e apresentar fadiga com frequência. Na verdade, apenas 10% dos pacientes que se queixam de cansaço crônico, efetivamente possuem critérios para o diagnóstico da síndrome da fadiga crônica.

Para ler sobre outras causas de cansaço prolongado: 11 Causas de cansaço persistente.

Sintomas

Além da fadiga crônica que dá o nome a doença, os pacientes com esta síndrome também costumam apresentar os seguintes sintomas:

1. Dificuldade de concentração e “memória fraca”.
2. Dor de garganta.
3. Dor muscular.
4. Dor articular.
5. Dor de cabeça.
6. Dificuldades em dormir.
7. Linfonodos discretamente aumentados e dolorosos.
8. Exaustão após esforço físico ou mental, mesmo após 24 horas de repouso.

Esses são os sintomas clássicos, porém, vários outros podem ocorrer como tonturas, diarreia, alergias, etc.

É importante destacar que o exame físico costuma ser normal. O paciente se queixa de dores, mas nenhuma lesão é encontrada, queixa-se de febre, mas o termômetro nunca a mostra, os linfonodos dolorosos são normais à biópsia e a eletroneuromiografia não consegue comprovar a fraqueza muscular.

Esta incapacidade em se documentar as queixas dos pacientes muitas vezes levam a uma errada interpretação de que estão fingindo ter uma doença. Porém, assim como na fibromialgia, a síndrome da fadiga crônica deve ser encarada como uma doença de verdade, evitando-se a estigmatização dos pacientes.

Causas

Apesar de todos os esforços, as causas da síndrome da fadiga crônica ainda não foram elucidadas. Algumas doenças e infecções, principalmente das vias respiratórias, parecem precipitar a doença, mas o mecanismo no qual isso ocorre e por que só acontece em algumas pessoas ainda é um mistério. Sabe-se, porém, que a doença é mais comum em pessoas jovens e adultos de meia-idade do que em crianças e idosos, e duas vezes mais comum em mulheres que em homens.

Entre as doenças que podem precipitar a síndrome da fadiga crônica, citamos:

Durante muitos anos acreditava-se que havia uma relação muito forte entre a mononucleose e a SFC, porém, as últimas evidências mostram que essa relação não é tão importante.

Covid-19

Alguns pacientes podem desenvolver um quadro de síndrome da fadiga crônica após infecção pelo SARS-CoV-2, independentemente da gravidade da doença. Esse quadro faz parte das diversas doenças que têm sido habitualmente classificadas como “long-COVID” ou “Covid de longo curso”.

A Covid-19 pode provocar a SFC, pode agravar a SFC em quem já tinha ou pode trazer a doença de volta em quem já tinha se recuperado.

Diagnóstico

A síndrome da fadiga crônica é um diagnóstico de exclusão, ou seja, é preciso ter certeza que o cansaço e os sintomas não são causados por nenhuma outra doença identificável. Doenças cardíacas, pulmonares, hepáticas e renais, além de dezenas de outros problemas, como obesidade mórbida, uso de drogas, apneia do sono, anorexia nervosa, etc., podem causar fadiga e devem ser descartadas sempre.

Mesmo que o paciente não tenha nenhuma causa identificável para o seu cansaço, para o diagnóstico da síndrome ainda é preciso que a fadiga tenha estado presente nos últimos seis meses e esteja associada a pelo menos 4 dos 8 sintomas descritos acima.

Tratamento

Não existe cura para a síndrome da fadiga crônica e o tratamento nem sempre é satisfatório. De todos os tratamentos já tentados, os que realmente fornecem melhora clínica são a psicoterapia e exercícios físicos regulares.

Este último pode ser muito difícil, uma vez que no início os sintomas parecem piorar. Porém, o exercício deve ser iniciado com cargas muito, mas muito leves, com lento e progressivo aumento conforme o paciente tolere. A longo prazo, a prática de exercícios melhora muito a qualidade de vida.

Não existe tratamento com drogas ou dieta específica que comprovadamente melhore os sintomas da síndrome da fadiga crônica.


Referências


Autor(es)

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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15 respostas para “Síndrome da fadiga crônica: o que é, sintomas e tratamento”

  1. Gabrielita da Silva

    Sinto dores no corpo, especificamente no lado direito abaixo do tórax. As dores pioraram depois de uma queda na banheira. Bati com o lado direito na borda. A dor n é forte,mas constante e tenho impressão de estar com febre. Qual especialista devo procurar?

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro
      Pode ir primeiro num clínico geral.
  2. Hidalécio Bonanomi
    Um bom complexo de vitaminas, não resolve o problema?
    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro
      Não, porque a doença não é provocada por carência de vitaminas.
    2. Jamile

      Sério? Minha vida foi destruída por essa doença… Se um simples começo vitamínico resolvesse, não teríamos mais de 20 milhões de pessoas sofrendo e sem nenhuma perspectiva de tratamento, quanto mais cura. Até mesmo médicos que conheço, não sabem o que tem quando são acometidos pela doença, quando muito felizes conseguem um diagnóstico de três a cinco anos. Precisamos de.milhares de artigos assim. Precisamos que os.medicos saibam identificar a ME para, ao menos, os pacientes entenderem o que tem.

  3. Hidalécio Bonanomi
    Tenho todos estes sintomas descrito para a síndrome de fadiga cronica! Não sou diabético, nem tenho qualquer oura doença, a não ser gripe e resfriados! Na matéria diz que não existe remédios, a não ser atividades fisícas.
    Pergunto: Não existe fortificantes, para músculos, nervos, cartilagens, etc.?

    Achei bem estranho, esta colocação!

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro
      Não existem fortificantes para músculos, nervos ou cartilagens. O que existe são suplementos que melhoram a performance nos treinos. Isso significa que você precisa fazer atividade física de qualquer maneira. Não basta tomar os produtos e achar que vai melhorar.
    2. Jamile

      Infelizmente os complexos vitamínicos e minerais não resolvem o problema. Em meu caso, uso a suplementação devido aos problemas digestivos, mas é um procedimento apenas profilático mas necessário. Pessoas que desenvolvem casos severos da doença chegam a necessitar alimentação parenteral. Se você acredita que pode ter a SFC/EM, estude a doença a análise o seu corpo, você precisa saber o que e como as variantes te afetam. Infelizmente a EM atinge cada indivíduo de uma forma diferente. É importante também que você procure um neurologista que saiba que essa doença existe, o que é bem difícil, pois normalmente apenas ouviram falar do assunto. Assista o filme UNREST-NETFLIX, para leigos é uma excelente forma de ajudar a entender o quão séria é essa doença. Se quiser conversar sobre o assunto, pode mandar e-mail que respondo prontamente. Boa sorte!

  4. Angelica Pott
    Tenho todos os sintomas, além de tonturas e das minhas alergias ( rinite alérgica, dermatite de contato) terem piorado muito. Já tenho esses sintomas há mais de 2 anos, mas me parece terem aumentado gradativamente e chegado agora a um ápice, pois fico muito mal durante varios dias. Meu médico solicitou varios exames de sangue, entre eles citomegalovirus, o qual veio com o IGm negativo e o IGg positivo com um valor de 168 ul/ml. Será que existe alguma relação disso com os sintomas? Obrigada.
  5. Katiamoralles
    Tenho todos os sintomas acima alem de ser diabética,tenho depressão tbm,fico dias e dias muito ruim,sem vontade de fazer nada nem de comer ou tomar banho,ou ver os outros ou arrumar minha casa enfim nada msm,tenho dores nas pernas e nas costas,vivo com dor de cabeça eu ja acordo com dor de cabeça minha casa parece uma farmácia….
    Fico sem coragem de sair de casa,ate o serviço de casa eu não dou conta,pelo meu cansaço,tenho dificuldade em dormir a noite e de dia tbm,ja fui ao medico e ele me diagnosticou como depressiva. evito tomar os remédios para depressão que me foram passados pq me sinto pior e  tenho pensamentos suicidas….
    A familia não me entende acham que é preguiça, fingimento sei lá,só recebo criticas e cobranças as x tenho vontade de sumir evaporar….
    1. lucimar

      Realmente Katia, a familia não entende..meu filho acha que é preguiça..e na verda tenho vontade de fazer muitas coisas e meu corpo não me ajuda..
    2. Toney Fontes
      Oi Katia, eu tive isso a minha vida toda, desde meus 16 anos. A família só entende se acontece com eles, no mais, somos considerados como preguiçosos. Vária vzs já pensei em suicídio e só não fiz pq sou Cristão e acredito na vida eterna. Se quiser conversar mais sobre isso e como eu melhorei, me adiciona no Face: [email protected]
  6. rosangela
    tenho todos os sintomas desá doença minha medica disse que tenho depressão vou procurar me informar  melhor 
  7. Sheila
    sinto muito sono e fico indisposta e a minha pressão é baixa o que pode ser?
  8. Beto
    Ando sempre cansado! sempre fui! desde criança, acho que tenho!