Terçol no olho: causas, sintomas e tratamento

Autor(a): Dr. Pedro Pinheiro

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Atualizado:

Tempo estimado de leitura: 3 minutos.

O que é o terçol?

O hordéolo, chamado popularmente de terçol, treçol, terçolho, treçolho, viúvo ou belezinha, é uma infecção de origem bacteriana que surge nas glândulas presentes nas pálpebras superiores ou inferiores

Dependendo da glândula acometida, o terçol pode surgir na parte interna da pálpebra, sendo chamado neste caso de hordéolo interno, ou na parte externa, quando recebe o nome de hordéolo externo.

O terçol manifesta-se como um nódulo vermelho e doloroso, que fica localizado próximo à borda da pálpebra. Em muitos casos, ele pode se parecer com uma espinha, pois frequentemente apresenta um ponto de drenagem do pus interior, como nas imagens acima.

Causas

Todos nós possuímos glândulas sebáceas na pele, cuja ação é secretar uma substância oleosa, chamada sebo, que tem como objetivo evitar o ressecamento da pele.

Nas pálpebras essas glândulas sebáceas ficam próximas aos cílios e recebem o nome de glândulas de Zeiss e glândulas meibomianas, como ilustrado abaixo.

O terçol ocorre quando há obstrução e contaminação destas glândulas, geralmente pela bactéria Staphylococcus aureus. O processo é muito semelhante ao que ocorre na formação da acne comum (espinhas) na pele, com obstrução de uma glândula sebácea e contaminação da mesma por uma bactéria.

Terçol no olho - como surge
Glândulas de Zeiss e glândulas meibomianas

Quando a infecção se dá na glândula de meibômio, o paciente desenvolve um hordéolo interno. Quando a infecção ocorre na glândula de Zeiss, o que surge é um hordéolo externo.

Um dos principais fatores de risco para o surgimento do terçol é a blefarite, uma condição na qual há inflamação na margem das pálpebras e aumento da secreção gordurosa, o que resulta em uma aparência de caspa nos cílios. Essa inflamação associada à grande produção de gordura facilita a obstrução das glândulas e a proliferação de bactérias no seu interior.

Além da blefarite, outros fatores de risco para o aparecimento do terçol incluem:

  • Esfregar os olhos com as mãos sujas.
  • Inserir lentes de contato sem lavar as mãos antes.
  • Não lavar o rosto à noite para retirar a maquiagem antes de dormir.
  • Use produtos cosméticos na face com validade expirada.
  • Rosácea.
  • Estresse.
  • Flutuações hormonais.

O terçol não é uma infecção contagiosa, não havendo, portanto, necessidade de isolamento do paciente nem do uso de óculos escuros, como é o caso da conjuntivite, por exemplo.

Sintomas

O terçol é uma coleção de pus que surge dentro das glândulas sebáceas do olho. Clinicamente ele se caracteriza por um pequeno nódulo doloroso e avermelhado que surge na parte interior ou exterior das pálpebras.

Hordéolo interno e externo
Tipos de terçol

Frequentemente há um ponto branco no meio da inflamação, o que dá ao terçol a aparência de uma espinha. Em muitos casos, pode ocorrer rotura e drenagem espontânea do pus nessa região.

Além da dor, outros sintomas comuns são coceira, secreção (remelas), lacrimejamento, inchaço do olho, sensação de corpo estranho, visão borrada e fotofobia (aumento da sensibilidade dos olhos à luz).

É possível haver mais de um hordéolo em cada pálpebra e mais de uma pálpebra acometida ao mesmo tempo.

Sinais de gravidade

Na imensa maioria dos casos, o terçol é uma infecção branda, que se resolve espontaneamente ou com alguns cuidados simples, explicamos mais abaixo, na parte do tratamento.

No entanto, a infecção do terçol pode ser tonar mais agressiva, necessitando de apoio de um médico oftalmologista. Os sinais e sintomas que podem indicar o surgimento de complicações do hordéolo são:

  • Febre.
  • Exuberante inchaço da pálpebra, provocando fechamento do olho.
  • Extensão da área ruborizada para além das pálpebras.
  • Queda dos cílios.
  • Intensa vermelhidão da conjuntiva (parte branca dos olhos).
  • Visão dupla.
  • Terçol que não melhora após 3 semanas.
  • Intensa dor nos olhos.

Diferenças entre calázio e terçol

O calázio também surge devido a uma obstrução das glândula sebáceas das pálpebras. A diferença para o terçol é a ausência de infecção bacteriana.

O calázio forma um nódulo endurecido nas pálpebras, que não costuma ser doloroso nem tão inflamado quanto o terçol. A lesão evolui lentamente e costuma drenar ou ser reabsorvida entre 2 e 8 semanas.

Tratamento

A maioria dos terçóis desaparece sozinho após 5 ou 7 dias. Alguns cuidados aceleram esse processo, entre eles:

  • Higiene adequada dos olho e da pele ao seu redor.
  • Aplicação de calor local, que pode ser feito com compressas umedecidas de gaze ou algodão por 15 minutos, quatro vezes por dia.
  • Massagens leves do nódulo com as mãos limpas para ajudar na drenagem do pus.
  • Evitar o uso de lentes de contato durante a infecção.
  • Evitar o uso de maquiagem.

Se o terçol não melhorar com as medidas listadas acima, pode ser necessário o uso de colírios e pomadas oftalmológicas contendo antibióticos e corticoides.

Nos casos mais complicados, quando há inflamação crônica ou grande coleção de pus, uma pequena incisão na pálpebra para drenagem do abscesso pode ser necessária.

Resumo

  • O que é o terçol: o hordéolo, mais conhecido como terçol é uma infecção das glândulas da pálpebra, habitualmente provocadas pela bactéria Staphylococcus aureus. O hordéolo pode acometer a parte interna ou externa da pálpebra superior ou inferior.
  • Como se pega: o terçol habitualmente surge em situações nas quais há aumento da produção gordura pelas glândulas da pálpebra e/ou manipulação do olhos com as mãos sujas.
  • Sintomas: o hordéolo é um nódulo doloroso e avermelhado que surge nas pálpebras, semelhante a uma espinha. Eventualmente, ele pode romper e drenar pus.
  • Tratamento: limpeza adequada dos olhos e da face associada a compressas mornas costuma ser suficiente na maioria dos casos. Colírios e pomadas oftalmológicas contendo antibióticos podem ser necessários nos casos que não melhoram espontaneamente.

Referências


Autor(es)

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

O Dr. Renato Oliveira é medico oftalmologista graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização em Córnea e Doenças Externas Oculares pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Faz parte do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa

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