O que faz o médico Nefrologista?

Dr. Pedro Pinheiro

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Nefrologista

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Diferenças entre Nefrologia e Urologia

Nefrologia e Urologia são as duas especialidades médicas que cuidam do trato urinário. Como são especialidades complementares, é muito comum que a população faça confusão em relação às atribuições de cada uma.

O termo Nefros vem do Grego e significa rins. Portanto, o médico nefrologista é aquele que estuda as funções e as doenças dos rins. Do mesmo modo, Nefrologia é a especialidade médica que trata dos problemas clínicos dos rins.

A Urologia é um pouco diferente, pois ela é a especialidade cirúrgica que lida com o trato urinário. Logo, o nefrologista é o clínico especializado no funcionamento dos rins, enquanto o urologista é o cirurgião do trato geniturinário. É a mesma relação que há, por exemplo, entre os cardiologistas e os cirurgiões cardíacos, entre os neurologistas e os neurocirurgiões e entre os angiologistas e o cirurgião vascular.

Grosso modo, para saber se o seu problema renal deve ser tratado por um urologista ou nefrologista, devemos questionar: o tratamento é feito com cirurgia ou com remédios? Se for cirúrgico, o especialista é o urologista. Se for doença clínica, o especialista indicado é o nefrologista.

O urologista também trata de doenças da próstata e do sistema reprodutor masculino, mesmo que elas não sejam necessariamente cirúrgicas.

Vídeo

Antes de seguirmos em frente, veja esse curto vídeo de 3 minutos, produzido pela equipe do MD.Saúde, que explica de forma simples a insuficiência renal e o exame da creatinina:

YouTube video

Quais são as doenças que o nefrologista trata?

A principal doença com que o nefrologista lida é a insuficiência renal, estado no qual a função dos rins encontra-se comprometida.

A insuficiência renal pode ser aguda, quando os rins subitamente sofrem alguma lesão e deixam de funcionar adequadamente por algum tempo, ou crônica, quando o processo de perda de função se dá gradualmente, mas permanente.

Para saber mais sobre a insuficiência renal, leia:

Além da insuficiência renal, o tratamento de várias outras doenças clínicas do sistema urinário fazem parte das atribuições do médico nefrologista, entre as mais comuns, podemos citar:

O nefrologista também é o médico responsável por tratar os pacientes cuja insuficiência renal é tão grave que eles passam a necessitar de hemodiálise ou diálise peritonial para se manterem vivos.

Outra atribuição do médico nefrologista é cuidar dos pacientes transplantados renais. Quem realiza a cirurgia do transplante é o urologista, mas o médico que indica o transplante, prepara o paciente, escolhe o doador (em caso de doador vivo), e fica cuidando do paciente após a realização do transplante é o nefrologista.

É preciso destacar que o paciente transplantado precisa ficar tomando drogas imunossupressoras por muitos anos para que o rim transplantado não sofra rejeição. Isso implica em um maior risco de problemas, como infecções e surgimento de tumores.

É o nefrologista o responsável por controlar as doses dos remédios e procurar manter o rim transplantado funcionando por longos anos.

Importância do nefrologista na insuficiência renal crônica

Os nossos dois rins filtram em média 180 litros de sangue por dia, o que dá, aproximadamente, 90 a 125 ml de sangue por minuto. Este valor é chamado de taxa de filtração glomerular (TFG) ou clearance de creatinina. Como a TFG média é de 100 ml/min, para um melhor entendimento dos pacientes, costumamos dizer que esse valor corresponde a 100% da função renal.

Portanto, se o seu médico diz que você tem 60% de função dos rins, isso significa grosseiramente que seus rins filtram mais ou menos 60 ml/min.

Com a calculadora abaixo, você pode estimar sua taxa de filtração glomerular a partir do resultado da creatinina sanguínea:


Apesar de ser a doença chave da especialidade, a maioria dos pacientes com insuficiência renal crônica chega aos nefrologistas tardiamente, já com menos de 30% da função dos rins (menos de 30 ml/min de TFG), uma fase que pouco pode ser feito para tentar impedir o avanço da doença em direção à hemodiálise.

Isso obviamente não é culpa só dos pacientes, mas também dos seus médicos que demoram a referenciar ao nefrologista os seus  insuficientes renais crônicos.

Os pacientes com insuficiência renal crônica que chegam ao nefrologista precocemente, ou seja, em fases iniciais da doença, apresentam as seguintes vantagens:

  • Menor mortalidade a longo prazo.
  • Melhor controle da pressão arterial.
  • Menos doenças associadas à falência renal, como lesões ósseas, anemia, desnutrição e doenças cardiovasculares.
  • Menor perda de função renal ao longo dos anos, o que faz com esses pacientes demorem mais tempo para atingir a insuficiência renal terminal. Muitas vezes, o paciente consegue controlar a sua doença de forma a nunca precisar da hemodiálise.
  • Aqueles que acabam precisando de hemodiálise apresentam menos complicações e menor mortalidade, além de um melhor preparo e menor tempo para o transplante renal, se for este o desejo do paciente.
  • Maior chance de cura, caso a causa da insuficiência renal tenha tratamento.

Quando procurar um nefrologista?

As doenças dos rins podem ser traiçoeiras, pois muitas vezes apresentam poucos ou nenhum sintoma nas suas fases iniciais. Às vezes, apenas através de exames laboratoriais de sangue ou urina conseguimos identificar uma doença renal em curso. Por isso, é importante reconhecer os pacientes com fatores de risco para doenças renais e os primeiros sintomas de lesão nos rins para que os indivíduos doentes possam ser avaliados adequadamente por um médico nefrologista.

Não espere que a insuficiência renal crônica provoque dor nos rins ou redução do volume urinário. Ela é uma doença silenciosa que não irá apresentar sintomas até fases bem avançadas. Se você acha que só porque os seus rins não doem e sua urina está normal não há risco dos seus rins estarem doentes, você pode ter uma desagradável surpresa no futuro.

Em geral, sugerimos uma avaliação por um nefrologista para todas as pessoas que apresentam as seguintes características:

  • Alterações na taxa de creatinina sanguínea, que é o principal marcador da função renal.
  • Urina que espuma muito ou identificação de perdas de proteínas na urina através de exames laboratoriais.
  • Urina avermelhada ou identificação de sangue na urina através de exames laboratoriais.
  • Infecção urinária de repetição, principalmente se forem mais de 3 episódios por ano.
  • Mais de um episódio de cálculo renal durante a vida. O urologista trata os cálculos, mas é o nefrologista quem impede que novas pedras surjam.
  • Edemas e inchaços sem causa aparente.
  • Alterações no potássio, sódio, fósforo, ácido úrico, magnésio e cálcio sanguíneos que o clínico geral não identifique facilmente a causa.
  • Alteração do metabolismo ácido-básico sem causa aparente.
  • Aparecimento de múltiplos cistos renais em exames como ultrassom (ecografia), tomografia computadorizada ou ressonância magnética dor rim.
  • Alterações do volume de urina sem causa aparente.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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