Melhores tratamentos para cólica menstrual

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro & Dra. Fernanda Campos

6 Comentários

Dismenorreia

Tempo de leitura estimado do artigo: 4 minutos

Introdução

A cólica menstrual, também chamada de dismenorreia, é definida como uma dor do tipo cólica que acomete a região inferior do abdômen e surge logo antes ou durante o período menstrual.

A cólica menstrual é um evento tão comum que até 90% das adolescentes e 25% das mulheres adultas sofrem dessa dor todos os meses.

A dismenorreia é provocada pelas contrações uterinas durante a menstruação, que são importantes para que o útero consiga expulsar todo o tecido uterino desvitalizado.

Em algumas mulheres, porém, as cólicas menstruais são muito intensas, provocadas por contrações tão vigorosas, que até mesmos os vasos sanguíneos que irrigam o útero ficam comprimidos, causando uma isquemia uterina temporária.

Neste artigo vamos falar sobre as opções de tratamento da cólica menstrual. Se você procura informações sobre a cólica menstrual em si, incluindo sintomas, causas e fatores de risco, acesse o seguinte link: Cólica Menstrual – Sintomas, Causas e Tratamento.

Se você também procura informações sobre a tensão pré-menstrual (TPM), não deixe de ler: Sintomas da TPM – Tensão pré-menstrual.

Opções para tratar a cólica menstrual

O objetivo do tratamento da cólica menstrual deve ser sempre aliviar a dor ao máximo possível. Se der para eliminar a dor completamente, ótimo. Porém, infelizmente, a completa resolução da dor nem sempre é alcançável.  Nesses casos, com cólicas mais intensas, o objetivo deve ser o alívio da dor de forma suficiente para que a mulher consiga realizar as suas tarefas habituais do dia a dia.

O tratamento da dismenorreia pode ser feito com medicamentos de verdade ou apenas com medidas educacionais, tais como exercícios, dieta adequada, técnicas de relaxamento e remédios caseiros. O que define o tipo de tratamento mais adequado é o grau de intensidade das cólicas. A intensidade da cólica menstrual pode ser dividade em 4 graus:

  • Dismenorreia grau 0: a menstruação não provoca dor, ou o faz de forma muito discreta, sem causar qualquer tipo de pertubação para mulher. → Esse tipo de menstruação não requer nenhum tratamento específico.
  • Dismenorreia grau 1: a menstruação provoca uma pequena cólica, que na imensa maioria dos casos não atrapalha as atividades diárias. → Esse tipo de menstruação raramente requer medicamentos e medidas caseiras são mais do que suficiente para aliviar a dor.
  • Dismenorreia grau 2: a menstruação provoca cólicas moderadas a forte, algumas vezes acompanhadas de outros sintomas, como irritabilidade, dor de cabeça e mal-estar. A cólica pode ser intensa o suficiente para atrapalhar a execução das tarefas habituais do dia a dia. → Esse tipo de menstruação costuma ser tratada com medicamentos.
  • Dismenorreia grau 3: a menstruação provoca cólicas muito intensas, quase sempre acompanhadas de sintomas, como diarreia, cansaço, dor de cabeça, irritação ou vômitos. A cólica é forte e quase sempre atrapalha a execução das tarefas habituais do dia a dia → Esse tipo de menstruação costuma ser tratada com medicamentos, mas eles nem sempre funcionam.

Papel do placebo

O placebo por definição é uma substância ou tratamento que não tem nenhum efeito direto sobre a doença, mas que o paciente acredita ser eficaz. E porque o paciente acredita que esse falso tratamento é real, ele pode realmente funcionar em determinadas situações.

O placebo pode ser simplesmente uma pílula feita de farinha ou uma vitamina qualquer. Pode ser também uma pulseira que supostamente emite vibrações, terapia com luzes coloridas ou um medicamento homeopático.

A cólica menstrual tem uma característica interessante, que é a elevada, porém temporária, eficácia dos placebos. No primeiro mês, 84% das mulheres tratadas com um placebo referem melhora das cólicas menstruais. Esse efeito, porém, não dura muito. No segundo mês, a taxa de eficácia já cai para 29%, no terceiro mês para 16% e no quarto para 10%.

Quanto mais intensa for a cólica menstrual, menos eficaz é o tratamento com placebos.

Tratamento caseiro e não medicamentoso

O tratamento das cólicas menstruais com medidas caseiras pode ser efetuado em qualquer caso, sendo geralmente a única medida necessárias nas dismenorreias graus 0 e 1. Abaixo vamos citar as opções de tratamento não-medicamentoso que nos estudos científicos apresentaram taxa de eficácia superior aos placebos.

Calor local

A aplicação de calor na região inferior do abdômen é uma medida muito eficaz para aliviar as cólicas. Estudos mostram que uma bolsa de água quente pode ser tão efetiva quanto anti-inflamatórios e melhor até que analgésicos comuns, como o paracetamol.

A aplicação de calor na região do abdômen pode ser utilizada em conjunto com analgésicos ou anti-inflamatórios, ajudando a aumentar a eficácia dos medicamentos.

Exercício físico

A prática regular de exercícios físicos ajuda a diminuir a intensidade da cólica menstrual. Mulheres sedentárias costumam ter cólicas mais intensas que as mulheres que fazer regularmente alguma atividade física.

Yoga

Não há muitos estudos sobre a eficácia da Yoga no tratamento da dismenorreia, mas os poucos que existem sugerem que ela é eficaz. Na verdade, qualquer medida que ajude a controlar o estresse parece ser eficaz no controle da dismenorreia, incluindo massagem, técnicas de relaxamento, meditação, etc.

Relação sexual

Estudos mostram que o orgasmo pode aliviar a intensidade da cólica menstrual em algumas mulheres. O problema é que dificilmente a mulher terá desejo sexual se a dor estiver de intensidade moderada ou grave.

Dieta

Uma dieta pobre em gordura animal e rica em vegetais e ômega 3 pode reduzir de forma significativa a intensidade e a duração das cólicas menstruais. Porém, os estudos publicados até o momento foram feitos com poucos pacientes, o que torna o grau de evidência fraco.

Cigarro e álcool

O consumo de cigarro e bebidas alcoólicas está relacionada a um agravamento dos sintomas da cólica menstrual. Se você tem cólicas fortes, evite essas duas substâncias.

Acupuntura

A maioria dos estudos sobre a eficácia da acupuntura na dismenorreia é pequeno e de má qualidade. Há, porém, alguns poucos bons estudos, e estes mostram que a acupuntura pode ser eficaz.

Entretanto, o resultado da acupuntura parece ser inferior ao dos medicamentos, mas ela é uma boa opção para aqueles que desejam evitar fármacos. De qualquer forma, o grau de evidência ainda é fraco.

Tratamento com remédio

O tratamento medicamentoso da dismenorreia é feito preferencialmente com anti-inflamatórios ou com anticoncepcionais hormonais. Nenhum estudo até o momento conseguiu comprovar a superioridade de um sobre o outro. Ambos parecem igualmente eficazes e podem ser usados ao mesmo tempo.

Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES)

Os anti-inflamatórios são eficazes em 85% dos casos e, ao contrário do placebo, o seu efeito não diminui com o tempo.

Os AINES mais indicados para o controle da cólica menstrual são o ibuprofeno e o ácido mefenâmico (mais conhecido como Ponstan®).

Analgésicos comuns, como o paracetamol, têm eficácia inferior aos anti-inflamatórios e, por isso, não costumam ser usados como tratamento de primeira linha. A única exceção parece ser a dipirona (metamizol), que é um analgésico que tem um efeito antiespasmódico relevante, sendo uma boa opção para o alívio das cólicas, tanto de origem uterina, intestinal ou renal.

Anticoncepcionais hormonais

Os anticoncepcionais hormonais ajudam na estabilização do ciclo menstrual e controlam o fluxo e as contrações uterinas, ajudando na redução da cólica menstrual.

Todas as formas de anticoncepção hormonal são eficazes, incluindo:

O DIU Mirena, que é um DIU que contém pequenas doses de hormônio, também ajuda no tratamento dismenorreia. Por outro lado, o DIU de cobre não é indicado, pois costuma agravar os sintomas (leia: DIU de Cobre e DIU Mirena – Anticoncepcional intrauterino).

Vitaminas e sais minerais

Alguns pequenos estudos avaliaram a eficácia de determinadas vitaminas no controle da cólica menstrual. A que tiveram melhores resultados foram a vitamina E e a vitamina B1. Em todos eles, porém, os estudos foram pequenos e o grau de evidência é fraco.

O magnésio também parece ser superior ao placebo, mas os estudos pequenos e de má qualidade não nos permitem tirar conclusões.

Adesivos de nitrato

Os adesivos transdérmicos contendo nitrato são uma opção de tratamento, mas a sua eficácia é inferior a dos AINES e a dos anticoncepcionais, e a taxa de efeitos colaterais, como dor de cabeça, é mais alta.

Nifedipina

A nifedipina é um medicamento anti-hipertensivo que ajuda a reduzir a dor da dismenorreia. Nas mulheres hipertensas, ele é uma boa opção de tratamento, apesar de ser inferior aos AINES.

A endometriose é uma hipótese que deve ser pensada em todas as mulheres com cólicas menstruais intensas, que não respondem bem a nenhum dos tratamentos citados acima.


Referências


Autor(es)

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

A Dra. Fernanda Campos é formada em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e se especializou em Ginecologia e Obstetrícia no Instituto Fernandes Figueira. Especialista em gestação de alto risco.

Possui mestrado e doutorado pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Atualmente trabalha como chefe da maternidade do Hospital Universitário Gaffreé e Guinle, professora da UNIRIO e médica obstetra do Grupo Perinatal.

Saiba mais

Artigos semelhantes

Ficou com alguma dúvida?

Comentários e perguntas

Deixe um comentário