Melasma (manchas no rosto): causas, sintomas e tratamento

O melasma, também chamado de cloasma, é um tipo de mancha amarronzada ou escurecida que surge em áreas expostas ao sol, principalmente na face.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro & Dra. Joana Brack

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Melasma

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O que é melasma?

O melasma, também chamado de cloasma, é um tipo de mancha amarronzada ou escurecida que surge em áreas expostas ao sol, principalmente na face.

O melasma ocorre com mais frequência nas mulheres, especialmente nas de pele mais morena e em idade reprodutiva. A média de idade do surgimento do melasma na população brasileira é de 28 anos.

Homens também podem apresentar melasma, embora isso seja bem menos comum. Em geral, 90% dos casos ocorrem em mulheres e somente 10% nos homens.

Além da face, outras áreas do corpo, como pescoço, colo e braços também podem ser acometidas. Apesar de não trazer consequências ao organismo, o melasma pode provocar resultados devastadores do ponto de vista emocional e psicológico para seus portadores.

Causas

A causa exata do melasma não é conhecida, mas há muitos fatores que podem aumentar o risco de se desenvolver essas manchas no rosto, sendo predisposição genética, exposição solar e estímulo hormonal, os principais.

Em relação aos fatores hormonais, os principais são:

As machas escurecidas surgem porque os melanócitos, que são as células da pele responsáveis pela produção de melanina (substância que dá a cor da pele), começam a trabalhar exageradamente, produzindo melanina em excesso, o que resulta em escurecimento localizado da pele.

Essa melanina em excesso pode se localizar na epiderme (camada mais superficial da pele), na derme (camada mais profunda da pele) ou em ambas, determinando o melasma epidérmico, dérmico ou misto, respectivamente.

Essa classificação é útil, pois ajuda o médico prever o grau de sucesso do tratamento, já que quanto mais profundo localiza-se o pigmento, mais difícil é alcançá-lo.

Sintomas

O melasma geralmente se apresenta com manchas irregulares, de cor marrom-claro a marrom acinzentado nas áreas de pele expostas ao sol, principalmente na face.

As lesões são geralmente simétricas, atingido de forma semelhante ambos os lados da cara. As manchas podem afetar a testa, nariz, bochechas, área do lábio superior e queixo.

Tipos de melasma

Existem três padrões de distribuição do melasma na face. São eles:

  • Melasma centrofacial: quando envolve testa, bochechas, nariz, lábio superior e queixo.
  • Melasma malar: quando envolve bochechas e nariz.
  • Melasma mandibular: quando envolve áreas ao redor da mandíbula.

Em um estudo brasileiro de 302 mulheres com melasma, a maioria das pacientes teve pelo menos seis regiões faciais afetadas, sendo as regiões zigomática (maça do rosto) (84%), superior labial (51%) e frontal (50%) as mais acometidas.

Na esmagadora maioria dos pacientes, o melasma é assintomático. Raramente ocorre coceira, ressecamento ou vermelhidão da área mais escurecida.

Menos de 10% dos pacientes com envolvimento facial apresentam também melasma extra-facial. Os locais mais envolvidos são os braços (95%), antebraços (80%), tórax (47%) ou costas (11%).

O melasma é uma condição crônica e recorrente. Quando as manchas surgem por conta de gravidez ou tratamento com hormônios, elas podem desaparecer após o parto ou ao final do tratamento.

Na maioria dos casos, porém, as lesões são persistentes, tendem a melhorar com o tempo, mas não desaparecem totalmente.

Independentemente da causa, as manchas tendem a piorar com a exposição solar.

Imagens

Como tratar o melasma?

Não há cura para o melasma, ou seja, não há nada que faça as manchas desaparecerem para sempre. A boa notícia é que é possível clareá-las em até 100%, dependendo do caso, e, se a proteção solar for adequada, dificilmente elas voltarão.

Para entendermos como funciona o tratamento do melasma, precisamos saber como a melanina é produzida.

Em uma pele normal, podemos imaginar que os melanócitos são as máquinas de uma fábrica que produz pigmento. Para funcionar, essas máquinas precisam de combustível (sol) e, quando pronto, o produto final (melanina) é armazenado no estoque (camadas mais superficiais da pele: epiderme e derme). Os hormônios funcionam como o óleo que lubrifica as máquinas (sem ele, as máquinas podem não funcionar perfeitamente).

Acontece que, no melasma, essas máquinas se tornam muito eficazes e econômicas, ou seja, com uma quantidade mínima de combustível, passam a produzir quantidades enormes de melanina, que acabam se acumulando e ocupando todo o estoque.

Assim, o tratamento do melasma se baseia em (1) cortar o combustível dessas máquinas (proteção solar), (2) tentar “sabotar” essas máquinas tornando-as mais lentas (uso de cremes e loções despigmentantes), (3) esvaziar o estoque (tratamentos feitos em consultórios dermatológicos, como peelings e lasers) e (4) eliminar o uso de hormônios, quanto possível.

A proteção solar não se limita ao uso de filtros solares, apesar deles serem fundamentais. É importante saber que NENHUM filtro solar protege 100% da radiação solar e que pessoas com melasma conseguem escurecer suas manchas com uma quantidade minima de sol. Daí a importância de se usar chapéus e barracas de sol, cobrindo totalmente as áreas afetadas (leia: Protetor solar – Como se proteger do sol).

Muitas são as substâncias que ajudam a clarear a pele. Elas geralmente agem inibindo uma ou mais etapas das reações químicas que ocorrem dentro do melanócito e resultam na formação da melanina.

Os tratamentos mais comuns para o melasma são:

  • Hidroquinona 4% em creme: a hidroquinona pode ser aplicada nas áreas afetadas uma ou duas vezes ao dia por dois a quatro meses e até seis meses, seguida de tratamento de manutenção por seis meses ou mais.
  • Os clareadores de pele sem hidroquinona, como o ácido azelaico, o ácido kójico ou a niacinamida, isoladamente ou em combinações, podem ser usados como terapias alternativas de primeira linha, principalmente em pacientes que não toleram ou têm alergia comprovada à hidroquinona. Vale ressaltar que o ácido azelaico é um dos poucos agentes que, se necessário, pode ser usado em mulheres grávidas.

É importante destacar que esses produtos devem ser utilizados em toda a área afetada e não só localmente nas manchas.

Se o tratamento de primeira linha não der resultados satisfatórios, há outras opções, como:

  • O ácido tranexâmico por via oral apresenta eficácia no tratamento do melasma em uma dose média de 250 mg duas vezes ao dia. No entanto, invariavelmente, ocorrem recaídas após a interrupção do tratamento.
  • Peeling químicos superficiais: comumente usados para o tratamento do melasma, os peeling químicos incluem o ácido glicólico, outros alfa-hidroxiácidos, ácido salicílico, peeling de Jessner e ácido tricloroacético.

Para eliminar as manchas mais resistentes, deve-se realizar procedimentos que eliminem as camadas da pele impregnadas pelo excesso de melanina. Para tal, pode se utilizar peeling químicos, microdermoabrasão, e, raramente, fontes de luz intensa pulsada e lasers.

Melasma antes e depois do tratamento
Melasma antes e depois do tratamento

Esses procedimentos devem ser feitos em várias sessões, sempre evitando agredir demais a pele, pois procedimentos agressivos podem causar inflamação excessiva da pele, gerando novas manchas.

Infelizmente, quando o pigmento é muito profundo, esses procedimentos não são capazes de alcançá-lo.

Prevenção de recidivas

As abordagens de rotina para a prevenção de recidivas envolvem o uso diário de protetores solares, evitar exposição solar, bem como o tratamento de manutenção com clareadores sem hidroquinona, como ácido azelaico, ácido kójico, niacinamida e retinoides. Além disso, o uso intermitente de hidroquinona 4% creme duas vezes por semana pode ser incorporado ao regime de manutenção para manter o clareamento.

Por fim, as portadoras de melasma devem preferir os anticoncepcionais não hormonais, como o DIU de cobre e os métodos de barreira. Além disso, mulheres grávidas e todos que começam a usar hormônios devem intensificar a proteção solar diária, prevenindo, assim, o início do problema.


Referências


Autor(es)

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

A Dra, Joana Brack é médica formada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Pós Graduação em Dermatologia pela UFRJ.

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