Estrias: causas, prevenção e tratamento

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Estrias

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O que são as estrias?

As estrias são lesões da pele em forma de linhas que ocorrem devido a fatores hormonais e a um rápido crescimento ou ganho de peso. Estas cicatrizes são muito comuns e não causam nenhum problema médico significativo, mas podem ser motivo de preocupação estética para algumas pessoas.

Neste artigo vamos abordas as causas e os tratamentos das estrias. Se você está à procura de informações exclusivas sobre estrias nas grávidas, leia: ESTRIAS NA GRAVIDEZ.

Como surgem

A nossa pele possui propriedades elásticas que a tornam capaz de esticar e encolher consoante o crescimento do indivíduo. Entretanto, essa flexibilidade tem limite. Uma rápida e exagerada distensão da pele provoca lesões conhecidas como estrias. As estrias surgem nas áreas sujeitas a contínuo e progressivo esgarçamento. Ao serem esticadas demasiadamente, as fibras elásticas da pele sofrem lesões que provocam cicatrizes.

As situações que mais habitualmente provocam estrias são:

  • Ganhar peso rapidamente: costuma provocar estrias no abdômen e no quadril.
  • Gravidez: costuma provocar estrias nos seios e no abdômen.
  • Rápido ganho de massa muscular: costuma provocar estrias nos ombros.
  • Estirão puberal: costuma provocar estrias nos quadris e coxas. Nas meninas podem surgir estrias nos seios.

Os adolescentes e as grávidas são os grupos com maior risco; 70% das adolescentes mulheres e 40% dos adolescentes homens desenvolvem estrias nesta época da vida. Nas grávidas a ocorrência de estrias é ainda maior, chegando a 90%. Quanto maior o peso do bebê, maior o risco de surgirem estrias na barriga.

Fatores genéticos também são importantes; algumas pessoas têm mais facilidade em desenvolver estrias que outras. Se um parente próximo tem estrias, as suas chances de também tê-las são grandes.

As estrias também podem surgir devido a doenças, a maioria delas pouco comuns, como síndrome de Cushing, síndrome de Marfan e síndrome de Ehlers-Danlos.

Alguns medicamentos podem causar estrias como efeito colateral, os mais conhecidos são os corticoides (leia: CORTICOIDES | Indicações e efeitos colaterais), sejam eles em comprimidos ou cremes.

Sinais e sintomas

As estrias surgem quando a pele precisa se esticar de modo relativamente rápido, isto é, ao longo de alguns dias. As lesões inicialmente são linhas arroxeadas/avermelhadas, mas com o tempo tendem a ser tornam mais claras. Em alguns casos, as estrias podem torna-se quase imperceptíveis com o passar do tempo. Quando surgem na adolescência tendem a melhorar após alguns anos.

Estrias novas e antigas
Estrias rubras e albas

Os locais que mais habitualmente desenvolvem estrias são o abdômen, quadris, seios, coxas, nádegas e ombros.

Na gravidez, as estrias surgem geralmente após o 6º mês de gestação.

As estrias causadas pelos corticoides são mais grossas, mais escuras e ocorrem em maior quantidade, podendo acometer até a face. No caso de corticoides tópicos (cremes e pomadas), quando surgem os primeiros sinais de estrias, a implementação precoce do tratamento pode impedir a progressão das lesões.

Além do esfeito estético indesejado, que pode levar a graves consequências psicológicas em alguns casos, as estrias não provocam maiores problemas de saúde.

Diferenças entre estria rubra e estria alba

As estrias são classificadas em dois tipos principais, baseados em sua aparência e estágio de desenvolvimento: estrias rubras (vermelhas) e estrias albas (brancas).

Estrias vermelhas

  • Cor: as estrias rubras são de cor vermelha ou roxa. Essa coloração é devido à inflamação e ao aumento do fluxo sanguíneo na área afetada.
  • Estágio: As estrias vermelhas representam o estágio inicial das lesões. Este estágio indica que a estria é relativamente nova.
  • Textura: as estrias rubras podem ser ligeiramente elevadas e podem causar coceira ou dor em alguns casos.
Estrias rubras
Estrias rubras no quadril
Estrias rubras no abdomen provocas pelo uso de corticoides
Estrias rubras no abdomen provocas pelo uso de corticoides

Estrias brancas

  • Cor: as estrias albas são de cor branca ou prateada. Esta coloração indica uma fase mais madura da lesão, onde há menos atividade inflamatória e mais cicatriz.
  • Estágio: são consideradas estrias mais antigas, indicando que a pele já passou pelo processo de cicatrização.
  • Textura: as estrias brancas são geralmente mais planas e mais suaves em comparação com as rubras e estão mais integradas com a pele circundante.

Conforme vermos mais adiante, o tratamento das estrias costuma ser mais eficaz quando iniciado ainda na fase rubra, pois há mais inflamação a ser tratada e menos cicatrização, que é difícil de ser retirada.

Estrias albas
Estrias albas
Estrias albas provocadas pela gravidez
Estrias albas provocadas pela gravidez

Prevenção

Como evitar as estrias?

Não há tratamentos 100% efetivos contra o surgimento de estrias. O melhor modo é não engordar para não haver esgarçamento da pele. Porém, impedir que a barriga das grávidas aumente e que adolescentes cresçam é impossível.

Portanto, o que se pode fazer é tentar amenizar o aparecimento das cicatrizes, como usar cremes hidratantes nas áreas da pele mais susceptíveis, beber água com frequência para manter-se hidratado, evitar ganhos de peso e praticar atividades físicas.

As grávidas sabem de antemão que quando a barriga começar a crescer haverá um grande risco de surgirem estrias. Portanto, é importante manter a pele do abdômen sempre bem hidratada desde o início da gravidez e evitar engordar para que a barriga não cresça além do necessário.

Em linhas gerais, as medidas para reduzir o risco de surgimento das estrias são:

  1. Manutenção de um peso saudável: evitar flutuações rápidas de peso pode ajudar a prevenir estrias. Ganho ou perda de peso gradual permite que a pele se ajuste mais facilmente às mudanças no volume corporal.
  2. Hidratação adequada: manter a pele bem hidratada aumenta sua elasticidade, o que pode ajudar a prevenir estrias. Beber água suficiente e usar hidratantes tópicos são maneiras eficazes de manter a pele hidratada.
  3. Dieta nutritiva: uma dieta rica em vitaminas e minerais, especialmente aqueles que promovem a saúde da pele, como vitaminas A, C e E, pode ajudar a manter a pele forte e menos suscetível a estrias.
  4. Uso de cremes e óleos: produtos tópicos que contêm ingredientes como ácido hialurônico, vitamina E, óleo de coco, manteiga de cacau ou manteiga de karité podem aumentar a elasticidade da pele e reduzir o risco de estrias. Esses produtos são particularmente populares durante a gravidez.
  5. Exercício regular: o exercício ajuda a manter a pele elástica e tonificada. Além disso, ajuda a controlar o ganho de peso, reduzindo assim o risco de estrias.
  6. Evitar cigarro: fumar reduz a circulação sanguínea na pele e prejudica a formação de colágeno, o que pode aumentar o risco de estrias.
  7. Cuidados especiais durante a gravidez: durante a gravidez, é importante aplicar regularmente cremes ou óleos específicos para a gravidez na barriga, quadris, seios e outras áreas propensas a estrias.

Como acabar com as estrias?

O tratamento das estrias é sempre um desafio, pois não há terapia que promova resolução completa das lesões. Os métodos terapêuticos buscam melhorar a aparência da pele afetada, reduzindo diferenças de cor ou textura entre as estrias e a pele normal adjacente. Portanto, ainda não existe tratamento 100% eficaz. Tenha cuidado com empresas e médicos que prometam retirada total das estrias.

Os melhores resultados acontecem quando o tratamento é feito precocemente, na fase em que as estrias ainda estão avermelhadas.

É importante destacar que há uma escassez de estudos de alta qualidade e falta de ferramentas confiáveis, validadas e amplamente aceitas para avaliar a gravidade das estrias e as respostas ao tratamento. Por isso, não existem ainda diretrizes definitivas e amplamente aceitas por todas as sociedades de dermatologia do mundo definindo qual é a melhor abordagem de tratamento das estrias.

Sendo assim, o tratamento deve levar em conta os tipos de estrias (rubra ou alba) e as preferências do paciente. Abordagens que devem ser discutidas com o paciente incluem lasers ou luz pulsada, microagulhamento (Dermaroller), peeling, retinoides tópicos entre outros. É sobre as principais opções de cremes, camuflagem e tratamento para estrias que falamos a seguir.

Nota: nas grávidas, tratamento é geralmente adiado até após o parto, especialmente se o objetivo for utilizar retinoides tópicos.

Tratamento das estrias rubras

Laser de corante pulsado

A terapia com laser de corante pulsado emite uma luz de alta intensidade em um comprimento de onda específico (geralmente em torno de 585 a 595 nm). Essa luz é absorvida seletivamente pelos pigmentos vermelhos (hemoglobina) nos vasos sanguíneos da pele. A energia do laser é convertida em calor, que destrói as células anormais dos vasos sanguíneos, preservando a pele e os tecidos circundantes.

A terapia com laser de corante pulsado melhora a vermelhidão e melhora a textura da pele, pois estimula o colágeno e a elastina, duas proteínas fundamentais para a estrutura e a função da pele.

A terapia com laser pulsado é feito habitualmente a cada 4-6 semanas. O tratamento é continuado até que a melhora progressiva cesse ou uma resposta satisfatória seja alcançada. Um curso típico consiste em cinco a seis sessões. O tratamento pode ser interrompido se não houver evidência de resposta após três sessões.

Retinoides tópicos

Retinoides tópicos são derivados da vitamina A usados em diversas formulações dermatológicas para o tratamento de várias condições da pele. Eles são conhecidos por sua eficácia em tratar acne, melhorar sinais de envelhecimento, e também são usados no tratamento de manchas, psoríase e estrias, entre outras condições dermatológicas.

Tretinoína tópica, um dos retinoides mais potentes, pode ser uma alternativa à terapia a laser. O mecanismo da terapia tópica com retinoides pode estar relacionado à afinidade desses medicamentos pelos fibroblastos e à indução da síntese de colágeno.

A terapia tópica com retinoides é uma alternativa à terapia a laser. O mecanismo da terapia tópica com retinoides pode estar relacionado à afinidade desses medicamentos pelos fibroblastos (célula encontrada na pele e que desempenhando um papel crucial na manutenção da estrutura e reparo dos tecidos) e pela indução da produção de colágeno.

Uma camada fina de tretinoína deve ser aplicada uma vez por noite nas áreas afetadas, por vários meses. Normalmente, usa-se tretinoína 0,1% em creme. A melhora inicial pode ser observada nos primeiros dois meses de tratamento.

Em pacientes que demonstram melhora nas estrias, o tratamento pode ser continuado até que se obtenha uma resposta satisfatória ou que a melhora progressiva cesse. Se não houver melhora após três a seis meses, o tratamento pode ser interrompido.

Tratamento das estrias albas

Terapia a laser fracionado

A terapia a laser fracionado é um tipo de tratamento que utiliza a tecnologia a laser para melhorar a aparência da pele.

O laser emite feixes de luz muito finos e precisos que penetram na pele. Esses feixes criam pequenas zonas na pele que são levemente queimadas pelo calor. Essa ação é intencional porque o dano leve estimula o processo natural de cicatrização do corpo. Durante o processo de cicatrização, a pele começa a se reparar, o que leva à formação de novo colágeno, o que, eventualmente, leva à melhora da textura e da cor da pele.

Tanto os lasers fracionados ablativos quanto os não ablativos são eficazes.

Lasers fracionados ablativos: estes lasers são mais intensos. Eles removem efetivamente as camadas superiores da pele, o que pode levar a resultados mais rápidos. No entanto, porque eles são mais intensos, o período de recuperação após o tratamento é mais longo, e há um risco maior de efeitos colaterais, como vermelhidão ou inchaço.

A terapia a laser ablativa fracionada pode ser realizada em um consultório com anestesia local; no entanto, alguns pacientes requerem o uso de ansiolíticos e analgésicos narcóticos durante o procedimento. Um total de uma a três sessões de tratamento com laser fracionado ablativo geralmente é suficiente. Como a remodelação do colágeno pode ocorrer por vários meses após cada tratamento, os tratamentos geralmente são realizados em intervalos de quatro a seis meses.

Lasers fracionados não ablativos: estes lasers são mais suaves e não removem as camadas da pele. Eles trabalham aquecendo as camadas sob a superfície da pele para estimular a renovação e o reparo. Os resultados demoram mais a aparecer, mas o período de recuperação de cada sessão é geralmente mais curto e com menos efeitos colaterais em comparação com os lasers ablativos.

Normalmente, são administramos uma série de três a seis sessões uma vez por mês. O tratamento é feito no consultório do dermatologista com anestesia tópica e resfriamento por ar forçado para causar maior conforto.

Microagulhamento

Dispositivos de microagulhamento, como Dermaroller, utilizam uma matriz de agulhas finas para criar microcanais na pele. Esses furos minúsculos ajudam a pele a iniciar um processo natural de reparação, estimulando a produção de mais colágeno.

Dispositivo de microagulhamento.
Dispositivo de microagulhamento.

O microagulhamento é frequentemente combinado com outra modalidade de tratamento para aumentar a eficácia. A maioria dos especialistas indica tratamento com dispositivos que combinam microagulhamento e terapia de radiofrequência (microagulhamento de radiofrequência) como o modo preferido de tratamento para as estrias.

Os dispositivos combinados emitem energia de radiofrequência na ponta das agulhas ou sobre a superfície da agulha, gerando calor, o que se acredita melhorar o efeito clínico.

Uma série de sessões de microagulhamento de radiofrequência é tipicamente realizada, com sessões de tratamento individuais separadas por quatro ou mais semanas, dependendo do tempo necessário para a cicatrização da pele antes dos tratamentos subsequentes. As profundidades de penetração das agulhas geralmente variam de 2 a 3 mm.

Melhorias clínicas notáveis podem ocorrer dentro de algumas semanas após uma sessão de tratamento. O tratamento é continuado até que haja uma resposta satisfatória ou a melhoria progressiva cesse. Um curso de tratamento típico consiste em três a seis tratamentos; no entanto, os pacientes podem ficar satisfeitos com os resultados após menos tratamentos.

Outros tratamentos

Existem várias intervenções além das explicadas anteriormente para tratar estrias, mas vale lembrar que as evidências sobre a eficácia de algumas delas são limitadas e os benefícios ainda não são completamente claros.

Alguns desses tratamentos são:

  1. Dermabrasão superficial: um tratamento que pode ajudar especialmente nas estrias vermelhas. Ele envolve lixar levemente a pele para melhorar a aparência das estrias. Os efeitos colaterais comuns incluem descamação, coceira e vermelhidão.
  2. Fototerapia: Este tratamento usa luz, como o laser UVB, para melhorar a pigmentação em estrias brancas (albas). Ele pode ajudar a escurecer as estrias, tornando-as menos visíveis. No entanto, os resultados podem variar e os efeitos podem diminuir com o tempo.
  3. Peelings químicos: aplicar ácidos suaves na pele, como o ácido glicólico, pode aumentar a produção de colágeno e melhorar as estrias. Esse tratamento pode causar vermelhidão e descamação.
  4. Luz pulsada intensa (IPL): pode ser uma alternativa para o tratamento de estrias vermelhas. Este tratamento usa luz para melhorar a largura e a textura das estrias.
  5. Dispositivos de radiofrequência: esses dispositivos, usados sozinhos ou em combinação com outras terapias, podem remodelar a pele e melhorar as estrias.
  6. Lasers Infravermelhos: Lasers como o Nd:YAG podem ser usados para tratar estrias vermelhas, estimulando a produção de colágeno na pele.

Cada um desses tratamentos tem suas próprias vantagens, limitações e possíveis efeitos colaterais. É importante discutir com um dermatologista qual a melhor opção para o seu caso específico, levando em conta o tipo de estrias, a cor da pele e outros fatores individuais.

Camuflagem das estrias

A camuflagem de estrias é uma técnica cosmética que proporciona uma solução temporária para disfarçar as marcas indesejadas na pele. Utilizando uma gama de produtos especializados, como maquiagens e tintas dermocosméticas, a camuflagem trabalha para harmonizar a cor das estrias com o tom natural da pele circundante.

Esta abordagem não é curativa nem trata diretamente as estrias, mas serve como um meio eficaz de melhorar a aparência estética da pele, especialmente em ocasiões especiais ou em situações onde se deseja uma maior confiança na aparência física. Os produtos utilizados são cuidadosamente selecionados para garantir uma cobertura adequada e uma aparência natural, minimizando a visibilidade das estrias.

Muitos dos produtos usados são formulados para serem à prova d’água e de longa duração, permitindo que os indivíduos mantenham suas atividades diárias sem preocupações. Contudo, é importante destacar que a camuflagem requer retoques periódicos, já que não é uma solução permanente.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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