Colposcopia e biópsia do colo uterino

Dr. Pedro Pinheiro

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Tempo de leitura estimado do artigo: 3 minutos

O que é a colposcopia?

Colposcopia é uma palavra de origem grega, que pode ser traduzida como “visualizar a vagina” ou “examinar visualmente a vagina”.

A colposcopia é um procedimento realizado através de um aparelho chamado colposcópio, que permite ao médico examinar não só a vagina, mas também a vulva (parte externa da genitália feminina) e o colo do útero, de forma muito mais minuciosa que no exame ginecológico comum, que é feito a olho nu.

Apesar do nome sugerir alguma semelhança com exames mais invasivos, como a colonoscopia ou a endoscopia digestiva, na colposcopia não há introdução de nenhum dispositivo na vagina da paciente.

O colposcópio é um aparelho que se parece mais uma câmera ou um binóculo, como é possível ver na foto abaixo. Não há em momento algum contato do colposcópio com a região genital, ficando este sempre a cerca de 30 centímetros de distância da paciente.

A vantagem da colposcopia em relação ao exame ginecológico comum é o fato dele conseguir iluminar adequadamente o canal vaginal e permitir que o ginecologista possa visualizar a região através de lentes de aumento, o que permite a identificação de lesões na mucosa da vagina e do colo do útero que o olho nu não é capaz de perceber.

O colposcópio também permite ao ginecologista utilizar filtros de cores, como luz verde ou azul, para destacar alterações na vascularização na região do colo do útero.

Colposcópio
Colposcopia

Para que serve?

A colposcopia é um exame que serve para complementar o exame ginecológico comum, sendo habitualmente indicada quando o ginecologista acha necessária uma avaliação mais detalhada do aparelho genital.

Em geral, duas situações indicam a realização da colposcopia:

  • Quando o exame do Papanicolau apresenta alguma alteração sugestiva de lesão pré-maligna ou;
  • Quando durante o exame ginecológico comum, o ginecologista reconhece alguma lesão suspeita na mucosa da vagina ou do colo do útero.

Em ambos os casos, a colposcopia é utilizada para que o ginecologista possa fazer uma biópsia da região suspeita.

Se você quiser entender um pouco sobre o exame do Papanicolau, acesse o seguinte artigo: EXAME PAPANICOLAU – ASCUS, LSIL, NIC1, NIC 2 e NIC 3.

Como é feita?

A colposcopia não difere muito do exame ginecológico comum. A doente deita-se na maca com as pernas abertas e o ginecologista introduz o espéculo, também conhecido como bico de pato, na vagina para poder visualizar o seu interior. Até aqui, é tudo igual ao que a paciente está habituada.

Com o auxílio do colposcópio, que como já dissemos costuma ficar a cerca de 30 cm de distância da vulva, o médico faz uma cuidadosa avaliação de toda a mucosa da vagina e do colo uterino. Em geral, uma ou mais biópsias da mucosa da vagina ou do colo do útero são realizadas.

Se o médico conseguir detectar pelo colposcópio alguma lesão suspeita, ele irá realizar uma biópsia desta lesão.

Se não houver lesões óbvias, o ginecologista pode utilizar um corante para facilitar a identificação de tecidos com alterações nas suas células.

As duas técnicas mais utilizadas são o teste de Schiller, que utiliza uma solução à base de iodo, ou o teste do ácido acético, que conforme o próprio nome diz, utiliza uma solução de ácido acético. Se houver alterações a nível celular, com esses corantes elas se tornam mais aparentes, ajudando o ginecologista a escolher quais são as áreas do colo uterino que devem ser biopsiadas.

Explicamos com mais detalhes como funciona o teste de Schiller e do ácido acético no seguinte artigo: TESTE DE SCHILLER | TESTE DO ÁCIDO ACÉTICO.

Se o último Papanicolau da paciente já tiver mais de 6 semanas, uma nova curetagem do colo uterino pode ser realizada para que a amostra seja enviada junto com o material da biópsia.

O exame completo dura entre 15 a 20 minutos e é indolor. Algumas pacientes sentem algum desconforto na hora da passagem do espéculo ou durante a biópsia, mas, em geral, não é nada de mais. Não é preciso anestesia nem sedação para a realização da colposcopia. Também não é necessário nenhum preparo espacial para o exame.

Contraindicações e cuidados em relação à realização da colposcopia

Não existe nenhuma contraindicação absoluta à realização da colposcopia. Todavia, alguns cuidados devem ser observados para que a performance da colposcopia seja otimizada.

O primeiro ponto é não realizar a colposcopia durante o período menstrual. O melhor momento para a realização da colposcopia é na primeira metade do ciclo, poucos dias após o fim da menstruação.

Também não é indicado realizar a colposcopia em mulheres sabidamente com infecção vaginal ou cervical. A inflamação, o corrimento e o sangramento podem atrapalhar a correta visualização da vagina e do colo do útero.

A inflamação também pode fazer com que a passagem do espéculo seja dolorosa, tornando o exame mais incômodo do que o esperado. Por isso, sugere-se o tratamento de qualquer infecção ginecológica antes da realização do exame.

A colposcopia pode ser realizada sem nenhum problema nas grávidas. Porém, tanto a biópsia quanto a curetagem devem ser evitadas, devido ao risco maior de sangramentos e complicações para a gestação.

A biópsia também não deve ser realizada em pacientes que estejam tomando anticoagulantes. Se possível, o medicamento deve ser interrompido antes do exame para minimizar o risco de hemorragias.

A paciente que irá se submeter a uma colposcopia deve evitar relações sexuais nos 2 dias que antecedem o exame. Também não se aconselha a introdução de nenhum objeto na vagina, seja ele um absorvente interno, cremes, pomadas ou supositórios vaginais nas 48 horas anteriores.

Complicações

Se respeitadas as condições descritas no tópico anterior, o risco de complicações da colposcopia é muito baixo. Na verdade, a colposcopia em si não acarreta em nenhum risco. O que pode causar complicações é a biópsia e a curetagem, que podem provocar sangramento ou infecção.

A taxa de complicações é muito baixa. O risco de sangramento em pacientes não grávidas e sem alterações da coagulação é muito pequeno. A após a biópsia, o ginecologista costuma usar uma solução chamada de Monsel, que ajuda a cicatrizar a lesão, estancando qualquer sangramento que possa ocorrer.

A colposcopia com biópsia não interfere em nada com a fertilidade da paciente.

Cuidados após a colposcopia

Algum incômodo vaginal pode ocorrer nos 2 ou 3 primeiros dias após o exame. Pequenos sangramentos podem surgir por até uma semana. Corrimentos também são comuns e podem ser de coloração escura se o médico tiver usado a solução de Monsel.

Sugere-se evitar exercícios nas primeiras 24 a 48 horas após o procedimento. Relações sexuais devem ser evitadas por pelo menos 1 semana. Ducha vaginal e tampão também não devem ser utilizados.

O seu ginecologista deve ser contactado caso você note: sangramento abundante, febre, intensa dor abdominal ou na região vaginal e corrimentos com odor muito forte.

É importante saber que o resultado da biópsia costuma demorar, podendo só estar disponível após 2 ou 3 semanas.


Referências


Autor(es)

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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Comentários e perguntas

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17 respostas para “Colposcopia e biópsia do colo uterino”

  1. Rosângela

    Fiz uma biópsia deu nic1,a médica pediu colposcopia , e necessário,uma vez que já fiz a biópsia?

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      NIC 1 costuma ser um resultado obtido apenas por biópsias através de colposcopias. Você fez realmente biópsia ou só o Papanicolau? O mais habitual é fazer o Papanicolau primeiro e depois, se houver algum achado suspeito, fazer a colposcopia e biópsia.

  2. Patrícia

    O que quer dizer quando o útero está azulado

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      Depende, útero azulado naturalmente ou após o uso de corantes, como o lugol, para ver lesões?

  3. Joseildo j da silva

    Isso é muito importante bom demais dr Pedro parabéns

  4. stephanie

    a biopsia do colo do ultero costuma ser dolorosa ?

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      Pode causar algum incômodo.

  5. P Araújo

    Boa tarde, fiz esse exame e me assutei um pouco pq ficava tendo uns sangramentos e pensava q nao era normal mas agora que li seu artigo fiquei mais tranquila. Aqui o resultado é demorado e meu medico indicou 30 dias sem relações sexuais.

    1. Elaine

      Bom dia! Quando fazemos biópsia levamos ponto?

      1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
        Dr. Pedro Pinheiro

        Geralmente, não.

  6. solange pereira

    nunca fiz esse exame colposcopia estava com medo, pois precisamos nos cuidar e nos previnir, meu exameginecologico deu lesões no utero e na vagina…tem que fazer esse exame..

  7. Victoria

    Fiz biópsia quinta e após procedimento tive sangramento te no término sexta! Domingo de noite tive um novo sangramento(sangue ralo) tendo término domingo de noite do mesmo dia ! Isso é comum?? Pode ser alguma inflamação ou infecção??? Obs :Não sinto dores!

    1. Avatar de Dr. Pedro Pinheiro
      Dr. Pedro Pinheiro

      Se o sangramento for discreto e não há outros sintomas, não há motivos pra se preocupar.

  8. Elisangela

    Também gostei muito do artigo , bem esclarecedor mesmo vou passar por esse processo de colposcopia e biopsia, e já fiquei mais calma relação a isso .
    Parabéns muito bom!

  9. benedicta da Cruz Grave

    muito bom esse artigo, esclarecedor.,coisas que os médicos deveriam explicar aos pacientes como eu. que fiquei preocupada ao fazer esses exames e ainda mais com os resultados que eu não entendia o que significavam. e já estava pensando na pior das hipóteses, agora estou mais tranquila com essas explicações . obrigada,

  10. Maycon Mazzo

    ótimo

    1. Bernadete Teixeira

      Ótimo gostei muito e só esperar o meu resultado