Colposcopia e biópsia do colo uterino

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Colposcopia

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O que é a colposcopia?

Colposcopia é uma palavra de origem grega, que pode ser traduzida como “visualizar a vagina” ou “examinar visualmente a vagina”.

A colposcopia é um procedimento realizado através de um aparelho chamado colposcópio, que permite ao médico examinar não só a vagina, mas também a vulva (parte externa da genitália feminina) e o colo do útero, de forma muito mais minuciosa que no exame ginecológico comum, que é feito a olho nu.

Apesar do nome sugerir alguma semelhança com exames mais invasivos, como a colonoscopia ou a endoscopia digestiva, na colposcopia não há introdução de nenhum dispositivo na vagina da paciente.

O colposcópio é um aparelho que se parece mais uma câmera ou um binóculo, como é possível ver na foto abaixo. Não há em momento algum contato do colposcópio com a região genital, ficando este sempre a cerca de 30 centímetros de distância da paciente.

A vantagem da colposcopia em relação ao exame ginecológico comum é o fato dele conseguir iluminar adequadamente o canal vaginal e permitir que o ginecologista visualize a região por meio de lentes de aumento, facilitando a identificação de lesões na mucosa da vagina e do colo do útero que o olho nu não é capaz de perceber.

O colposcópio também permite ao ginecologista utilizar filtros de cores, como luz verde ou azul, para destacar alterações na vascularização na região do colo do útero.

Colposcópio
Colposcopia

Para que serve?

A colposcopia é um exame que serve para complementar o exame ginecológico comum, sendo habitualmente indicada quando o ginecologista acha necessária uma avaliação mais detalhada do aparelho genital.

Em geral, duas situações indicam a realização da colposcopia:

  • Quando o exame do Papanicolau apresenta alguma alteração sugestiva de lesão pré-maligna ou;
  • Quando durante o exame ginecológico comum, o ginecologista reconhece alguma lesão suspeita na mucosa da vagina ou do colo do útero.

Em ambos os casos, a colposcopia é utilizada para que o ginecologista possa fazer uma biópsia da região suspeita.

Se você quiser entender um pouco sobre o exame do Papanicolau, acesse o seguinte artigo: Exame Papanicolau – O que significam os termos: ASCUS, LSIL, NIC1, NIC 2 e NIC 3?.

Como é feita a colposcopia?

A colposcopia não difere muito do exame ginecológico comum. A doente deita-se na maca com as pernas abertas e o ginecologista introduz o espéculo, também conhecido como bico de pato, na vagina para poder visualizar o seu interior. Até aqui, é tudo igual ao que a paciente está habituada.

Com o auxílio do colposcópio, que como já dissemos costuma ficar a cerca de 30 cm de distância da vulva, o médico faz uma cuidadosa avaliação de toda a mucosa da vagina e do colo uterino. Em geral, uma ou mais biópsias da mucosa da vagina ou do colo do útero são realizadas.

Se o médico conseguir detectar pelo colposcópio alguma lesão suspeita, ele irá realizar uma biópsia desta lesão.

Se não houver lesões óbvias, o ginecologista pode utilizar um corante para facilitar a identificação de tecidos com alterações nas suas células.

As duas técnicas mais utilizadas são o teste de Schiller, que utiliza uma solução à base de iodo, ou o teste do ácido acético, que conforme o próprio nome diz, utiliza uma solução de ácido acético. Se houver alterações a nível celular, com esses corantes elas se tornam mais aparentes, ajudando o ginecologista a escolher quais são as áreas do colo uterino que devem ser biopsiadas.

Explicamos com mais detalhes como funciona o teste de Schiller e do ácido acético no seguinte artigo: Teste de Schiller / Teste do ácido acético.

Se o último Papanicolau da paciente já tiver mais de 6 semanas, uma nova curetagem do colo uterino pode ser realizada para que a amostra seja enviada junto com o material da biópsia.

O exame completo dura entre 15 a 20 minutos e é indolor. Algumas pacientes sentem algum desconforto na hora da passagem do espéculo ou durante a biópsia, mas, em geral, não é nada de mais. Não é preciso anestesia nem sedação para a realização da colposcopia. Também não é necessário nenhum preparo espacial para o exame.

Contraindicações e cuidados em relação à realização da colposcopia

Não existe nenhuma contraindicação absoluta à realização da colposcopia. Todavia, alguns cuidados devem ser observados para que o desempenho da colposcopia seja otimizado.

O primeiro ponto é não realizar a colposcopia durante o período menstrual. O melhor momento para a realização da colposcopia é na primeira metade do ciclo, poucos dias após o fim da menstruação.

Também não é indicado realizar a colposcopia em mulheres sabidamente com infecção vaginal ou cervical. A inflamação, o corrimento e o sangramento podem atrapalhar a correta visualização da vagina e do colo do útero.

A inflamação também pode fazer com que a passagem do espéculo seja dolorosa, tornando o exame mais incômodo do que o esperado. Por isso, sugere-se o tratamento de qualquer infecção ginecológica antes da realização do exame.

A colposcopia pode ser realizada sem nenhum problema nas grávidas. Porém, tanto a biópsia quanto a curetagem devem ser evitadas, devido ao risco maior de sangramentos e complicações para a gestação.

A biópsia também não deve ser realizada em pacientes que estejam tomando anticoagulantes. Se possível, o medicamento deve ser interrompido antes do exame para minimizar o risco de hemorragias.

A paciente que irá se submeter a uma colposcopia deve evitar relações sexuais nos 2 dias que antecedem o exame. Também não se aconselha a introdução de nenhum objeto na vagina, seja ele um absorvente interno, cremes, pomadas ou supositórios vaginais nas 48 horas anteriores.

Complicações

Se respeitadas as condições descritas no tópico anterior, o risco de complicações da colposcopia é muito baixo. Na verdade, a colposcopia em si não acarreta nenhum risco. O que pode causar complicações é a biópsia e a curetagem, que podem provocar sangramento ou infecção.

A taxa de complicações é muito baixa. O risco de sangramento em pacientes não grávidas e sem alterações da coagulação é muito pequeno. A após a biópsia, o ginecologista costuma usar uma solução chamada solução de Monsel, que ajuda a cicatrizar a lesão, estancando qualquer sangramento que possa ocorrer.

A colposcopia com biópsia não interfere em nada com a fertilidade da paciente.

Cuidados após a colposcopia

Algum incômodo vaginal pode ocorrer nos 2 ou 3 primeiros dias após o exame. Pequenos sangramentos podem surgir por até uma semana. Corrimentos também são comuns e podem ser de coloração escura se o médico tiver usado a solução de Monsel.

Sugere-se evitar exercícios nas primeiras 24 a 48 horas após o procedimento. Relações sexuais devem ser evitadas por pelo menos 1 semana. Ducha vaginal e tampão também não devem ser utilizados.

O seu ginecologista deve ser contactado caso você note: sangramento abundante, febre, intensa dor abdominal ou na região vaginal e corrimentos com odor muito forte.

É importante saber que o resultado da biópsia costuma demorar, podendo só estar disponível após 2 ou 3 semanas.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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