Cancro mole: o que é, transmissão, sintomas e tratamento

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O que é o cancro mole?

O cancro mole é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pela bactéria Haemophilus ducreyi, que se manifesta tipicamente como úlceras na região genital. O cancro mole também é conhecido pelos nomes de cancroide, úlcera mole venérea ou “cavalo”.

Estima-se que anualmente ocorram 6 milhões de novos casos de cancro mole no mundo, sendo esta doença mais comum em regiões mais pobres, como Africa, Asia e América Latina.

Transmissão da bactéria Haemophilus ducreyi

O Haemophilus ducreyi é uma bactéria altamente contagiosa capaz de penetrar a pele através de microscópicas feridas, como aquelas causadas pelo atrito do ato sexual. Não é preciso haver ejaculação para ocorrer a transmissão. A bactéria pode ser transmitida através do sexo pela via anal, vaginal ou oral.

Mas o Haemophilus ducreyi também pode ser transmitido por vias não sexuais, pelo contato direto com as lesões, apesar desse modo ser bem menos comum. Tocar em uma ferida de cancroide pode contaminar as mãos, que por sua vez podem transportar a bactéria até outros pontos do corpo, como a cavidade oral, por exemplo (leia: Por que lavar as mãos é importante pra saúde?).

O cancro mole é cerca de 20 vezes mais comum em homens do que em mulheres. Entre os homens, a doença é mais comum naqueles não circuncidados (leia: Circuncisão – Riscos e Benefícios).

Sintomas

O período médio de incubação do cancro mole é de 4 a 10 dias, porém há casos em que a lesão surge já no dia seguinte e casos que demoram mais de 30 dias para aparecer.

O quadro inicia-se com uma pequena lesão avermelhada, que rapidamente se transforma em uma pústula (ferida com pus) e posteriormente em uma úlcera, a lesão típica do cancroide.

A úlcera do cancro mole costuma medir 1 a 2 cm de diâmetro e é muito dolorosa. A base da lesão costuma ser inflamada e purulenta, sangrando facilmente com atrito. O paciente contaminado normalmente apresenta mais de uma úlcera em sua região genital, tipicamente 1 a 4 lesões simultaneamente.

No homem, as úlceras do cancro mole acometem principalmente o prepúcio, o sulco balanoprepucial e a região perianal (em homossexuais passivos); nas mulheres, grandes e pequenos lábios, fúrcula, colo uterino e região perianal são os locais mais acometidos.

As úlceras do cancroide podem ser confundidas com as da sífilis por leigos ou profissionais menos experientes. A lesão da sífilis, porém, costuma ser única, indolor e sem secreção purulenta.

Em cerca de 50% dos casos também há o bubão inguinal, que é o envolvimento dos linfonodos da região inguinal (virilha) pelo cancro mole. O bubão costuma ser unilateral e surge de 1 a 2 semanas após as úlceras do cancro mole; é uma lesão dolorosa e inchada, que quando estoura, drena uma grande quantidade de pus. Tanto a úlcera quanto o pus do bubão são altamente contagiosos.

A presença do cancro mole aumenta o risco de contaminação pelo HIV e por outras DST.

Diagnóstico

O diagnóstico laboratorial do cancro mole pode ser feito através de coleta de material da úlcera para cultura ou pesquisa do H. ducreyi por PCR (Polymerase chain reaction). Ambos os métodos, porém, não são simples e não costumam estar disponíveis na maioria dos laboratórios.

Sendo assim, a maioria dos diagnósticos de cancroide acaba sendo feito com base nos quadro clínico: múltiplas úlceras dolorosas e purulentas, aumento dos linfonodos da virilha e pesquisa negativa para sífilis e herpes genital.

Diagnóstico diferencial do cancro mole

O diagnóstico diferencial do cancro mole deve ser feito com outras DST que cursam com úlceras genitais, nomeadamente:

  • Herpes genital: lesão do herpes costuma iniciar-se com múltiplas vesículas (pequenas bolhas) que se transformam em várias pequenas úlceras dolorosas. As feridas do herpes aparecem e desaparecem periodicamente.
  • Sífilis: como já referido, a lesão da sífilis, chamada de cancro duro, costuma ser única, é indolor e tem fundo limpo, sem o pus.
  • Donovanose: costuma apresentar úlcera indolor e sem acometimento dos linfonodos inguinais.
  • Linfogranuloma Venéreo: úlceras pequenas, agrupadas e indolores, semelhantes ao que ocorre no herpes genital.

Tratamento

O tratamento do cancroide é simples e apresenta taxas de cura acima de 90%. Atualmente as três opções mais usadas são:

  • Azitromicina 1 g por via oral, dose única.
  • Ceftriaxona 250 mg intramuscular, dose única.
  • Ciprofloxacino 500 mg via oral, 12/12 horas por 3 dias.

As úlceras começam a melhorar com 48 horas de tratamento. Se após 7 dias não houver sinais de melhora, é preciso voltar ao médico para reavaliar o tratamento. Os motivos mais comuns para falha no tratamento são:

  • Diagnóstico errado de cancro mole.
  • Cancro mole em pacientes com HIV.
  • Coinfecção por outra DST que também cursa com úlceras.
  • Resistência ao antibiótico.

Referências


Autor(es)

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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22 comentários em “Cancro mole: o que é, transmissão, sintomas e tratamento”

    • Ele tem que procurar um urologista para fazer o diagnóstico primeiro. Sem saber o que é não tem como indicar um tratamento.

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  1. fui diagnosticado com cancro mole e tomei azi 1g mas após 13 dias ainda dói e saiu pus quando passo a pomada quadriderm, gostaria de saber se e normal ou se tem outra pomada mais eficaz e quanto tempo demora para saber se deu resultado.

    obrigado

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  2. Olá, já tive o cancro mole há uns 2 meses, tratei com azitromicina doze única. Sarou bem rapido, mas agora voltou. O tratamento agora terá que ser feito com outro antibiotico ou pode ser usada a azitromicina?

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  3. eu tenho  varias verrugas na minha verilha com cor marron e sou um pouco gordo e algumas  no meu saco escrotal  isso o que pode ser e se tem tratamento 

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    • A aparência não é exatamente igual, quem tem experiência com DST sabe distinguir. De qualquer forma, se houver dúvida, pode-se colher material da lesão para pesquisa do herpes, que é relativamente simples.

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  4. Ola Dr. Pedro,
    Fui ao Urologista aqui em Brasília, é o meu prognóstico foi Cancro Mole, porém não gostei da postura do médico (me examinou sem luvas e estava sem jaleco), que prescreveu azitromicina por duas semanas! De tudo que já havia pesquisado, achei excessiva a dose do medicamento, que foi confirmada por dois famaceuticos. No caso a prescrição foi de 500 mg. O que me recomenda?

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  5. O senhor escreveu no final:
    – Diagnóstico errado de cancro mole:
    – Cancro mole em pacientes com HIV…O HIV gera cancro mole? Obrigado.

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