Introdução: o que é o HPV?
O Papilomavírus Humano, mais conhecido pela sigla HPV, é um grupo de vírus que infecta a pele e as mucosas do ser humano, sendo transmitido principalmente por via sexual. Trata-se da infecção sexualmente transmissível (IST) mais comum no mundo, com alta prevalência entre adolescentes e adultos jovens logo após o início da vida sexual.
Existem mais de 200 subtipos identificados de HPV. A maioria das infecções é assintomática e regride espontaneamente. No entanto, alguns tipos do vírus têm alto potencial oncogênico, sendo capazes de provocar alterações celulares que, com o tempo, podem evoluir para câncer. Os principais cânceres associados ao HPV são: colo do útero, ânus, pênis, vulva, vagina e orofaringe (região que inclui base da língua e amígdalas).
Outros subtipos, considerados de baixo risco, são responsáveis por lesões benignas, como as verrugas genitais (condilomas acuminados).
De acordo com dados do Ministério da Saúde, estima-se que o HPV infecte milhões de brasileiros todos os anos, sendo um importante problema de saúde pública. A infecção pelo HPV está presente em mais de 90% dos casos de câncer do colo do útero, o quarto tipo de câncer mais incidente entre as mulheres no Brasil.
A boa notícia é que o HPV pode ser prevenido por meio de vacina segura e eficaz, que já está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). A ampliação da cobertura vacinal representa uma das estratégias mais promissoras para reduzir, de forma significativa, a incidência de cânceres relacionados ao HPV nas próximas décadas.
Neste artigo falaremos sobre a vacinação contra o HPV, suas indicações, eficácia e efeitos colaterais. Vamos falar também sobre os mitos que cercam a vacina contra o HPV.
Se você está à procura de informações sobre o Papilomavírus Humano ou verrugas genitais, acesse os links:
Subtipos de HPV
O Papilomavírus Humano (HPV) compreende um grupo extenso de vírus, com mais de 200 subtipos identificados. Desses, cerca de 40 infectam preferencialmente a região anogenital e a orofaringe, sendo transmitidos principalmente por contato sexual — incluindo relações vaginais, anais e orais.
Esses subtipos são classificados em dois grandes grupos conforme seu potencial oncogênico:
1. HPVs de baixo risco oncogênico
São geralmente associados a lesões benignas, como verrugas genitais e papilomas. Os tipos 6 e 11 são os mais comuns, respondendo por aproximadamente 90% dos casos de condiloma acuminado (verruga genital). Esses subtipos raramente evoluem para câncer, mas podem causar desconforto físico e estigmatização social.
2. HPVs de alto risco oncogênico
São aqueles capazes de provocar alterações celulares persistentes que podem levar ao desenvolvimento de câncer. Os subtipos mais relevantes clinicamente são o HPV-16 e o HPV-18, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Além disso, esses tipos também estão implicados em neoplasias da vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe.
Outros subtipos de alto risco incluem os tipos 31, 33, 45, 52 e 58, que também apresentam potencial para induzir lesões pré-cancerosas e cânceres invasivos, embora com menor frequência que os tipos 16 e 18.
Por esse motivo, os subtipos mais prevalentes e perigosos são os principais alvos das vacinas contra o HPV, que têm como objetivo prevenir tanto as infecções quanto as doenças associadas ao vírus.
Vacinas contra HPV disponíveis
Atualmente, existem três vacinas profiláticas contra o HPV licenciadas no mundo: a bivalente (Cervarix®), a quadrivalente (Gardasil®) e a nonavalente (Gardasil 9®).
No Brasil, a vacina quadrivalente (Gardasil®) é a única disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) desde 2014.
Em Portugal, a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) disponível e administrada no âmbito do Programa Nacional de Vacinação (PNV) é a vacina Gardasil 9®.
Vacina quadrivalente (Gardasil®)
É a vacina utilizada na rede pública brasileira. Confere proteção contra quatro subtipos de HPV:
- HPV-6 e HPV-11: responsáveis por aproximadamente 90% das verrugas genitais.
- HPV-16 e HPV-18: responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero, além de outros cânceres anogenitais e de orofaringe.
A vacina é produzida com partículas semelhantes ao vírus (VLPs – virus-like particles), que não contêm material genético viral, ou seja, não causam infecção. Por ser uma vacina inativada, é segura para pessoas imunossuprimidas e não apresenta risco de desenvolver a doença.
Vacina nonavalente (Gardasil 9®)
Protege contra nove subtipos de HPV: 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58. Foi desenvolvida para ampliar a proteção contra mais tipos oncogênicos, oferecendo cobertura contra cerca de 90% dos cânceres cervicais.
Embora licenciada no Brasil pela Anvisa, a Gardasil 9 não está disponível gratuitamente na rede pública e só pode ser acessada na rede privada de vacinação, mediante prescrição médica.
Vacina bivalente (Cervarix®)
Protege exclusivamente contra os tipos 16 e 18, sendo voltada principalmente à prevenção do câncer do colo do útero. Não protege contra verrugas genitais. Não é utilizada atualmente no SUS nem pelo Sistema Nacional de Saúde português.
Considerações sobre escolha e disponibilidade
No contexto do SUS, a vacina quadrivalente foi a opção selecionada por oferecer proteção tanto contra cânceres quanto contra verrugas genitais, ampliando os benefícios da imunização em saúde pública. Já nas clínicas privadas, a escolha entre Gardasil 4 e Gardasil 9 pode depender de orientação médica, disponibilidade e custo.
Independentemente da formulação, todas as vacinas contra HPV aprovadas pelas autoridades sanitárias são consideradas seguras, imunogênicas e eficazes, especialmente quando administradas antes do início da vida sexual.
Quem deve se vacinar contra o HPV?
A vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) é indicada preferencialmente para crianças e adolescentes antes do início da vida sexual, fase em que o organismo responde melhor à imunização e o risco de exposição ao vírus ainda é baixo.
Além de proteger contra infecções futuras, a vacinação precoce contribui para a redução da incidência de diversos tipos de cânceres e verrugas genitais.
Brasil
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde do Brasil estabelece as seguintes recomendações para vacinação gratuita com a vacina quadrivalente:
- Meninas e meninos de 9 a 14 anos: dose única.
- Adolescentes de 15 a 19 anos não vacinados anteriormente: uma dose, como estratégia de resgate (vigente desde 2024).
- Pessoas de 9 a 45 anos em situações especiais, com recomendação médica e esquema de 3 doses:
- Vivendo com HIV/aids;
- Transplantadas de órgãos sólidos ou de medula óssea;
- Em tratamento oncológico;
- Usuárias de profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP);
- Vítimas de violência sexual.
Indicações fora do SUS
Na rede privada de vacinação, a vacina contra o HPV pode ser administrada para homens e mulheres até os 45 anos de idade, conforme avaliação médica individualizada. Para pessoas que já iniciaram a vida sexual ou que já tiveram contato prévio com algum subtipo de HPV, a vacinação continua sendo útil, pois protege contra os tipos aos quais o indivíduo ainda não foi exposto.
Portugal
Em Portugal, a vacinação contra o vírus do papiloma humano (HPV) é parte integrante do Programa Nacional de Vacinação (PNV), sendo disponibilizada de forma gratuita e universal a todos os residentes no país.
Desde outubro de 2020, o PNV recomenda a administração da vacina nonavalente (Gardasil 9®) a:
- Meninas e meninos aos 10 anos de idade: com um esquema de duas doses, administradas com um intervalo de seis meses entre elas.
Indicações fora do PNV
Embora o PNV se concentre na vacinação de crianças aos 10 anos, a Sociedade Portuguesa de Ginecologia recomenda a vacinação de mulheres até os 26 anos que não tenham sido abrangidas pelo programa. Além disso, sugere-se que mulheres com mais de 26 anos considerem a vacinação em uma perspectiva de proteção individual, especialmente se estiverem em risco acrescido de exposição ao vírus.
Considerações especiais
- Pessoas já infectadas por um subtipo de HPV: a vacinação ainda é indicada, pois pode proteger contra os demais subtipos contidos na vacina.
- Gestantes: a vacinação não é recomendada durante a gestação, por ausência de estudos que garantam a segurança nesse período. Caso a gestação seja descoberta após o início da vacinação, as doses restantes devem ser adiadas até o pós-parto.
- Lactantes: a vacinação pode ser realizada durante o aleitamento, pois não há contraindicações.
- Imunocomprometidos: a vacina é segura e recomendada, sendo necessário o esquema completo com três doses.
Equidade de gênero
Embora a vacina tenha sido inicialmente desenvolvida com foco na prevenção do câncer do colo do útero, atualmente reconhece-se a importância da imunização em meninos. O HPV é responsável por cânceres que também acometem os homens, como os de ânus, pênis e orofaringe, além de verrugas genitais, que afetam ambos os sexos.
A inclusão de meninos no calendário vacinal tem papel fundamental na interrupção da cadeia de transmissão do vírus, contribuindo para a proteção coletiva (imunidade de rebanho) e ampliando os benefícios da vacinação em saúde pública.
Eficácia da vacinação contra o HPV
A vacinação contra o HPV é uma das estratégias mais eficazes na prevenção de diversos tipos de cânceres e de verrugas genitais causadas pelo Papilomavírus Humano. Quando administrada antes do início da vida sexual — idealmente entre os 9 e 14 anos —, a resposta imunológica é mais robusta e a proteção conferida é máxima.
Evidências clínicas
Diversos estudos clínicos de larga escala, com seguimento a longo prazo, demonstraram a alta eficácia das vacinas contra o HPV:
- Prevenção de lesões precursoras do câncer do colo do útero (NIC 2/3): eficácia superior a 90% em indivíduos vacinados antes da exposição ao vírus.
- Prevenção de verrugas genitais: eficácia de 90% a 100% contra os subtipos 6 e 11.
- Eficácia em homens: estudos mostram proteção de até 90% contra verrugas genitais e cerca de 75% contra lesões anais associadas ao HPV em homens não expostos previamente ao vírus.
- Vacinação de mulheres sexualmente ativas: embora a eficácia seja menor após o início da vida sexual (por possível exposição prévia), a vacina continua sendo útil, pois pode proteger contra subtipos ainda não adquiridos.
Dados de vida real
A efetividade da vacina também se comprova fora do ambiente de ensaios clínicos, em contextos populacionais. Um dos exemplos mais notáveis é o da Austrália, que iniciou seu programa nacional de vacinação contra o HPV em 2007:
- Redução de mais de 90% na incidência de verrugas genitais em adolescentes e adultos jovens.
- Queda de 88% nas lesões cervicais de alto grau em mulheres com menos de 20 anos.
- Projeções apontam que o país poderá ser o primeiro do mundo a eliminar o câncer do colo do útero como problema de saúde pública até 2035.
Duração da proteção
Estudos de acompanhamento indicam que a proteção conferida pela vacina é duradoura, com eficácia sustentada por pelo menos:
- 14 anos para a vacina quadrivalente (Gardasil);
- 10 anos para a vacina nonavalente (Gardasil 9), com expectativa de proteção ainda mais prolongada.
Até o momento, não há evidência de necessidade de reforço vacinal (booster) em indivíduos imunocompetentes.
Limitações
É importante ressaltar que:
- A vacina não trata infecções por HPV já estabelecidas nem reverte lesões pré-existentes.
- A imunização não oferece proteção contra todos os subtipos oncogênicos, razão pela qual o exame de Papanicolau permanece necessário mesmo em mulheres vacinadas ( (leia: Exame Papanicolau – ASCUS, LSIL, NIC1, NIC 2 e NIC 3).
Doses da vacina contra o HPV
O esquema de vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) varia conforme a idade, o estado imunológico do indivíduo e as políticas de saúde de cada país. A seguir, apresentam-se os esquemas adotados no Brasil e em Portugal.
Brasil — Sistema Único de Saúde (SUS)
Desde abril de 2024, o Ministério da Saúde do Brasil implementou o esquema de dose única para a maioria dos indivíduos, baseado em evidências científicas que demonstram eficácia comparável à de múltiplas doses quando administrada antes do início da vida sexual.
Esquemas vigentes:
- Crianças e adolescentes de 9 a 14 anos (meninas e meninos):
- 1 dose única.
- Adolescentes de 15 a 19 anos não vacinados anteriormente:
- 1 dose única, como estratégia de resgate.
- Pessoas imunocomprometidas (de 9 a 45 anos), incluindo pessoas vivendo com HIV/aids, transplantados, pacientes oncológicos em quimioterapia ou radioterapia, usuários de PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV):
- Esquema de 3 doses:
- 1ª dose no mês 0;
- 2ª dose no mês 2;
- 3ª dose no mês 6.
- Esquema de 3 doses:
- Vítimas de violência sexual:
- 9 a 14 anos: duas doses (0 e 6 meses);
- 15 a 45 anos: três doses (0, 2 e 6 meses).
Portugal — Programa Nacional de Vacinação (PNV)
Em Portugal, a vacina nonavalente (Gardasil 9®) é administrada gratuitamente no âmbito do PNV.
Esquema recomendado:
- Raparigas e rapazes aos 10 anos de idade:
- 2 doses, com intervalo de 6 meses entre elas (0 e 6 meses).
Esquemas de recurso:
- Indivíduos que iniciem a vacinação entre os 10 e os 13 anos:
- 2 doses, desde que o intervalo entre elas seja de, pelo menos, 6 meses.
- Indivíduos que iniciem a vacinação com 14 anos ou mais:
- 3 doses, administradas nos meses 0, 2 e 6.
A vacinação é gratuita e universal para todos os residentes em Portugal, sendo recomendada a sua administração preferencialmente antes do início da atividade sexual.
Em caso de atraso no esquema vacinal, não é necessário reiniciar o processo; as doses restantes devem ser administradas conforme orientação médica.
Papanicolau nas mulheres vacinadas
A vacinação contra o HPV representa uma das mais importantes estratégias de prevenção do câncer do colo do útero. No entanto, mesmo entre mulheres vacinadas, o exame de Papanicolau continua sendo indispensável.
Por que o rastreamento continua necessário?
Embora a vacina quadrivalente proteja contra os subtipos 16 e 18 do HPV — responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer cervical — e a vacina nonavalente amplie essa proteção para aproximadamente 90% dos subtipos oncogênicos, nenhuma vacina atual cobre 100% dos tipos de HPV associados ao câncer.
Além disso:
- A vacina não tem efeito terapêutico, ou seja, não trata infecções já existentes nem lesões pré-cancerosas presentes no momento da vacinação;
- Algumas mulheres podem ter sido expostas ao vírus antes de completarem o esquema vacinal;
- Uma pequena parcela dos cânceres cervicais é causada por fatores não relacionados ao HPV.
Portanto, o exame de Papanicolau (também chamado de citologia cervical) continua sendo essencial para o diagnóstico precoce de alterações nas células do colo do útero, mesmo em mulheres vacinadas.
A vacina contra o HPV é segura?
A vacina contra o HPV é extremamente segura, com um perfil de segurança comparável ao das demais vacinas amplamente utilizadas no calendário vacinal. Desde sua introdução em 2006, milhões de doses já foram administradas no mundo todo, com monitoramento contínuo de eventos adversos por agências reguladoras internacionais e nacionais.
Evidências de segurança
A segurança das vacinas contra o HPV foi avaliada em estudos clínicos com mais de 50 mil participantes antes da aprovação regulatória. Após sua introdução em larga escala, a vigilância pós-comercialização continuou a acompanhar potenciais efeitos adversos em populações vacinadas.
Dados acumulados por instituições como a OMS, o CDC (EUA), a EMA (União Europeia) e a Anvisa (Brasil) confirmam:
- A maioria dos eventos adversos é leve e transitória, como dor no local da aplicação, vermelhidão, inchaço, febre, náuseas ou cefaleia.
- Eventos adversos graves são extremamente raros, e quando ocorrem, geralmente não têm relação causal comprovada com a vacinação.
Estudos de larga escala
Um estudo norte-americano conduzido pelo CDC entre 2006 e 2013 analisou mais de 57 milhões de doses da vacina quadrivalente e constatou que:
- Cerca de 0,03% das vacinações geraram notificações de eventos adversos.
- Mais de 90% desses eventos foram considerados leves.
- Nenhuma associação causal foi estabelecida entre a vacina e mortes ou doenças autoimunes graves.
Outros estudos também descartaram relação entre a vacina e condições como a síndrome de Guillain-Barré, trombose venosa profunda ou infertilidade.
Monitoramento no Brasil
No Brasil, a vacina contra o HPV é monitorada pelo Sistema de Vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacinação (VIGIPÓS), da Anvisa e do Ministério da Saúde. Até o momento, não há registros de risco aumentado de efeitos colaterais graves atribuíveis à vacina.
Fake news e hesitação vacinal
Apesar da robustez das evidências científicas, a vacina contra o HPV tem sido alvo frequente de desinformação e boatos infundados, especialmente nas redes sociais. É fundamental destacar que:
- Teorias da conspiração sobre controle populacional ou riscos ocultos não têm qualquer respaldo científico.
- Países que mantêm altas coberturas vacinais (como Austrália, Reino Unido e Portugal) apresentam queda significativa nas taxas de infecção por HPV e de lesões pré-cancerosas.
A OMS classifica a hesitação vacinal como uma das 10 principais ameaças à saúde global, e combater a desinformação é parte essencial da estratégia de saúde pública.
Efeitos colaterais da vacina contra o HPV
Como qualquer vacina ou medicamento, a vacina contra o HPV pode causar efeitos colaterais. No entanto, os eventos adversos associados a ela são, em sua grande maioria, leves, transitórios e autolimitados. A segurança dessa vacina foi amplamente testada em estudos clínicos e segue sendo monitorada de forma contínua pelas principais agências reguladoras de saúde do mundo.
Efeitos colaterais mais comuns
Os efeitos adversos mais frequentemente observados incluem:
- Dor no local da aplicação (mais comum);
- Edema (inchaço) e vermelhidão no braço vacinado;
- Febre baixa;
- Cefaleia (dor de cabeça);
- Náuseas ou mal-estar leve;
- Tontura ou sensação de desmaio, principalmente em adolescentes mais jovens ansiosos com o procedimento.
Esses efeitos geralmente se resolvem espontaneamente em poucas horas ou dias e não representam risco à saúde.
Síncope (desmaio)
Um efeito colateral relativamente mais comum entre adolescentes é o desmaio reflexo (síncope vasovagal) logo após a aplicação da vacina, geralmente por ansiedade ou medo de agulhas — fenômeno que ocorre com outras vacinas também. Por esse motivo, recomenda-se que o indivíduo permaneça em repouso, sentado ou deitado, por 15 minutos após a vacinação, especialmente em adolescentes.
Eventos adversos moderados a graves
Em raríssimos casos, foram relatados:
- Reações alérgicas, como urticária ou anafilaxia, geralmente em pessoas com hipersensibilidade a algum componente da vacina (como proteína do fermento Saccharomyces cerevisiae);
- Trombose venosa profunda (TVP): casos foram notificados, mas a maioria ocorreu em indivíduos com fatores de risco já conhecidos (uso de anticoncepcionais hormonais, histórico familiar);
- Síndrome de Guillain-Barré: estudos de alta qualidade (CDC, OMS) não demonstraram aumento da incidência dessa condição em vacinados em relação à população geral.
Segundo dados do CDC, entre 2006 e 2013, após mais de 57 milhões de doses aplicadas da vacina quadrivalente nos EUA, foram notificados cerca de 21 mil eventos adversos (0,03% das aplicações), dos quais mais de 90% foram leves.
Conclusão
A vacina contra o HPV tem um excelente perfil de segurança, com efeitos adversos leves e raros. Os benefícios da vacinação, como a prevenção de cânceres e verrugas genitais, superam amplamente os riscos potenciais. O monitoramento contínuo segue sendo realizado por órgãos nacionais e internacionais, sem que qualquer risco significativo à saúde pública tenha sido identificado até o momento.
Informações em vídeo
Para finalizar, veja esse curto vídeo, produzido pela equipe do MD.Saúde, que explica de forma simples a vacinação contra o HPV.
Referências
- Prophylactic vaccination against human papillomaviruses to prevent cervical cancer and its precursors – The Cochrane database of systematic reviews.
- Efficacy and safety of prophylactic HPV vaccines. A Cochrane review of randomized trials – Expert review of vaccines.
- Human papillomavirus vaccination – UpToDate.
- Quadrivalent vaccine against human papillomavirus to prevent high-grade cervical lesions – New England Journal of Medicine (NEJM).
- Four year efficacy of prophylactic human papillomavirus quadrivalent vaccine against low grade cervical, vulvar, and vaginal intraepithelial neoplasia and anogenital warts: randomised controlled trial – British Medical Journal (BMJ)
- Quadrivalent vaccine against human papillomavirus to prevent anogenital diseases – New England Journal of Medicine (NEJM).
- Efficacy of human papillomavirus (HPV)-16/18 AS04-adjuvanted vaccine against cervical infection and precancer caused by oncogenic HPV types (PATRICIA): final analysis of a double-blind, randomised study in young women – The Lancet.
- The projected timeframe until cervical cancer elimination in Australia: a modelling study – The Lancet.
Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.