Rubéola: sintomas, diagnóstico e tratamento

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Tempo estimado de leitura: 4 minutos.

O que é rubéola?

A rubéola é uma infecção viral, altamente contagiosa, que costuma surgir na infância. A infecção tem habitualmente um curso benigno, mas quando adquirida durante a gravidez pode causar sérias complicações para o feto em formação.

A rubéola costuma causar febre e manchas avermelhadas pelo corpo, chamadas de rash. O ser humano é o único hospedeiro desse tipo de vírus.

Felizmente, a rubéola vem se tornando cada vez menos comum, principalmente após a intensificação das campanhas de vacinação nos últimos anos. No Brasil, não há casos notificados desde 2009.

Formas de transmissão

A rubéola é transmitida pelas vias aéreas, através de perdigotos (gotículas de saliva), como a maioria das infecções virais de transmissão aérea. O vírus é altamente contagioso e costuma ser transmitido por espirros, tosse, beijos, talheres, ou mesmo através de conversas, caso haja tempo e proximidade suficientes para contato com perdigotos.

O período de incubação, ou seja, o intervalo de tempo entre a contaminação e o aparecimento dos sintomas, é em média de 14 a 18 dias. Entretanto, o individuo contaminado já torna-se contagioso entre uma a duas semanas antes da infecção se tornar clinicamente aparente. Isso significa que poucos dias depois de ter sido contaminado, e antes de qualquer sintoma, o paciente já é capaz de passar o vírus para outras pessoas.

Em muitos casos a infecção pela rubéola é tão fraca que passa despercebida, o que não impede, porém, que o paciente contamine outras pessoas. Por este motivo, muitos indivíduos com rubéola não conseguem identificar quem os contaminou.

O vírus habitualmente invade o organismo pelas vias aéreas, mas cinco a sete dias após a contaminação já se encontra espalhado por todo o corpo, podendo ser encontrado no sangue, urina, pulmão, liquor, pele, etc.

Após o aparecimento do rash, a taxa de transmissão começa a cair, deixando o paciente de ser contagioso 5 ou 7 dias depois.

Sintomas

Na maioria das pessoas, a rubéola apresenta poucos ou nenhum sintoma. Isto é particularmente verdadeiro nas crianças, que costumam ter uma infecção bem leve.

Naqueles que desenvolvem sintomas, estes surgem 2 a 3 semanas após terem sido contaminados. Os sintomas inicias são inespecíficos, semelhantes aos de qualquer virose, com febre, dores pelo corpo, dor de cabeça, dor de garganta, coriza e prostração. Um exame físico mais cuidadoso pode revelar linfonodos (ínguas) na nuca e atrás das orelhas, que são bem característicos da rubéola.

Após 1 a 3 dias de sintomas inespecíficos, surge o rash (exantema), que são pequenas manchas vermelhas difusas, discretamente elevadas, como nas fotos abaixo.

rash da rubéola
Rash da rubéola
Rubéola
Rubéola

O rash costuma começar na face e descer para o resto do corpo em questão de horas. Esse exantema dura em média três dias e depois desaparece. Além da pele, o rash também pode surgir no palato (céu da boca). Nesta fase, um quadro de dor nas articulações e conjuntivite também é comum.

O rash desaparece rápido, mas os linfonodos e as dores articulares podem durar ainda alguns dias. Crianças se recuperam mais rápido que adultos, que podem manter dores nas articulações por até um mês.

Como já dito, a maioria das pessoas não desenvolve sintomas após contato com o vírus. Mesmo aqueles que desenvolvem sintomas de rubéola, praticamente todos melhoram espontaneamente. Raramente, em média 1 a cada 6000 casos, o vírus pode acometer o cérebro, levando ao que chamamos de encefalite viral, um quadro gravíssimo e com alta mortalidade.

Crianças com sintomas ativos devem ficar em casa até o rash desaparecer completamente para evitar a contaminação dos colegas.

Como a rubéola é uma doença que está em vias de ser erradicada, todos os casos devem ser notificados à secretaria de saúde.

Diagnóstico

O diagnóstico é habitualmente feito através do quadro clínico.

Quatro dias após o aparecimento do rash, o corpo já possui anticorpos contra a rubéola, o que permite realizar sorologia para confirmar laboratorialmente a doença. Como nesta fase a maioria das pessoas já está curada ou em processo de cura, e como não há tratamento específico, sua confirmação laboratorial é geralmente desnecessária (exceto na gravidez. Explico mais abaixo).

Na sorologia existem dois tipos de anticorpos: anticorpos IgM e anticorpos IgG. O primeiro a aparecer é o IgM, que é o anticorpo que ataca o vírus. O IgM contra rubéola costuma já ser detectável no 4º dia de rash e permanece positivo por até 8 semanas.

Após a cura, surge o segundo tipo de anticorpo, o IgG contra rubéola. O IgG é um anticorpo que indica que o paciente teve a doença e agora encontra-se curado e imunizado. Portanto, quem está com rubéola apresenta IgM positivo. Quem já teve a doença ou foi vacinado apresenta IgG reagente.

Após a cura, os anticorpos IgG proporcionam uma imunização contra novos episódios de rubéola. Portanto, rubéola só se pega uma vez na vida. São raros e brandos os casos de reinfecção. O paciente pode ter contato novamente com o vírus, mas os títulos de IgG se elevam rapidamente, impedindo que o paciente desenvolva a doença uma segunda vez.

O diagnóstico diferencial deve ser feito com parvovirose e escarlatina, que apresentam um rash muito parecido.

Explicamos a interpretação da sorologia da rubéola com mais detalhes neste artigo: RUBÉOLA IGG E IGM – DIAGNÓSTICO DA RUBÉOLA NA GRAVIDEZ

Tratamento

Não existe tratamento para rubéola. Mas isso não é um problema já que mais de 99% dos pacientes se curam espontaneamente. Em geral, prescrevemos antitérmicos e analgésicos para aliviar os sintomas até que o paciente esteja totalmente recuperado.

Síndrome da rubéola congênita

A grande preocupação em relação a rubéola está na contaminação de mulheres grávidas. Se em crianças e adultos a doença é branda, no feto em desenvolvimento ela pode ser catastrófica.

Se o vírus for adquirido durante o primeiro trimestre, o risco de mal formações é maior que 80%. Além dos defeitos morfológicos, 1 em cada 5 mulheres infectadas sofre aborto nesta fase.

A síndrome da rubéola congênita se caracteriza por catarata, surdez, defeitos cardíacos, alterações no fígado e lesão neurológica, inclusive com retardo do desenvolvimento mental. Em vários países do mundo, o aborto é permitido em casos de rubéola no primeiro trimestre.

Recém-nascidos com rubéola congênita podem transmitir o vírus por até um ano, sendo necessário evitar o seu contato com outras grávidas não imunizadas.

Infecções contraídas após a 20º semana trazem pouco risco de mal formações, porém ainda existe a chance de transmissão da virose para o feto. Normalmente estas crianças nascem com baixo peso, mas sem defeitos na formação.

Nas grávidas a sorologia ganha muita importância. Toda gestante deve ser testada para rubéola; caso seja IgG negativo, deve-se dobrar os cuidados em relação a contatos com pessoas com sintomas de virose.

Mulheres que sejam IgG reagente não correm risco de pegar rubéola durante a gravidez.

Vacina

A vacina contra rubéola é composta de vírus vivo atenuado, e portanto, é contraindicada na gravidez. Porém, em 2006 um trabalho do ministério da saúde mostrou que em 26000 mulheres vacinadas inadvertidamente por desconhecerem o fato de estarem grávidas, nenhuma apresentou caso de rubéola congênita. Logo, não se vacina mulheres sabidamente grávidas, mas se ocorrer a vacinação por engano, o risco de complicações é baixo (leia: VACINAS NA GRAVIDEZ).

Toda mulher em idade fértil deve realizar uma sorologia para saber seu estado imunológico contra rubéola. Naquelas com resultado negativo (IgG negativo), deve-se aplicar a vacina. Pacientes que tenham IgG positivo estão imunizadas e não correm risco de terem rubéola. Não é preciso vacinar pessoas que já tenham anticorpos IgG.

Não há problemas em receber a vacina durante a amamentação. Também não há problema em ser revacinado. Se durante uma campanha de vacinação a pessoa não lembra se já recebeu a vacina alguma vez na vida, ou se não sabe seu estado imunológico, ela pode ser vacinada. Esta orientação vale para homens e mulheres entre 20 e 39 anos.

Uma única dose da vacina é eficaz para criar imunização permanente em mais de 95% dos casos.

Como toda vacina com vírus vivo, ela também não deve ser tomada por pessoas imunodeprimidas ou com doença febril ativa.

Vale lembrar que a rubéola faz parte do atual calendário oficial de vacinação nas crianças (leia: VACINAS – Calendário, efeitos colaterais e contraindicações).


Referências


Autor(es)

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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49 comentários em “Rubéola: sintomas, diagnóstico e tratamento”

  1. Boa noite Dr. fui diagnosticada com Rubéola a mais de 2 meses! E as manchas não saem, nem as dores nas articulações.. oq devo fazer? Isso é normal?
    Obrigada

    Responder
  2. Excelente site!
    Esclareceu todas as dúvidas que tinha em relação à Rubéola (a diferença entre IgG e IgM).
    Parabéns Dr. Pedro Pinheiro!

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  3. Uns 3 dias atrás tomei a vacina da Rubeola, e agora estou com algumas manchas vermelhas no pescoço e rosto, é possivel que tenha dado alguma reação da vacina?

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    • Sim. Mas Às vezes é preciso repetir a dose. O ideal é fazer uma sorologia para confirmar se você realmente ficou imunizada.

      Responder
  4. Boa Tarde Dr.Pedro… Bom! estou com todos os sintomas da Rubéola exceto a coriza..uns me dizem que tenho FEBRE DE CHICUNGUNHA e outros dizem QUE TENHO A RUBÉOLA MESMO…OBS: essas pintinhas vermelhas estão por todo meu corpo e coçam muito..isso tbm é referente a rubéola???…ou posso ter outra doença? me ajude por favor…não aguento mas ficar assim.

    Responder
    • Sem ver as lesões pessoalmente é difícil opinar. O ideal é que você vá a um dermatologista ou um infectologista para que possa receber o diagnóstico correto.

      Responder
  5. olá dr Pedro, gostaria que me respondesse os seguintes exames, tomei a vacina da rubéola em 2010. estou tentando engravidar á + de 2 anos e não consigo, tenho nic I .

    fiz os seguintes exames:

    * CITOMEGALOVÍRUS, ANTICORPOS IgM não reagente tv 0,24 e igg reagente – IgG: Superior a 250,00 UA/ml.
    * RUBÉOLA, ANTICORPOS ANTI IgG : reagente – 51,20 UI/mL o laboratório não fez o igm.
    *TOXOPLASMOSE, ANTICORPOS IgM: não reagente tv 0,06 e igg reagente 55,90ul/ml.
    muito obrigada

    Responder
  6. Exame de Toxoplasmose igG deu 441,8

    Referencias – Negativo:menor que 1,00
    – indeterminado: maior ou igual a 1,00 / menor ou igual a 30,00
    – Reagente: maior que 30,00

    Toxoplasmose IgM resultado 0,21
    referencias: negativo: menor que 0,80
    indeterminado maior ou igual a 0,80/menor que 2,30
    reagente: maior ou igual a 2,30

    Ela esta gravida, ela esta infectada?

    Responder
    • IgG positivo com IgM negativo indica apenas cicatriz imunológica. Isso é uma infecção antiga já curada, sem risco para o bebê.

      Responder
  7. Doutor meu IgM deu 1,29 valor de referência 1,00 e o IgG deu 108,20 valor de referência 10,0 fiz o exame com 6 semanas ,já passei com o obstetra ele falou que estou com rubéola é isso mesmo? Dani

    Responder
  8. Posso estar com rubeola sem ter os sintomas da febre, dor no corpo, somente as manchas no corpo, como na barriga, colo e pernas ?

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  9. Bom dia, já fui vacinada 4 vezes contra a rubéola, a mais recente foi em 2008. Em 2004 fiquei grávida e o resultado do meu exame foi IgG 70,4 reagente e IgM não reagente, o que significa imunidade. Hoje estou grávida do meu segundo filho e o resultado do meu exame foi IgG 441,6 (reagente) e IgM 2,78 (reagente), repeti o exame 15 dias depois e o resultado foi IgG 500 (reagente) e IgM 3,10 (reagente). O que isso significa? É possível perder a imunidade? Obrigada.

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    • Uma vez que você tenha comprovado imunização com IgG positivo, não há indicação de ficar repetindo a sorologia toda gravidez, pois isso pode gerar situações confusas, como este seu caso. Após 2 doses de vacinação, a taxa de imunização efetiva e prolongada contra rubéola é acima de 99%. Se você não desenvolveu nenhum sintoma de rubéola, o mais provável que você apenas tenha sido exposta ao vírus recentemente, sem que isso necessariamente indique risco ao feto. De qualquer forma, a opinião de um infectologista para confirmar a benignidade do caso seria interessante.

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  10. minha mae teve robéola quando estava na barriga dela,nasci um pouco surdo de um ouvido.. eu posso fazer filhos na minha mulher ? si minha mulher fica gravida o bebe nasci com a doença …

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  11. oi boa tarde,apareceu uns caroços em meu pescoço,tava cossando e tava sentindo minha pele grossa,agora esta desaparecendo,mais tou sentindo ainda minha pele grossa,e estou mim cossando,sera rubéola?

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  12. oi estou gravida de dois meses o meu exame de rubéola deu igg positivo e igm negativo pode causar problemas com o bébé? me ajudem por favor.

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    • Isso significa que você teve a doença no passado e agora está curada. Não há riscos para o bebê.

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  13. outras pessoas que pegaran a doença viral e são imunes podem transmitir pra outras pessoas se tiverem contatos com pessoas com rubeula atual , se poden estes trasmitirem para outros como ospedeiros. att sr vilmo tiago.

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