Leptospirose: Transmissão, sintomas e tratamento

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Leptospirose

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O que é leptospirose?

A leptospirose é uma zoonose, ou seja, uma doença transmitida de animais para humanos. Ela é causada por uma bactéria chamada Leptospira interrogans.

A leptospirose é uma doença que ocorre no mundo inteiro, mas possui maior incidência nos trópicos. Acomete pessoas de todas as idades e é mais comum nas populações com piores condições de saneamento básico.

Transmissão

A leptospirose é uma doença de animais mamíferos, principalmente roedores. Pode também atingir cães e gatos domésticos, além de animais de criação, como gado, cavalos, porcos, ovelhas, etc.

O animal contaminado elimina a bactéria em sua urina, contaminando o solo e água. A bactéria Leptospira interrogans é capaz de sobreviver por muito tempo em ambientes úmidos, porém, morre rapidamente em ambientes secos.

Um mito urbano muito difundido é o da transmissão de leptospirose em latas de refrigerante ou cerveja. Esta é uma via pouco comum, já que uma vez que as latas estejam secas, a bactéria torna-se inviável. Todavia, esse modo de transmissão é possível se as latas, após contato com a urina infectada, permanecerem armazenadas em locais úmidos até o momento do consumo.

Entre os humanos, a principal fonte de transmissão são os ratos de esgoto. A infecção ocorre geralmente após o consumo de líquidos e alimentos e também por contato direto da pele — principalmente se houver feridas — com água contaminados pela urina destes roedores. Quanto mais prolongado for o contato com a pele, maior o risco de contágio.

Não há relatos de transmissão de humano para humano, ou seja, o contato com a urina de outras pessoas não transmite leptospirose.

Nas regiões mais pobres, a maioria das infecções ocorre através do contato com águas de chuvas e enchentes contaminadas por urina de ratos. A ineficácia ou inexistência de rede de esgoto e drenagem de águas pluviais, a coleta de lixo inadequada e as consequentes inundações são condições favoráveis às epidemias.

É possível pegar leptospirose ao nadar em rios e lagos de água doce, caso as mesmas estejam contaminadas. Na praia a contaminação é pouco provável devido ao alto teor de sal da água que mata a bactéria (leia também: Doenças transmitidas pela água).

Sintomas

Como ocorre em várias outras doenças infecciosas, o quadro clínico da leptospirose varia muito de indivíduo para indivíduo. O paciente pode apresentar desde quase nenhum sintoma até um quadro grave com risco de morte.

O período de incubação pode variar de 2 a 30 dias. A média é 10 dias de intervalo entre a contaminação e o início dos sintomas da leptospirose.

Mais de 75% dos pacientes apresentam febre alta com calafrios, dor de cabeça e dor muscular. 50% apresentam náuseas, vômitos e diarreia. Um achado típico da leptospirose é a hiperemia conjuntival (olhos acentuadamente avermelhados).

Outros sintomas da leptospirose possíveis incluem tosse, faringite, dor articular, dor abdominal, sinais de meningite, manchas pelo corpo e aumento dos linfonodos, baço e fígado.

Como os sintomas da leptospirose são semelhantes aos de várias outras doenças febris, o dado mais importante para o seu diagnóstico é a exposição recente a situações de risco, como enchentes ou contato com água de poços, fossas, bueiros e esgoto.

A maioria dos pacientes melhora em um semana. Algumas vezes a evolução da doença é bifásica, com alguma melhora por 2 ou 3 dias seguido de nova piora dos sintomas.

A maioria dos casos de leptospirose apresenta evolução benigna, entretanto, em cerca de 10% a evolução é mais grave, complicando com insuficiência renal aguda, hemorragias, insuficiência hepática e insuficiência respiratória.

Os pacientes que complicam costumam apresentar sinais de icterícia (pele amarelada) após o terceiro dia de doença, um sinal de que o fígado começa a falhar.

O diagnóstico da leptospirose é normalmente feito através da sorologia, um simples exame de sangue.

Tratamento

A imensa maioria dos casos de leptospirose é autolimitada e a cura é espontânea. Por isso, ela é habitualmente tratada apenas com sintomáticos e hidratação.

Quando o diagnóstico é feito nos 4 primeiros dias, pode-se lançar mão de antibióticos, como penicilinas, tetraciclina (ou doxiciclina) e eritromicina, que reduzem o tempo de doença e o risco de complicações.

Aspirina e anti-inflamatórios devem ser evitados, pois os mesmos aumentam o risco de hemorragia.

Nos casos mais graves pode ser necessário internamento em UTI e instituição de tratamentos mais agressivos como ventilação mecânica e hemodiálise.

A vacina não confere imunização permanente e só está indicada em pessoas com trabalhos de risco, como limpadores de bueiros e fossas.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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