Dermatite de Contato: causas, sinais e tratamento

Dr. Pedro Pinheiro

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Dermatite de contato

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O que é dermatite de contato?

Dermatite é um termo que indica inflamação da pele. A dermatite de contato, também conhecida como eczema de contato ou dermatite alérgica, é, como o próprio nome diz, uma inflamação da pele que ocorre quando a mesma entra em contato com uma substância que causa alergia ou irritação.

O quadro clínico habitual é de intensa vermelhidão e coceira, que ficam restritos ao local onde a substância irritante teve contato.

Ao contrário do que a maioria imagina, em até 80% dos casos, a dermatite de contato é desencadeada por substâncias irritantes, não tendo nada a ver com alergia da pele. Somente 20% dos casos a dermatite de contato é provocada por uma reação alérgica.

O eczema de contato provoca habitualmente intensa vermelhidão e coceira, que ficam restritos ao local onde a substância irritante teve contato.

Este texto é específico sobre a dermatite de contato. Se você quiser ler um resumo sobre as principais alergias de pele, acesse o seguinte link: Principais causas de alergia de pele.

Dermatite de contato irritativa

A dermatite de contato irritativa é aquela que surge por lesão direta da pele após contato com substâncias irritantes, como ácidos, substâncias alcalinas, solventes, detergentes, etc.

As substâncias que provocam o eczema de contato são necessariamente irritantes à pele, provocando lesão da sua camada mais superficial e ativação de mediadores inflamatórios. Ao contrário da dermatite de contato por alergia, que é uma reação individual a uma substância inócua para a maioria das pessoas, a dermatite de contato irritativa é provocada por substâncias irritantes a todas as pessoas.

O fato de uma substância ser irritante não significa, porém, que todas as pessoas reagem da mesma forma ao contato com a mesma. Além da própria reação individual da pele de cada um, o grau de irritação cutânea depende de vários fatores, tais como propriedades químicas e concentração da substância irritante, tempo de exposição, condições ambientais, como temperatura e umidade, e ausência de contato da pele exposta ao produto com o ar, como nos casos de pessoas que passam o dia de luvas.

Graças a estas variáveis todas, dois indivíduos podem ser expostos ao mesmo produto irritante e terem respostas bem distintas. Geralmente, a dermatite irritativa surge em pessoas com contato prolongado e diário com substâncias que não costumam provocar grande reação, caso o contato seja apenas ocasional. Um exemplo comum são sabões e detergentes.

Não só produtos químicos são responsáveis por irritação da pele. Pessoas que ficam com as mãos molhadas o dia inteiro, seja por água ou mesmo suor, também podem apresentar maceração da camada mais superficial da pele, levando ao surgimento de dermatite. Do mesmo modo, roupas que causam fricção, principalmente se associado à pele úmida, como meias, luvas e fraldas, também são causas de dermatite irritativa.

Tendo em conta essas informações, fica fácil entender por que o eczema de contato irritativo é comum em pessoas que têm contato constante com substâncias químicas, como mecânicos, agricultores, trabalhadores da construção civil, pessoal da limpeza, empregada doméstica, pintores, cabeleireiros e muitos outros.

Algumas vezes, a dermatite de contato ocorre, não por reação da pele a uma substância química abrasiva, mas sim devido a microtraumas que o manuseio constante de determinados produtos podem provocar na pele, como materiais tipo madeira, papel ou fibra de vidro.

As assaduras dos bebês que usam fraldas é um tipo de dermatite de contato irritativa, e ocorre por contato prolongado da pele com fezes e urina (leia: Assadura | Dermatite da fralda).

Causas comuns

Entre as substâncias mais frequentemente relatadas como causa de dermatite de contato irritativa, podemos citar:

  • Detergentes.
  • Sabão.
  • Xampu.
  • Solventes.
  • Desinfetantes.
  • Óleos.
  • Pelos de animais.
  • Plantas.
  • Cimento.
  • Colas.
  • Verniz.
  • Alimentos ácidos.
  • Pó.
  • Álcool.
  • Água sanitária.
  • Borracha.
  • Plástico.
  • Giz.
  • Fibra de vidro.
  • Madeira.
  • Papel.
  • Metais.

Dermatite de contato alérgica

A dermatite de contato alérgica é diferente da dermatite irritativa por ser um processo alérgico. Ela é provocada, não por lesão direta da pele por contato prolongado com uma substância abrasiva, mas sim por uma reação alérgica individual ao contato com determinado produto.

As substâncias irritantes à pele podem causar dermatite de contato irritativa em todos que forem expostos às mesmas, contanto que haja tempo necessário para haver lesão da camada mais superficial da pele. No caso da dermatite de contato alérgica, a reação é imunológica e surge mesmo após exposições de curta duração. Se o paciente não for alérgico, ele pode ter contato diário e prolongado com o material, que, ainda assim, nenhuma dermatite irá surgir (a não ser que a substância também seja capaz de provocar dermatite irritativa).

Um exemplo simples de entender é a dermatite de contato alérgica provocada pelo níquel presente nos botões das calças jeans. Você pode usar jeans a vida inteira e ter o contato do botão com a sua pele sem nunca apresentar nenhum problema. Porém, quem tem alergia ao níquel, pode desenvolver dermatite de contato na área ao redor do umbigo, onde o botão entra em contato com a pele.

A dermatite alérgica pode surgir após um primeiro contato com uma determinada substância, ou mesmo após anos de contato com um produto que nunca lhe causou alergia.

Causas comuns

Mais de 3000 substâncias já foram descritas como potenciais causadoras de alergia de contato. Todavia, cerca de 20 delas são responsáveis pela maioria dos casos. Entre as mais comuns podemos citar:

  • Níquel, presente em botões, colares, pulseiras, brincos e outras bijuterias.
  • Hera venenosa, carvalho venenoso, sumagre venenoso.
  • Látex.
  • Tatuagem de hena.
  • Casca da manga.
  • Fruto de Ginkgo (leia: Ginkgo Biloba – Propriedades e Benefícios).
  • Timerosal, antigo componente do mertiolate e atualmente presente em alguns medicamentos e vacinas.
  • Benzocaína, presente em anestésicos tópicos.
  • Antibióticos tópicos, como neomicina, bacitracina e gentamicina (a foto do início do artigo de uma dermatite de contato pela pomada Quadriderm).
  • Cremes com corticoides, como hidrocortisona.
  • Adesivos e esparadrapos.
  • Tintura de alguns tecidos.
  • Fragrâncias contidas em perfumes, loções de barbear, desodorantes e sabonetes.
  • Formaldeídos, presentes em alguns xampus, condicionadores, hidratantes e cosméticos em geral.

Sintomas

Os sintomas da dermatite de contato alérgica e irritativa não são iguais. Enquanto na forma alérgica o sintoma predominante das lesões é a coceira, na forma irritativa há mais dor e ardência. Vamos descrever os principais sinais e sintomas de cada forma.

Dermatite de contato alérgica

Os sintomas mais comuns do eczema alérgico são a coceira intensa e um rash em relevo e avermelhado. Em casos graves, as lesões podem formar bolhas e causar dor. A erupção é geralmente limitada às áreas que estavam em contato direto com a substância alergênica, mas ela pode aparecer em outras áreas do corpo, se o alérgeno puder ser transportado pelas mãos durante o ato de coçar.

Dermatite de contato
Dermatite de contato alérgica provocada por um band-aid

A erupção da dermatite de contato alérgica geralmente aparece dentro das primeiras 12 a 48 horas após a exposição ao alérgeno, embora, às vezes, possa demorar até duas semanas para surgir, como no caso dos cremes com neomicina, que penetram a pele lentamente.

Dermatite de contato
Dermatite de contato provocada por cremes

Dermatite de contato irritativa

Substâncias irritantes leves podem causar vermelhidão, ressecamento, pequenas rachaduras e coceira. Irritantes fortes costumam causar inchaço, dor e bolhas. Em alguns casos graves, a lesão é uma típica queimadura química.

As mãos são as áreas mais comumente afetadas pelo eczema irritativo, principalmente no dorso e entre os dedos.

Tratamento

Em ambas as formas de eczema de contato, a principal ação é remover o contato com o produto irritante ou alergênico.

Na dermatite alérgica, uma vez que o paciente deixe de ter contato com a substância desencadeadora da alergia, as lesões tendem a desaparecer dentro de 2 a 4 semanas.

No eczema irritativo, o uso de luvas para evitar contato direto das mãos com o produto irritante é essencial para a melhora a médio/longo prazo. Porém, se o paciente já usar luva de forma frequente é importante ver se a dermatite não está sendo desencadeada por alguma substância presente na própria luva. O fato da mão ficar suada e fechada dentro de uma luva por várias horas por dia também pode ser a causa, devendo, neste caso, o paciente se habituar a secar e arejar as mãos de tempos em tempos.

Enquanto o paciente se mantiver em contato com substâncias abrasivas ou alergênicas, as lesões vão ser difíceis de tratar.

Para ambos os casos, cremes hidratantes e loção da calamina ajudam a “acalmar” a pele e aliviar os sintomas. Em casos mais graves, pomadas com corticoides podem ser utilizadas.

Se os sintomas não melhorarem com tratamento tópico, o uso de corticoides por via oral pode ser indicado pelo dermatologista.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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