Sintomas da depressão (grave e leve)

A depressão é um transtorno mental que afeta profundamente a qualidade de vida, influenciando o bem-estar emocional e físico. Sem tratamento, pode comprometer atividades diárias e relações pessoais. A identificação precoce dos sinais e o tratamento adequado são essenciais para melhorar a saúde mental.
Dr. Pedro Pinheiro & Dra. Claudia Miliauskas

21 Comentários

Depressão

Tempo de leitura estimado do artigo: 4 minutos

Introdução

Momentos de desânimo e tristeza ocorrem com todo mundo e fazem parte da vida. O problema surge quando este sentimento de vazio custa a desaparecer, atrapalhando suas atividades habituais e tirando-lhe o prazer de viver.

Se eventos sociais e amigos já não lhe interessam como antes, você está exausto o tempo todo, sente-se inútil e a simples espera pelo passar do dia é algo intolerável, você pode estar sofrendo sintomas da depressão.

Neste artigo abordaremos os principais sintomas da depressão, incluindo os tipos conhecidos como depressão major, distimia e depressão reativa.

Se você procura por um artigo mais completo sobre a depressão, abordando causas, fatores de risco, diagnóstico e tratamento, acesse o seguinte link: Depressão: causas, sintomas, diagnóstico e tratamento.

Como reconhecer os sintomas da depressão

A depressão é uma doença que pode se manifestar de maneiras diferentes e com gravidades distintas. Há vários tipos depressão, sendo as mais comuns a chamada depressão major (depressão maior) e a depressão crônica, também conhecida como distimia. Outros tipos de depressão comuns são o distúrbio bipolar, depressão sazonal, depressão reativa, depressão atípica, depressão pós-parto e depressão minor.

A extrema tristeza é o sintoma da depressão mais típico, embora a doença possa causar vários outros sintomas físicos e psicológicos. A principal característica da depressão é o fato dos sintomas serem persistentes e capazes de interferir nas atividades diárias, no trabalho e nos relacionamentos.

Infelizmente, não há nenhum sintoma único que sirva como definidor do diagnóstico de depressão. Mesmo a tristeza profunda pode ocorrer em outras situações que não a depressão. Além disso, há casos de depressão atípica em que o paciente não refere tristeza, mas sim um conjunto de outros sinais e sintomas físicos e psicológicos.

Engana-se que acha que a depressão é uma doença de sintomas estritamente psicológicos. Muitas pessoas não reconhecem que estão deprimidas porque não ligam seus sintomas físicos, como cansaço, dores difusas pelo corpo, alterações do apetite, insônia, etc., ao transtorno depressivo. Há estudos que mostram que até um terço dos pacientes que procuram atendimento médico por sintomas físicos, têm, na verdade, sintomas de depressão.

Depressão major

A depressão major é o tipo de depressão mais comum, sendo caracterizada por uma combinação de sintomas que interferem com a capacidade do paciente de se relacionar com outros, trabalhar, dormir, estudar, comer e desfrutar atividades que eram anteriormente consideradas agradáveis.

Todos passamos por momentos de tristeza, desânimo e solidão, principalmente após perdas, como na morte de familiares ou ao fim de relacionamentos. A depressão, porém, distingue-se destas situações por ser persistente e incapacitante. A depressão também não precisa de um fato triste para surgir, o paciente pode passar a apresentar humor deprimido sem motivo aparente.

A depressão major costuma apresentar pelo menos cinco dos nove sintomas listados abaixo, sendo um deles obrigatoriamente a tristeza ou a perda do interesse nas atividades diárias. Os sintomas devem ser diários e estarem presentes por mais de 2 semanas consecutivas.

Sinais e sintomas da depressão major

Os principais sinais e sintomas da depressão major são:

  1. Tristeza na maior parte do dia, particularmente na manhã.
  2. Perda do interesse pelas atividades do dia-a-dia.
  3. Alterações significativas do apetite e/ou do peso (pode ser aumento ou redução).
  4. Insônia ou sono excessivo.
  5. Agitação ou letargia.
  6. Fadiga ou falta de energia persistente.
  7. Sentimentos de inutilidade ou culpa.
  8. Incapacidade de concentração e indecisão.
  9. Pensamentos recorrentes sobre morte ou suicídio.
  10. Dores e problemas físicos sem causa aparente e que não respondem ao tratamento.

A depressão major é uma doença recorrente. A maioria dos pacientes após um primeiro episódio apresenta uma taxa de recorrência acima de 40% nos dois primeiros anos. Nos pacientes com dois episódios, o risco de recorrência dentro de cinco anos é de aproximadamente 75%. Até 1/3 dos pacientes tratados por um episódio depressivo major terá uma recuperação incompleta, mantendo sintomas persistentes ou distimia.

Sinais de gravidade da depressão

Pessoas com depressão major grave apresentam uma ou mais das seguintes características:

  1. Planos de suicídio ou homicídio.
  2. Sintomas psicóticos, como delírios ou alucinações (leia: O que é psicose?).
  3. Catatonia, que é a incapacidade de mover ou falar normalmente.
  4. Capacidade de julgamento afetada, pondo risco a si mesmo e outras pessoas.
  5. Incapacidade de cuidar de si próprio, incluindo a recusa em ingerir líquidos ou alimentos.

Pessoas com transtorno depressivo major grave costumam precisar de internação hospitalar para tratamento psiquiátrico.

Distimia

A distimia é uma forma mais leve de depressão, porém prolongada, presente por pelo menos 2 anos. Às vezes, o paciente só é diagnosticado após muitos anos de doença, sendo os sintomas da distimia confundidos com a personalidade do indivíduo. Este fato é muito comum em crianças. No adulto, é comum o paciente não se lembrar de quando foi o último período em que esteve sem humor deprimido.

O humor depressivo na distimia está presente durante a maior parte do dia, por vários dias ao longo do mês. O paciente distímico passa mais dias com humor deprimido do que com humor normal.

Sinais e sintomas da distimia (depressão leve)

Além da sensação de tristeza prolongada, a distimia costuma vir acompanhada por dois ou mais dos seguintes sintomas:

1. Apetite diminuído ou aumentado.
2. Insônia ou excesso de sono.
3. Falta de energia.
4. Baixa autoestima.
5. Dificuldade de concentração.
6. Desânimo ou ausência de perspectivas na vida.

Na distimia os sintomas não são tão numerosos e intensos como na depressão major. Períodos livres de sintomas podem ocorrer, mas são curtos. 10% dos pacientes com distimia acabam evoluindo para um quadro de depressão major.

Depressão reativa

A depressão reativa, também chamada de transtorno de adaptação, é uma condição que ocorre em resposta a um estresse emocional identificável. O fato estressante pode ser único, como o término de uma relação, ou múltiplo, como pressões diárias da vida ou do trabalho.

A depressão reativa é um distúrbio que provoca ansiedade e humor deprimido, mas não apresenta critérios para o diagnóstico de depressão major. Por isso, o nome transtorno de adaptação é mais adequado que depressão reativa. O transtorno de adaptação é diferente da tristeza que ocorre no luto.

As características do transtorno de adaptação são as seguintes

  • Humor deprimido que ocorre em resposta a um fator estressante identificável nos últimos três meses.
  • Humor depressivo excessivo, além do que seria esperado pela natureza do fator de estresse.
  • Funcionamento social, acadêmico ou profissional prejudicado.
  • Resolução dos sintomas em um prazo de seis meses após o fim do evento estressante.

É importante destacar que um quadro de depressão major pode ser desencadeado por um evento emocional. Para ser considerado transtorno de adaptação, o paciente não pode preencher critérios para outros problemas psiquiátricos, como distimia ou depressão major.

Transtorno bipolar

Pessoas com transtorno bipolar, antigamente chamada de psicose maníaco-depressiva, apresentam períodos de mania (sentir-se excessivamente eufórico, impulsivo, irritável, ou irracional) e períodos de depressão major.

Explicamos o transtorno bipolar em detalhes no artigo: Transtorno Bipolar – Causas, Sintomas e Tratamento.

Depressão pós-parto

Apesar desta forma de depressão ser chamada de depressão pós-parto, ela é um quadro que pode surgir ainda durante a gravidez em até metade dos casos. Quando a depressão surge após o parto, ela geralmente manifesta-se dentro das 4 primeiras semanas após o nascimento do bebê.

Os principais sintomas da depressão pós-parto são:

  • Dificuldade de ligação com seu bebê.
  • Redução do interesse em tarefas que antes eram prazerosas.
  • Afastamento da família e amigos.
  • Pensamentos de prejudicar a si ou ao seu bebê.
  • Fadiga abrupta ou perda de energia.
  • Intensa irritabilidade e raiva.
  • Intenso medo de não ser uma boa mãe.
  • Sentimentos de inutilidade, vergonha, culpa ou inadequação.
  • Ansiedade grave e ataques de pânico.
  • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

Explicamos a depressão pós-parto em detalhes no artigo: Depressão pós-parto: o que é, sintomas e tratamento.


Referências


Autor(es)

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

Professora adjunta de Psicologia Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (FCM/UERJ). Doutorado concluído pelo Instituto de Medicina Social/UERJ, departamento de epidemiologia/saúde coletiva. Mestrado em saúde materno-infantil pela Universidade Federal Fluminense. Especialização em terapia familiar sistêmica. Residência médica em pediatria e psiquiatria.

Ficou com alguma dúvida?

Comentários e perguntas