Esquizofrenia: sintomas, causas e tratamento

Dr. Pedro Pinheiro

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Esquizofrenia

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Introdução

A esquizofrenia é um transtorno mental grave no qual os pacientes passam a interpretar a realidade de forma anormal. A esquizofrenia costuma causar uma combinação de alucinações, delírios, pensamento desordenado e comportamento que prejudicam o funcionamento diário do indivíduo.

A esquizofrenia é uma condição crônica, que exige tratamento ao longo da vida.

Neste artigo vamos explicar o que é a esquizofrenia, seus sintomas e opções de tratamento.

O que é esquizofrenia

A esquizofrenia é uma desordem psiquiátrica caracterizada por quadro de psicose crônica ou recorrente, que leva à deterioração progressiva das capacidades funcionais.

A psicose é o termo usado para uma alteração do estado mental caracterizado pela perda da realidade, com sintomas tais como alucinações, delírios, pensamentos e discursos sem lógica e comportamentos caóticos.

O doente psicótico costuma ser extremamente desconfiado, ouve vozes e vê coisas que não existem, imagina ter poderes especiais, acha que a TV ou radio mandam mensagens especialmente para eles, e podem imaginar que existe algum tipo chip ou antena que consegue ler seus pensamentos e monitoriza suas atividades. Um bom exemplo é a personagem do Russel Crowe no filme vencedor do Oscar ” Uma mente brilhante” (A beautiful Mind no original).

Para saber mais sobre a psicose, leia: SINTOMAS DA PSICOSE.

A esquizofrenia acomete homens e mulheres na proporção de 1,4:1, e apresenta pico de incidência entre 20 e 30 anos de idade. O diagnóstico é puramente clínico uma vez que não existem testes laboratoriais ou de imagem específicos. Raramente inicia-se na infância ou em idosos.

Até 10% dos pacientes conseguem recuperação total, mas para 55% a doença tem curso crônico. Os restantes 35% apresentam episódios intermitentes.

80% apresentam uma associação com abuso de substâncias como álcool, drogas lícitas é ilícitas. É uma relação de consequência e não causal. O doente esquizofrênico tem uma chance 3 vezes maior de adquirir algum vício do que a população em geral.

Existe claramente um fator genético, mas que sozinho não é suficiente para desencadear a doença. Parentes de primeiro grau apresentam uma taxa de acometimento de 10%. Irmãos gêmeos idênticos, de 50%. Fatores ambientais ainda não claramente identificados apresentam grande peso.

Sintomas

O quadro clínico pode ser bem heterogêneo e os sintomas se caracterizam por quatro grandes grupos:

  • Sintomas positivos: são os sintomas da psicose descritos acima. Delírios e alucinações (especialmente auditivas) são os mais comuns.
  • Sintomas negativos: são sintomas de perda das características usuais. Pode ser perda da resposta afetiva, da expressão verbal, da motivação pessoal, da atenção ao ambiente, da interação social…
  • Alterações cognitivas: diminuição da atenção, capacidade de raciocínio, da memória, da linguagem e da capacidade em realizar funções.
  • Alterações na afetividade: problemas de humor com mudanças repentinas, manifestações inapropriadas ou bizarras de afetividade ou comportamento. Depressão é comum após períodos de exacerbação da psicose.

De acordo com o conjunto de sintomas, a esquizofrenia é dividida em 5 subtipos:

Paranoide

São os indivíduos que apresentam delírios e alucinações, sem alterações no pensamento lógico, na afetividade ou comportamento. É o subtipo que apresenta o melhor prognóstico. Esses grupo de pacientes costumam conseguir manter o emprego e o relacionamento familiar. Porém, como são os que mais percebem a doença, este é o subgrupo com maior taxa de suicídio.

Desorganizado

São os doentes com pensamento desorganizado e comportamento bizarro e inapropriado. Apresentam o pior prognóstico, com maior taxa de incapacidade funcional, perda de relacionamento e necessidade de institucionalização.

Catatônico

São os paciente que perdem interação com ambiente e assumem posturas estranhas. Não atendem a solicitações e resistem a tentativas de movê-los. A catatonia ocorre episodicamente.

Residual

São pacientes que apresentam longos períodos de ausência dos sintomas positivos, porém apresentam outros sintomas de modo discreto, como alterações no pensamento e afetividade.

Indiferenciado

São os que não se encaixam em nenhuma das categorias anteriores, apresentando sintomas de mais de um subtipo.

Não existe um sintoma ou sinal patognomônico. O diagnóstico é feito pelo conjunto de sintomas. A psicose é uma manifestação típica, mas não é um sintoma exclusivo da esquizofrenia.

Tratamento

O tratamento com medicação antipsicótica é para a vida toda. Doentes muito agitados que colocam a sua vida e a de outros em perigo, devem ser internados até estabilização.

Entre os fármacos mais utilizados estão os chamados antipsicóticos de segunda geração, que produzem menos efeitos colaterias que os psicóticos mais antigos. São eles:

  • Aripiprazol (Abilify®).
  • Asenapina (Saphris®).
  • Clozapina (Leponex®).
  • Olanzapina (Zyprexa®).
  • Paliperidone (Invega®).
  • Quetiapina (Seroquel®).
  • Risperidona (Risperdal®)
  • Ziprasidone (Geodon®).

Os antipsicóticos de primeira geração mais conhecidos são:

  • Clorpromazina (amplictil®).
  • Haloperidol (Haldol®).

Os adultos com esquizofrenia que não respondem à terapêutica medicamentosa podem ser submetidos à terapia eletroconvulsiva (ECT), que provoca alterações na atividade elétrica do cérebro por meio de passagem de corrente elétrica pelo corpo, estando o paciente sob anestesia geral.

A ECT parece ser um tratamento assustador, mas ela é um procedimento seguro, eficaz e indolor.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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