O que é congestão nasal?
A congestão nasal, chamada popularmente de nariz entupido ou nariz constipado, é um sintoma muito comum de diversas afecções do sistema respiratório superior.
O nariz entupido em si não é uma doença, mas sim uma manifestação clínica de alguma doença, geralmente rinite e/ou sinusite.
A sensação de nariz entupido surge sempre que a passagem de ar pela cavidade nasal encontra-se parcial ou totalmente obstruída.
Como a congestão nasal vem frequentemente acompanhada de coriza, muitas pessoas acham que a causa do entupimento do nariz é um excesso de muco produzido na cavidade nasal. Não é.
O muco realmente atrapalha, tanto que, quando assoamos ao nariz, há uma sensação de melhora temporária da congestão. Porém, o que diminui o espaço para a passagem do ar dentro da cavidade nasal é um edema (inchaço) das mucosas causada por inflamação e ingurgitamento dos vasos sanguíneos dessa região.
É importante salientar que a coriza é comum, mas nem sempre está presente nos casos de congestão nasal.
A constipação nasal na maioria dos casos não é um problema grave, mas costuma ser muito incômodo. O ato de respirar é, durante a maior parte do tempo, involuntário e inconsciente. Quando o nariz está entupido, a dificuldade do ar passar pela cavidade nasal faz com que a respiração perca essas duas características, deixando o paciente bastante incomodado.
Ninguém fica à vontade tendo que respirar de forma consciente. Fora os sintomas que podem vir acompanhados da congestão nasal, principalmente nos casos de viroses respiratórias, como espirros, coceira nos olhos e nariz, tosse, cansaço, dor no corpo, etc.
A congestão nasal é geralmente um mecanismo de defesa das vias áreas. A congestão serve para reduzir o espaço para o fluxo do ar, diminuindo a passagem de estímulos nocivos para o restante das vias áreas.
A dilatação dos vasos sanguíneos da mucosa nasal também serve para aumentar o aporte de sangue e, consequentemente, de anticorpos e células imunológicas para a região, ajudando no combate dos germes invasores nas vias aéreas. O aumento da produção de muco, caracterizado pela presença da coriza, também age como meio de defesa, servindo para “lavar” e umidificar a cavidade nasal.
Causas
Existem dezenas de causas para a congestão nasal. Em geral, as mais comuns acabam sendo derivadas de processos alérgicos ou infecciosos. Viroses respiratórias, como gripes e resfriados, e rinite alérgica são as causas mais comuns.
Dentre as causas e estímulos que podem irritar a mucosa da cavidade nasal e causar congestão nasal, com ou sem coriza associada, podemos citar:
- Sinusite.
- Ácaros.
- Poluentes atmosféricos (como fumaça de cigarro).
- Alergia alimentar.
- Odores intensos.
- Tempo seco.
- Alimentos picantes.
- Desvio de septo.
- Uso de cocaína inalatória.
- Presença de algum corpo estranho na cavidade nasal (como nos casos de crianças que põem grãos de arroz ou feijão dentro nariz).
- Uso abusivo de descongestionantes nasais.
- Adenoides volumosas.
- Pólipos nasais.
- Granulomatose de Wegener.
- Estresse.
Tratamento
Para tratar adequadamente a congestão nasal, é importante entender qual é a sua causa. Às vezes, tratar apenas os sintomas não é suficiente, sendo necessário atacar a causa diretamente. Em outros casos, não há o que se fazer em relação à causa, sendo o tratamento sintomático a conduta mais importante.
Por exemplo, se a constipação nasal estiver sendo provocada por fumaças, cheiros fortes, alergia a pó, comidas picantes, pólipos nasais, corpo estranho, etc., é preciso afastar o paciente destes estímulos para se conseguir desentupir o nariz. Não adianta enchê-lo de remédios para congestão nasal ou tentar dezenas de tratamentos caseiros se o estímulo que está provocando os seus sintomas permanece atuando sobre a mucosa nasal. O que se conseguirá, no máximo, é alívio temporário do entupimento nasal.
Por outro lado, quando a congestão nasal está sendo provocada por uma virose respiratória, não há o que se fazer diretamente contra a infecção. O ideal nestes casos é tentar amenizar os sintomas enquanto esperamos alguns dias até o vírus ser totalmente controlado pelo sistema imunológico.
Tratamento caseiro
Em muitos casos, o tratamento da congestão nasal não requer remédios. Algumas medidas simples podem ajudar a melhorar os sintomas. Em geral, o tratamento caseiro se baseia no tripé: umedecer, lavar e diluir.
Para se obter resultados, sugerimos a lavagem frequente da cavidade nasal com soro fisiológico, ingestão generosa de água para ajudar a diluir o muco e uso de umidificadores ou nebulizadores para evitar que o ar respirado fique ressecado. Banhos quentes demorados são uma opção para quem não tem um nebulizador em casa.
Se a secreção está espessa ou amarelada, é importante lavar as cavidades com soro mais de uma vez por dia. O soro deve ser administrado por uma das narinas até ele sair pela outra. Pelo menos 10 a 20 ml de soro devem ser utilizados. Já existem produtos nas farmácias desenvolvidos especificamente para facilitar essa lavagem das cavidades nasais.
Atenção, o nariz precisa ser lavado com líquidos estéreis. Nunca use água da pia para fazer essa limpeza, pois ela não é isenta de micróbios. Há casos descritos de infecção do sistema nervoso por amebas após limpeza da cavidade oral com água da torneira. Compre na farmácia soro fisiológico ou líquidos preparados especialmente para esse tipo de procedimento.
Evite ficar em locais com aquecimento ou ar-condicionado, pois os mesmos ressecam muito o ar e as mucosas, causando irritação das mesmas e piora da congestão nasal. Também não é indicado o uso de Vick Vaporub ou qualquer outra solução que contenha odores fortes.
Evite banhos de piscina durante as crises, pois o cloro contido na água pode irritar a mucosa nasal e perpetuar os sintomas.
À noite, use dois travesseiros ou qualquer outro método para manter a cabeça um pouco mais alta, facilitando a respiração. Cuidado apenas para não forçar o pescoço e acordar no dia seguinte com um grande torcicolo.
Tratamento com remédios
Quando os sintomas estão muito intensos, atrapalhando as atividades diárias e/ou o sono do paciente, alguns medicamentos podem ser usados.
Os anti-histamínicos ajudam bastante, pois atacam também outros sintomas de virose e, como causam sonolência, ajudam o paciente a dormir melhor durante a noite.
Descongestionantes nasais podem ajudar em casos selecionados. Porém, é importante salientar que eles não devem ser usados por conta própria nem por mais de três dias seguidos, pois costumam causar um efeito rebote quando o seu tempo de ação acaba, fazendo com que o paciente, que já se sentia melhor, volte a ter o nariz entupido novamente.
Algumas pessoas que abusam dos descongestionantes nasais tornam-se dependentes dos mesmos, desenvolvendo rinite crônica que só alivia com o uso constante destes remédios.
Nos pacientes com rinite ou sinusite frequente, o uso de corticoides em spray nasal, como a fluticasona, pode ajudar na prevenção de novos episódios futuros. Se você sofre constantemente com o nariz entupido, converse com o seu médico sobre essa opção.
Como tratar o nariz entupido em bebês?
A congestão nasal costuma ser mais incômoda nos bebês, porque, ao contrário dos adultos, que conseguem respirar pela boca sem problemas, as crianças pequenas preferem respirar pelo nariz,.
Outro agravante é o fato das vias nasais dos bebês possuírem um calibre bem pequeno, ficando obstruídas com muita facilidade. Para completar o quadro, bebês não sabem assoar, e, portanto, além de não compreendem o que está acontecendo, eles não conseguem o alívio temporário que o ato de assoar pode propiciar.
Para melhorar os sintomas do bebê, os tratamentos caseiros descritos acima podem ser usados, principalmente a lavagem das cavidades nasais. Se você estiver inseguro(a) quanto à maneira correta de lavar as narinas com soro fisiológico, peça para o seu pediatra mostrar como se faz.
Evitar ambientes seco e usar nebulizadores apenas com soro para umidificar o ar respirado são de grande ajuda. Quando usar umidificadores de ambiente, cuidado para não deixar o quarto do bebê excessivamente úmido.
Existem no mercado alguns aspiradores nasais de borracha que ajudam a retirar o muco. Porém, nem sempre é fácil utilizá-los, pois muitos bebês simplesmente não deixam que algo seja introduzido, mesmo que superficialmente, em suas narinas. Se o seu bebê permitir, eles são de grande ajuda.
Mantenha o bebê bem hidratado, oferecendo o peito com mais frequência. O movimento de sugar pode ajudar a mobilizar a secreções nas vias aéreas superiores.
Na hora de dormir, tente manter a cabeceira um pouco mais elevada, pois se o bebê ficar totalmente deitado a zero grau, ele irá ter dificuldade para dormir.
Não se indica o uso de remédios para desentupir o nariz em crianças pequenas.
Congestão nasal na gravidez
A gravidez é uma causa comum de congestão nasal. Uma em cada três grávidas passa a gestação tendo que lidar com o nariz constantemente entupido.
Acredita-se que as variações hormonais e hemodinâmicas que o corpo da gestante sofre sejam a causa do aumento da circulação sanguínea na mucosa nasal, tornando-a mais túrgida e propensa a causar obstruções. Este problema é chamado rinite da gravidez.
Ao contrário da rinite provocada por alergias e viroses, a rinite da gravidez não apresenta outros sintomas, como espirros, coceira nos olhos, coceira no rosto, cansaço, etc.
O tratamento do nariz entupido na grávida é igual ao da população em geral, exceto pelo tratamento com remédios, que devem ser evitados ao máximo na gravidez.
Referências
- Kliegman RM, et al. Allergic rhinitis – Nelson Textbook of Pediatrics. 20th ed. Philadelphia, Pa.: Elsevier; 2016.
- Rhinitis – American Academy of Otolaryngology
- Pharmacotherapy of allergic rhinitis – UpToDate.
- An overview of rhinitis – UpToDate.
Autor(es)
Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.
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