Trombose: o que é, causas, sintomas e locais comuns

A trombose ocorre quando um coágulo bloqueia uma veia ou artéria, dificultando o fluxo sanguíneo. Pode afetar pernas, pulmões ou cérebro, causando dor e inchaço.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Trombose

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O que é trombose?

Trombose é a formação de um coágulo de sangue, chamado trombo, dentro de um vaso sanguíneo, que pode obstruir parcial ou totalmente o fluxo sanguíneo.

Os trombos são compostos principalmente por três componentes:

  • Plaquetas: pequenos fragmentos celulares que circulam no sangue e desempenham um papel crucial na coagulação. Quando há uma lesão em um vaso sanguíneo, as plaquetas se aderem ao local da lesão e entre si, formando um tampão inicial que ajuda a estancar o sangramento.
  • Fibrina: proteína fibrosa formada a partir do fibrinogênio, uma proteína solúvel presente no plasma sanguíneo. Durante o processo de coagulação, a trombina (uma enzima) converte o fibrinogênio em fibrina. A fibrina forma uma rede de filamentos que fortalece o tampão de plaquetas, estabilizando o coágulo.
  • Células sanguíneas: principalmente glóbulos vermelhos (hemácias), que ficam presos na rede de fibrina. Também podem estar presentes glóbulos brancos (leucócitos), que são incorporados ao coágulo durante o processo de formação.
Trombo arterial ou venoso
Trombo arterial ou venoso

A trombose pode ocorrer em artérias, sendo, assim, chamada de trombose arterial, ou em veias, o que é chamado de trombose venosa.

  • Exemplos de trombose venosa: trombose venosa profunda dos membros inferiores (TVP), trombose venosa cerebral, trombose da veia renal e trombose da veia porta.
  • Exemplos de trombose arterial: AVC, infarto do miocárdio, trombose da artéria carótida ou trombose da artéria retiniana.

A forma mais comum de trombose venosa é a trombose venosa profunda dos membros inferiores. Já as tromboses arteriais mais comuns são o infarto do miocárdio e o AVC.

Falamos especificamente dessas formas de trombose nos artigos:

Como surge a trombose venosa?

A trombose venosa e arterial surgem por meio de mecanismos diferentes e, portanto, estão associadas a diferentes fatores de risco e condições.

A trombose venosa ocorre quando um coágulo de sangue se forma em uma veia.

Mecanismos de formação do trombo venoso:

  1. Estase venosa: estase é a lentificação ou parada do fluxo sanguíneo, que pode ocorrer devido à imobilidade prolongada (como longos períodos de repouso na cama, viagens longas, ou após cirurgias). A falta de movimento diminui o retorno venoso, favorecendo a formação de coágulos.
  2. Lesão endotelial: danos ao revestimento interno das veias (endotélio) podem ocorrer devido a traumas, cirurgias, inflamações ou infecções. A lesão endotelial expõe substâncias subendoteliais que promovem a adesão e agregação de plaquetas.
  3. Hipercoagulabilidade: condições que aumentam a tendência do sangue a coagular, como distúrbios genéticos (ex. fator V Leiden), uso de anticoncepcionais hormonais, gravidez, câncer, e certas doenças autoimunes.

Fatores de Risco

  • Imobilidade prolongada.
  • Cirurgias recentes.
  • Uso de contraceptivos hormonais ou terapia de reposição hormonal.
  • Gravidez e período pós-parto.
  • Câncer ou tratamentos para câncer.
  • Histórico familiar de trombose.
  • Obesidade.
  • Tabagismo.
  • Insuficiência cardíaca ou outras doenças cardiovasculares.

Como surge a trombose arterial?

A trombose arterial ocorre quando um coágulo de sangue se forma em uma artéria. Isso pode levar a condições graves como infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e acidente vascular cerebral (AVC).

Mecanismos de formação do trombo arterial

  1. Aterosclerose: é a principal causa de trombose arterial. Depósitos de gordura (placas ateroscleróticas) se acumulam nas paredes das artérias, estreitando-as e podendo romper. A ruptura da placa expõe materiais trombogênicos ao sangue, levando à formação de um coágulo.
  2. Lesão endotelial: danos ao endotélio arterial podem ocorrer devido à hipertensão, diabetes, tabagismo e altos níveis de colesterol. Esses danos promovem a adesão de plaquetas e a formação de coágulos.
  3. Inflamação: processos inflamatórios podem promover a formação de placas ateroscleróticas e aumentar a coagulação sanguínea.
  4. Hipercoagulabilidade: condições que aumentam a tendência do sangue a coagular, como distúrbios genéticos.

Fatores de Risco

Complicações da trombose

A trombose venosa e arterial pode resultar em complicações graves, que variam conforme a localização e o tipo de vaso afetado.

Complicações da trombose venosa

  1. Embolia pulmonar: ocorre quando o trombo se desprende da veia onde se formou, geralmente nas pernas, e se desloca até os pulmões, obstruindo o fluxo nas artérias pulmonares. É uma condição potencialmente fatal que requer intervenção imediata (leia: Embolia pulmonar: o que é, causas, sintomas e tratamento).
  2. Síndrome pós-trombótica: é uma complicação crônica em que o paciente experimenta dor, edema, varizes e até úlceras na perna afetada devido a danos nas válvulas venosas, levando à insuficiência venosa crônica.
  3. Trombose venosa recorrente: após um episódio inicial, há um risco elevado de recorrência, especialmente se não forem adotadas medidas profiláticas adequadas, como o uso de anticoagulantes.

Complicações da trombose arterial

  1. Infarto do miocárdio (ataque cardíaco): se o trombo obstruir uma artéria coronária, o fluxo de sangue ao coração é interrompido, resultando em necrose do tecido cardíaco. Essa é uma das causas mais comuns de morte súbita.
  2. Acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico: trombos nas artérias que irrigam o cérebro podem causar isquemia cerebral, levando a déficits neurológicos permanentes e potencialmente fatais.
  3. Isquemia de membros: a obstrução arterial nas pernas pode levar à isquemia crítica, que, sem tratamento, pode resultar em necrose tecidual e, eventualmente, necessidade de amputação.

Essas complicações exigem diagnóstico e manejo rápido, além de estratégias preventivas contínuas para minimizar o risco de novos eventos trombóticos.

Sintomas da trombose

Novamente, os sintomas das principais tromboses variam conforme o local do trombo e o tipo de vaso afetado.

Aqui descrevemos sucintamente os sinais e sintomas mais comuns de alguns tipos de trombose:

Trombose venosa profunda (TVP)

  • Dor e sensibilidade: geralmente em uma perna, especialmente na panturrilha.
  • Inchaço: na perna afetada, que pode estar mais quente ao toque.
  • Vermelhidão ou descoloração: da pele sobre o local do trombo.

Embolia pulmonar (complicação da TVP)

  • Falta de ar súbita: dificuldade para respirar, que pode piorar com o tempo.
  • Dor torácica: que pode ser intensa e se agravar ao respirar fundo.
  • Tosse com sangue: pode ocorrer em casos graves.

Infarto agudo do miocárdio

  • Dor no peito: sensação de aperto ou pressão, que pode irradiar para o braço, mandíbula ou costas.
  • Suor frio e náuseas: sintomas associados à dor.
  • Falta de ar: especialmente ao realizar atividades.

Acidente Vascular Cerebral (AVC)

  • Perda de força ou dormência: em um lado do corpo, especialmente no rosto, braço ou perna.
  • Dificuldade para falar e entender: pode haver fala arrastada ou confusão mental.
  • Perda de equilíbrio e coordenação: dificuldade para caminhar ou realizar movimentos precisos.

Tratamentos para trombose

Os tratamentos para trombose variam consoante o tipo de trombose, venosa ou arterial, e o local onde elas surgem. O que descreveremos a seguir são as opções de tratamento em linhas gerais. Para informações mais específicas, é preciso saber exatamente qual tipo de trombose estamos lidando.

Em geral, o principal objetivo do tratamento é dissolver o trombo, impedir seu crescimento e prevenir a formação de novos coágulos. No entanto, nem sempre é possível ou seguro promover a dissolução do trombo. Nesses casos, o tratamento é direcionado a controlar o crescimento e evitar a formação de novos trombos, permitindo que o organismo absorva gradualmente o coágulo já existente.

Trombose venosa

Os objetivos do tratamento das tromboses venosas incluem impedir o crescimento do trombo, evitar que ele cause uma embolia pulmonar e reduzir o risco de recorrência.

  1. Anticoagulantes:
    • Esses medicamentos são essenciais no tratamento da trombose venosa dos membros inferiores e incluem heparina (intravenosa ou injeções subcutâneas) e varfarina (oral). Atualmente, os anticoagulantes orais diretos (DOACs), como rivaroxabana e apixabana, são opções mais recentes e populares devido à sua praticidade e menor necessidade de monitoramento.
    • Anticoagulantes não dissolvem o trombo existente, mas evitam o crescimento do coágulo e promovem a recuperação da circulação, ajudando o próprio corpo a dissolver o trombo com o tempo.
  2. Terapia Trombolítica:
    • Esse tratamento envolve o uso de medicamentos trombolíticos, que são administrados diretamente no local do trombo para dissolver o coágulo. É indicado em casos graves, quando há risco imediato de complicações, como a embolia pulmonar maciça.
    • Geralmente, esse tratamento é feito em ambiente hospitalar e tem riscos associados de sangramento, por isso é reservado para casos de maior gravidade.
  3. Filtro de Veia Cava:
    • Esse pequeno dispositivo é inserido na veia cava inferior (a principal veia que leva o sangue das pernas para o coração) para bloquear a passagem de um trombo até os pulmões.
    • É indicado em pacientes com contraindicações ao uso de anticoagulantes, como aqueles com alto risco de sangramento.
  4. Compressão com Meias Elásticas:
    • Meias de compressão ajudam a reduzir o inchaço e a dor, melhorando a circulação venosa nas pernas.
    • Além de aliviar sintomas, são importantes na prevenção da síndrome pós-trombótica, uma complicação que causa dor crônica e edema na perna afetada após uma TVP.

Tratamentos para trombose arterial

O tratamento das tromboses arteriais foca na restauração do fluxo sanguíneo e na prevenção de novas formações de coágulos.

  1. Antiplaquetários:
    • Medicamentos como aspirina e clopidogrel atuam prevenindo a agregação de plaquetas, que são os primeiros componentes na formação de um coágulo arterial. São usados para reduzir o risco de novos eventos trombóticos.
    • São comumente indicados para pacientes com doença arterial coronariana e aqueles que já sofreram eventos como infarto ou AVC.
  2. Trombolíticos:
    • Utilizados em emergências, como em casos de AVC isquêmico ou infarto do miocárdio, trombolíticos como alteplase e reteplase dissolvem rapidamente o coágulo para restaurar o fluxo sanguíneo.
    • O uso é criterioso, devido ao risco de hemorragias, e costuma ser administrado em ambiente hospitalar, muitas vezes em centros especializados em emergências cardiovasculares e neurológicas.
  3. Angioplastia e colocação de stents:
    • Na angioplastia, um balão é introduzido na artéria para expandi-la e restaurar o fluxo sanguíneo. Um stent (pequena malha de metal) é, então, colocado para manter a artéria aberta.
    • Esse procedimento é muito comum em casos de infarto ou de angina instável (dor no peito), pois resolve de forma rápida a obstrução arterial.
  4. Cirurgia de revascularização:
    • Em casos graves e extensos, especialmente nas artérias do coração ou em grandes vasos das pernas, uma cirurgia de revascularização (como a ponte de safena) pode ser realizada.
    • Nessa cirurgia, um novo caminho é criado para o fluxo sanguíneo usando um vaso sanguíneo de outra parte do corpo, desviando o fluxo da artéria bloqueada.

Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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