Como Engravidar Rápido (de forma natural)?

Dr. Pedro Pinheiro

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engravidar naturalmente

Tempo de leitura estimado do artigo: 6 minutos

Existem formas naturais de fazer uma mulher engravidar mais facilmente?

Casais que querem engravidar geralmente não estão dispostos a esperar vários meses para conseguirem atingir este objetivo. A maioria das mulheres consegue esperar por até dois ou três ciclos menstruais sem se estressar muito com a sua fertilidade. Porém, conforme o tempo passa, e o casal não consegue engravidar, inseguranças começam a surgir.

  • “Será que há algo de errado no meu sistema reprodutor?”
  • “Será que eu não conseguirei ter filhos?”
  • “Será que eu vou precisar tomar remédio?”

Quando o casal quer engravidar e não consegue, cada descida da menstruação passa a ser uma decepção e um fator de estresse. O problema é que a ansiedade pela gravidez por si só pode contribuir para a infertilidade.

Há quem apele para produtos naturais ou simpatias, há que passe a ter relações sexuais todos os dias, há quem tente novas posições e há também aqueles que procuram ajuda profissional para conseguir engravidar.

Existem, sim, formas naturais de aumentar a fertilidade. E não é preciso tomar medicamentos, suplementos, vitaminas ou alterar a sua dieta. Basta você entender um pouquinho como funciona o seu ciclo ovulatório.

Neste artigo explicamos como otimizar a fertilidade natural do homem e da mulher, aumentando, assim, as chances de uma gravidez mais rápida.

Diferenças entre fertilidade, infertilidade e esterilidade

Para facilitar a compreensão do texto, vale a pena reforçarmos alguns conceitos para não haver confusão na hora que formos dar as dicas de como engravidar mais rápido.

O que é um casal fértil?

Fertilidade é capacidade natural do indivíduo ou do casal de produzir uma gravidez por meio de relações sexuais. Um homem fértil é aquele que consegue engravidar a mulher através de uma ou mais relações sexuais. Do mesmo modo, uma mulher fértil é aquela que consegue gerar uma gravidez após uma ou mais relações sexuais.

Para um casal ser considerado fértil, tanto o homem quanto a mulher têm de ser férteis. Se um dos dois for infértil, o casal obrigatoriamente será infértil. Geralmente, um casal infértil é aquele que, mesmo mantendo relações sexuais frequentes, não consegue engravidar dentro do período de 12 meses.

O que é um casal infértil?

Infertilidade é a redução da capacidade fértil, ou seja, é uma dificuldade em produzir uma gravidez. A infertilidade é geralmente um estado transitório, que pode ser revertido com ou sem tratamento médico. Por exemplo, uma mulher que para de tomar anticoncepcionais após anos de uso pode demorar alguns meses até ficar novamente fértil. Existem diversas causas para infertilidade, tanto no homem quanto na mulher, muitas delas são reversíveis.

Um casal é dito infértil quando não consegue produzir uma gravidez após um ano de relações sexuais frequentes (obviamente sem uso de nenhum fator contraceptivo, como camisinha ou pílula, por exemplo). O fato do casal ser considerado infértil não significa que uma gestação não possa surgir sem tratamento médico. Este casal pode engravidar naturalmente após 2 ou 3 anos. Portanto, o que classifica um casal como infértil não é a incapacidade de ter filhos, mas sim uma maior dificuldade em tê-los. Alguns médicos preferem chamar a infertilidade de baixa fertilidade.

O que é uma pessoa estéril?

A esterilidade é a incapacidade permanente e irreversível de gerar uma gravidez. Uma pessoa estéril é aquela que não consegue se reproduzir, mesmo que tenha relações sexuais desprotegidas por anos, com um ou mais parceiros(as). Exemplos: uma mulher que nasce sem o útero é estéril. Um homem que faz vasectomia torna-se estéril. Homens que retiram os testículos ou mulheres que retiram os ovários cirurgicamente, também ficam estéreis.

A imensa maioria das pessoas que tem dificuldade para engravidar são inférteis. Apenas uma pequena parcela é realmente estéril.

Dicas para aumentar a fertilidade do casal

Como saber o dia da ovulação?

Para engravidar é preciso que um espermatozoide encontre um óvulo. Para que isso ocorra, é necessário haver relações sexuais próximo ao momento em que a mulher está ovulando.

Sem a realização de exames médicos, como a ultrassonografia dos ovários, é impossível descobrir o dia exato da ovulação. Entretanto, existem maneiras de se tentar estimar este dia. Sabemos que a ovulação ocorre, em média, 14 dias antes da próxima menstruação. Isto significa que se o primeiro dia da nova menstruação foi em 28 de maio, a ovulação ocorreu aproximadamente no dia 14 de maio. Portanto, se a mulher tiver ciclos muito regulares, ela consegue estimar quando virá a próxima ovulação, basta subtrair 14 dias. Nas mulheres com ciclos irregulares, que num mês menstruam com 35 dias, no outro com 28, é bem mais difícil estimar o dia da ovulação.

Janela fértil
Adaptado: BMJ. 2000 Nov 18; 321(7271): 1259–1262.

Os dois gráficos acima mostram qual é a probabilidade de uma mulher estar grávida conforme o dia do ciclo. Reparem que as mulheres com ciclo menstrual regular ao redor de 28 dias apresentam maior probabilidade de estarem férteis logo antes do 14º dia do ciclo menstrual.

Para saber mais sobre o período fértil e os sinais de ovulação, sugerimos a leitura dos seguintes artigos:

Como saber os melhores dias para ter relações sexuais?

O óvulo só fica viável por 12 a 24 horas. Se após a ovulação nenhum espermatozoide chegar ao óvulo em 24 horas, este se degenera e é absorvido pelo organismo.

Se por um lado o óvulo tem vida muito curta, por outro o espermatozoide saudável pode permanecer viável para fecundação por até 5 a 7 dias. Isto significa que uma relação sexual ocorrida até uma semana antes da ovulação pode gerar uma gravidez. Estudos mostram que o período de maior chance para engravidar ocorre quando a relação sexual se dá dentro do intervalo de 48 horas antes da ovulação. Este é período em que o espermatozoide encontra-se mais saudável e ativo. Espermatozoides mais antigos, que estão 4 ou 5 dias no trato reprodutor feminino, já não se locomovem como deveriam e têm mais dificuldades de atravessar as trompas para chegar ao óvulo.

Melhor período para engravidar
Adaptado: Hum Reprod. Vol 17 Nº5 pp1399-1403, 2002

O gráfico acima mostra quais são os dias, em relação ao dia da ovulação, em que é mais provável uma mulher engravidar se tiver relações sexuais. Reparem que as mulheres mais jovens tem uma fertilidade maior, mas todas elas estão mais férteis dois dias antes da ovulação.

Saber a frequência ideal para ter relações sexuais

A qualidade do sêmen do homem é afetada pelo tempo de abstinência. A maioria dos estudos indica que o sêmen ideal, medido em termos de motilidade, morfologia e contagem total de espermatozoides, ocorre com um intervalo de dois ou três dias de abstinência ejaculatória. Ou seja, se o homem ejaculou hoje, o seu esperma estará novamente ideal daqui a 2 ou 3 dias. Após cinco dias sem ejacular, a qualidade do sêmen começa a cair. Portanto, as maiores taxas de gravidez ocorrem em casais que têm relações sexuais com intervalos de um ou dois dias.

Como aumentar as chances de engravidar?

Baseado no que foi explicado até agora, podemos concluir que a maior chance de engravidar ocorre se a relação sexual for realizada dentro de 48 horas antes da ovulação, estando o homem não mais do que 3 dias sem ter ejaculado.

Como nem sempre é fácil prever o dia da próxima ovulação, o mais aconselhável é que, assim que a menstruação for embora, o casal comece a ter 3 relações sexuais por semana, nunca com mais de 3 dias de intervalo entre elas. Se após 6 meses mantendo este esquema o casal não tiver conseguido estabelecer uma gravidez, a ajuda de um médico especializado em fertilidade pode ser necessária.

Calcule os melhores dias para ter relação caso deseje engravidar

Fatores que interferem com a fertilidade

Idade da mulher

A idade da mulher é um dos fatores com maior peso na fertilidade. Conforme podemos ver no gráfico anterior, as mulheres são mais férteis entre os 19 e 26 anos, época em que a chance de engravidar tendo relações sexuais no dia fértil é de 50%. Nas mulheres entre 27 e 34 anos a taxa de fertilidade é de 35 a 40%. Entre 35 e 40 anos a chance é de apenas 30% em cada ciclo e acima dos 40 anos a chance é menor que 20%.

A idade do homem tem uma influência menor. Somente quando a mulher já tem mais de 35 anos é que ter um homem pelo menos 5 anos mais velho torna-se um fator que contribui para infertilidade.

Se você tem mais de 35 anos, isso não significa que você não possa engravidar, mas o processo provavelmente será mais difícil e demorado do que se você tivesse menos de 30 anos. 2/3 das mulheres jovens conseguem ficar grávidas dentro do prazo de um ano, enquanto nas mulheres com mais de 40 anos, a taxa é de menos de 50%.

A probabilidade de engravidar segundo a idade e o tempo tentando é:

  • Mulheres de 30 anos: 75% em 1 ano, 91% em 4 anos.
  • Mulheres de 35 anos: 66% em 1 ano, 84% em 4 anos.
  • Mulheres de 40 anos: 44% em 1 ano, 64% em 4 anos.

Lubrificantes vaginais

O uso de alguns lubrificantes vaginais, tais como KY e Astroglide, inibem a motilidade dos espermatozoides e podem reduzir as chances de fecundação. Para casais com dificuldade em engravidar, sugere-se evitá-los.

Excesso de atividade física

A prática de exercícios físicos ajudam a melhorar a fertilidade, porém mulheres que fazem atividades intensas, como mais de 7 horas semanais de atividade aeróbica, apresentam uma maior taxa de infertilidade. Nos homens, a prática de atividades físcias não parece ter influência, exceto quando feito com bicicleta. Homens que ficam mais de 5 horas por semana sentados na bicicleta costumam apresentar uma qualidade pior do sêmen.

Estresse

O estresse é um fator importante. Nos casais mais velhos que têm pressa para ter o primeiro filho, a ansiedade gerada a cada vez que a menstruação desce, confirmando que não houve gravidez, provoca um efeito de bola de neve. A frustração gera mais estresse e ansiedade, que por sua vez diminui a chance de sucesso na fecundação.

Tabagismo

O fumo diminui as chances de gravidez, tanto do lado masculino, por diminuir a qualidade do sêmen, quanto do lado feminino, por diminuir a motilidade das trompas e por danificar os folículos ovarianos. O cigarro acelera o envelhecimento dos ovários, podendo antecipar a chegada da menopausa em até 4 anos.

Os efeitos danosos na qualidade do esperma e dos óvulos melhoram após um ano sem o consumo de cigarros.

Filhos e filhas de mulheres que fumaram durante a gravidez apresentam uma maior taxa de infertilidade na vida adulta por má qualidade dos espermatozoides e do ovário.

Para conhecer todos os malefícios do cigarro, leia: Cigarro – Como Parar de Fumar.

Peso corporal

Mulheres com índice de massa corporal (IMC) maior que 27 kg/m² apresentam ciclos anovulatórios (i.e. ciclos sem ovulação) com mais frequência. Do mesmo modo, a qualidade do sêmen masculino também encontra-se alterada nos homens com excesso de peso.

Magreza em excesso também diminui a fertilidade. IMC abaixo de 17 kg/m² reduz a chance de ovulação e piora a qualidade dos espermatozoides.

Para saber calcular o seu índice de massa corporal, leia: Calcule o seu peso ideal.

Consumo elevado de álcool

Consumo ocasional de álcool não parece influenciar na fertilidade do homem, mas consumidores frequentes, que bebem quase que diariamente, podem ter reduções na sua capacidade fértil. Os efeitos do álcool na fertilidade são mais evidentes no sexo feminino, por isso, nos casais com dificuldade em engravidar sugere-se que a mulher evite bebidas alcoólicas.

Fatores relacionados aos homens

Trabalhos recentes demostraram que o uso frequente de laptops no colo diminui a qualidade do sêmen do homem, podendo causar infertilidade. Este efeito parece não ser exclusivamente do calor, mas também das ondas de radiofrequência que a máquina emite. Há suspeitas de que celulares possam ter o mesmo efeito.

Ainda falando dos homens, cuecas apertadas também pioram a qualidade dos espermatozoides. Deve-se dar preferências às cuecas largas, do tipo boxers.

Dicas sobre fertilidade que são mitos

Pela internet é possível encontrar diversos mitos e diversas alegações pouco baseadas em evidências científicas sobre a fertilidade. Falarei resumidamente das mais comuns.

Posição durante e após o ato sexual

Não há comprovação científica de que a posição na qual se pratica o sexo tenha influência na taxa de fecundação. Ficar com as pernas para o alto ou qualquer outro tipo de posição ao final da relação sexual também não têm influência nenhuma. Nada indica que ocorra diminuição das chances de fecundação se a mulher retomar suas atividades diárias logo após o fim do coito.

Orgasmo

O fato da mulher ter tido ou não orgasmo não parece mudar a taxa de fertilidade.

Sexo oral

A saliva inibe a motilidade dos espermatozoides, por isso, em tese, o sexo oral antes da penetração poderia diminuir a chance de haver fecundação. Este dado, porém, nunca foi confirmado nos estudos.

Dieta

Quando o casal é saudável, ou seja, quando nem o homem, nem mulher apresentam deficiências nutritivas ou doença celíaca, por exemplo, o tipo de dieta que ambos consomem não apresenta influência relevante na fertilidade. Não há evidências que nos permitam dizer que um tipo de dieta (mediterrânea, vegetariana, a base de proteínas, rica em gorduras insaturadas, etc.) seja superior a outra.

É importante lembrar que todas as mulheres que estão planejam engravidar devem tomar suplementos de ácido fólico para reduzir o risco de defeitos na formação do tubo neural do feto (leia: Por que o ácido fólico é importante na gravidez?).

Café

Estudos mostram que a fertilidade da mulher não sofre influência do café quando o consumo deste se restringe a, no máximo, 200 mg por dia (cerca de 3 a 4 xícaras de café expresso).

Fertilidade após a primeira gravidez

Após uma primeira gravidez a chance de se conseguir engravidar de novo é maior, principalmente nos primeiros 6 ciclos menstruais após o retorno da menstruação. São comuns as histórias de casais que precisaram de tratamento para engravidar do primeiro filho, mas conseguiram ter o segundo por métodos naturais. Este aumento da fertilidade ocorre até mesmo nas mulheres que sofreram aborto na primeira gravidez.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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